sábado, maio 03, 2008

Ainda Lyle Rossiter

Outro ponto explicado pelo psicólogo em sua entrevista é que um doente mental adulto foi na infância educado em um ambiente indulgente, que não apontava o errado nem praticava a punição. Procurava uma outra passagem na Ética de Aristóteles quando me deparei com essa (o que me fez lembrar da entrevista):
"O homem auto-indulgente, como dissemos, não está pronto para se arrepender; pois ele age por escolha própria; mas o homem incontinente está aberto ao arrependimento. Isso é porque a posição não é como foi expressada na formulação do problema, mas o homem auto-indulgente é incurável e o incontinente curável; pois a maldade é como uma doença como a hidropisia ou tísica, enquanto a incontinência é como a epilepsia; a primeira é permanente, a segunda é um mal intermitente." (Ética a Nicômaco, livro VII, capítulo 8)

Platão, por sua vez, dizia que o homem quando pratica um ato mau deve ser castigado. Ele precisa ser castigado para o seu próprio bem.

Meu amigo Antonio Fernando Borges criticou a decisão judicial que obrigou hackers a escreverem resumos de obras de escritores brasileiros importantes como forma de punição. Com a devida vênia, Antonio, discordo de você. A intenção do juiz não é transformar as pessoas que praticaram o hackerismo em literatos, apenas puní-las. A decisão é inventiva, de certo que sim, mas não entendo como pode ser pior do que mandá-las para o xadrez ou mesmo obrigá-las a distribuir cestas básicas.

O direito penal é um dos maiores problemas do mundo. Nenhuma pena jamais será perfeitamente adequada ao ato punido. Nesse ponto, a fórmula clássica de justiça de Aristóteles, "dar a cada um o seu", encontra um obstáculo.

Ficarei grato se alguém quiser discutir o assunto.

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