quinta-feira, outubro 30, 2008

Quer saber mesmo o que é aborto?

Então veja as fotos de bebês abortados nos segundo e terceiro trimestres de gravidez. Se depois disso você falar do direito da mulher sobre o próprio corpo, bom, azar o seu.

A criança roubada

por William Butler Yeats

Para onde pende a montanha rochosa
De Slewth Wood no lago,
Ali repousa uma ilha frondosa
Onde garças vibrantes acordam
Os modorrentos ratos d’água;
Ali nós escondemos nossas caixas de fadas,
Cheias de bagas
E das mais rubras cerejas roubadas.
Vem embora, ó criança humana!
Para as águas e para o mundano
Com uma fada, de mãos dadas,
Pois mais do que tu podes compreender, o mundo é cheio de [lágrimas.

(...)

tradução minha

sexta-feira, outubro 24, 2008

Diálogo irreverente e relevante

--Filho, vai estudar, garoto. Tá demorando muito tempo em frente do videogeime.

--Ah, mãe, eu já dei uma olhada na matéria. A prova é só na sexta. Eu consigo fazer.

--Você sabe que precisa estudar mais, você está se dedicando pouco. Sabe o que pode acontecer, o que você vai ser se não tiver estudos?

--Ora, mãe. O Presidente Lula não estudou muito e é presidente.

--!!!!!

quinta-feira, outubro 16, 2008

O ÚNICO ASSASSINATO DE LIMA BARRETO

por José Carlos Zamboni

Rua Luís de Camões. O céu com um ar de
Chuva. Sozinho estou e abraço o chão,
Na noite vinda antes do fim da tarde.
Dona Morte abre as pernas? Quero e não...

Antes dissesse resoluto: sim!
Mendigo de mim mesmo, o que me sobra
Deposito nas mãos da minha Obra,
Que sai correndo com pavor de mim.

Grão-Duque russo tonto de cachaça,
Assombração dum padre jacobino,
Sou um pobre diabo — e chove. Um cão que passa

Ladra um soneto sobre o meu destino.
A custo me ergo... Mas quem vem lá adiante?
Dom Policarpo com seu Rocinante?

Você esteve sempre na minha mente



Elvis Presley, o Rei, cantando Always on my mind, uma das canções mais bonitas que existe e bastante blue, para falar a verdade.

quarta-feira, outubro 15, 2008

Gullarizar

Estranheza do Mundo

por Ferreira Gullar

Olho a árvore e indago:
está aí para quê?
O mundo é sem sentido
quanto mais vasto é.
Esta pedra esta folha
este mar sem tamanho
fecham-se em si, me
repelem.
Pervago em um mundo estranho.
Mas em meio à estranheza
do mundo, descubro
uma nova beleza
com que me deslumbro:
é teu doce sorriso
é tua pele macia
são teus olhos brilhando
é essa tua alegria.
Olho a árvore e já
não pergunto "para quê"?
A estranheza do mundo
se dissipa em você.

Intenção paradoxal

por Victor Frankl

A logoterapia baseia a sua técnica denominada "intenção paradoxal" no fato duplo de que o medo produz aquilo de que temos medo e de que a intenção excessiva impossibilita o que desejamos. Em alemão, descrevi a técnica da intenção paradoxal em 1939, e nesta abordagem o paciente que sofre de fobia é convidado a intencionar precisamente aquilo que teme, mesmo que apenas por um momento.

Vou lembrar um caso. Um jovem médico me consultou por causa do seu medo de transpirar. Sempre que ele esperava uma emissão de suor, esta ansiedade antecipatória já era suficiente para precipitar a transpiração excessiva. Com a finalidade de romper este círculo vicioso, aconselhei o paciente a que, quando voltasse essa transpiração, deliberadamente mostrasse às pessoas o quanto ele conseguia suar. Uma semana depois ele voltou, relatando que sempre que encontrava alguém que nele provocava ansiedade antecipatória, dizia para si mesmo: "Antes eu só conseguia suar meio litro, mas agora eu vou despejar pelo menos cinco litros!" O resultado foi, depois de sofrer desta fobia durante quatro anos, com uma única sessão ele foi capaz de se libertar da mesma permanentemente, em questão de uma semana.

O leitor perceberá que este procedimento consiste numa inversão da atitude do paciente, uma vez que seu temor é substituído por um desejo paradoxal. Através deste tratamento tira-se o vento das velas da ansiedade.

Semelhante procedimento, entretanto, precisa fazer uso da capacidade especificamente humana do auto-distanciamento, inerente a um certo senso de humor. Esta capacidade básica da pessoa distanciar-se de si mesma entra em ação sempre que se aplica a técnica logoterápica chamada "intenção paradoxal". Ao mesmo tempo, o paciente é capacitado a se colocar numa posição distanciada de sua própria neurose. Li uma afirmação coerente como esta, no livro The Individual and His Religion, de Gordon W. Allport: "O neurótico que, aprende a rir de si mesmo pode estar a caminho da autonomia (self management), talvez da cura." A intenção paradoxal é a validação empírica e aplicação clínica da afirmação de Allport.

Retirado do livro Em busca de sentido, parte II, capítulo Logoterapia como técnica. Você encontra o livro em formato eletrônico aqui.

Esboço de uma Teoria do Poder -- III

O Estado é a organização político-jurídica da sociedade. Sendo assim, o Estado é uma estrutura, ele não tem existência real, nem pode concretamente exercer o poder. Dizer que o Estado é um poder sobre o indivíduo ou um grupo social, é apenas uma maneira de dizer, uma metonímia, o importante é saber quem de fato exerce o poder.

Tal como o conhecemos hoje, o Estado é uma estrutura tripartite, nascido sobretudo das idéias iluministas de Montesquieu. Muitos comentaristas políticos caem no erro de pensar a política internacional em termos de Estado-nação ou Poder Nacional tão somente, escapando-lhes a atuação de forças cujos interesses não são necessariamente nacionais. O maior exemplo disso são os Partidos Comunistas, que além de atuar dentro de seus países, juntam forças no plano transnacional através das Internacionais Socialistas ou do Foro de São Paulo, para citar um caso próximo aos latino-americanos.

Ademais, grupos como o Conselho das Relações Exteriores nos EUA ou a Monarquia Britânica ultrapassam e moldam o Estado de uma nação, sendo que o primeiro pode até se contrapor aos interesses da nação onde tem origem. A Monarquia Britânica, como já foi explicado nesse sítio, tem interesses que perduram por gerações, e sem que se atente para essa peculiaridade não é possível compreender o exercício do poder britânico. As famílias tradicionais que formaram através dos séculos corporações financeiras cuja riqueza é incalculável constituíram centros de poder sem deixar seus negócios no mercado. A família mais poderosa do mundo, de origem judaica-européia, é a Rotschild. O Conselho das Relações Exteriores nos EUA foi formado por famílias americanas deste tipo.

Flaubert conta no romance Salammbo a anedota de dois mercenários que ao fim de uma guerra traçam planos para o seu futuro. Um deles pretende ter um pedaço de terra e um arado. O outro apenas mostra sua espada e diz: "Este é o meu arado."

Essa história mostra que o poder militar tem primazia sobre o econômico. De nada vale produzir se alguém roubar a sua produção. Sendo assim, o poder econômico só pode existir respaldado pelo poder militar. As próprias trocas comercias, quando ocorrem em larga escala, além é claro da confiança mínima que deve existir entre os negociantes, requerem o amparo legal, que nada mais é do que a imposição da força física sobre a parte que porventura decida descumprir o contrato.

Disse Camões:

"Diz-lhe que mande vir toda a fazenda
Vendíbil que trazia, para terra,
Para que, devagar, se troque e venda;
Que, quem não quer comércio, busca guerra.
Posto que os maus propósitos entenda
O Gama, que o danado peito encerra,
Consente, porque sabe por verdade
Que compra com a fazenda a liberdade."

(Os Lusíadas, Canto VIII, 92)

quinta-feira, outubro 09, 2008

Não deixe de ler

a série de artigos Pensamento mágico e bom senso no sítio Contra Impugnantes. Simplesmente sensacional.

Esboço de uma Teoria do Poder -- II

Antes de falar dos partidos políticos, cabe aqui fazer uma observação sobre os Poderes previstos na Constituição, quais sejam os Executivo, Legislativo e Judiciário. Eles são poderes nominais, os quais derivam da organização do Estado. Por si só eles não são poderes efetivos, mas atribuições destes. Para além dos poderes nominais ou funcionais, está quem os exerce e sobretudo quem os cria, delineia e mantém. O Legislativo não é um poder efetivo sobre a sociedade; a criação de leis é um dos atributos e funções possíveis que o poder efetivo tem, outra é a administração de pessoas. Repetindo, portanto, as funções de legislar, executar e julgar não são o poder em si, mas expressões deste.

Sendo assim, os partidos políticos exercem poder na medida em que delineiam a organização do Estado e difundem as idéias que serão incorporadas nas leis da Nação e aplicadas pelo governante. Os partidos políticos, enquanto difusores de idéias, estão obviamente submetidos a outro Poder, o do clero secular, sem o qual não teriam idéias para difundir. Como o leitor já deve ter percebido, os poderes efetivos se mesclam e se hierarquizam entre si, segundo o seu caráter intelectual, de força física ou econômico. O poder derivado do carisma só existe no indivíduo, mas mesmo assim pode servir de trampolim para a ascensão de um poder grupal. Exemplo patente disso é a relação entre o atual presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, homem de evidente carisma, e o Partido dos Trabalhadores, o qual sem ele estaria longe de usufruir do poder que ora possui.

Numa acepção política, o poder é a relação entre aquele que influencia e aquele que é influenciado.

(continua)

quarta-feira, outubro 08, 2008

Esboço de uma Teoria do Poder

São poderes efetivos na sociedade:

Impérios midiáticos
Sociedades Secretas
Liderança empresarial
Partidos Políticos
Intelectuais - Clero secular
Igrejas - Clero religioso
Exército

A Liderança empresarial exerce seu poder em conjunto através de organizações como a Firjan ou a Fiesp, ou individualmente, mediante lobby junto a congressistas e membros do Executivo.

Os Impérios Midiáticos são capazes de derrubar políticos e mudar de forma repentina ou mesmo ocultar a visão do público a respeito de um determinado fato. Talvez o exemplo mais forte do exercício desse poder é a frase do presidente norte-americano Johnson, que disse que a América não poderia perder o apoio a guerra no Vietnã do âncora de telejornal Walter Cronkite. A imprensa americana criou uma imagem de que a guerra estava perdida quando na verdade ela fora vencida. A Ofensiva do Tet foi um fracasso, mas as imagens de vietcongues tentando invadir a embaixada americana foram expostas ao público como sinal de uma situação militar desesperadora, o que não era verdade.

As Sociedades Secretas criam uma série de símbolos praticamente só conhecidos pelos integrantes das Sociedades, com exceção da mais famosa delas, a Maçonaria, cujos ritos são relativamente conhecidos por pessoas de fora da organização. Os membros das sociedades secretas se protegem entre si. Seu poder não é tão forte como querem fazer crer alguns, porém é efetivo.

Os intelectuais, a quem chamo de clero secular, e a Igreja, ou o clero religioso, criam as idéias, conceitos, imaginação popular e sons com que as pessoas pensam. Incluem-se entre os intelectuais jornalistas tarimbados, professores universitários e extra-universitários, escritores, poetas, músicos e artistas criadores em geral. Até esse escriba pertence ao clero secular, ainda que não tenha tanta influência. O clero religioso é formado por toda a sorte de membros da hierarquia das Igrejas, sendo os mais proeminentes o Papa, bispos, cardeais e padres, no caso da Igreja Católica Romana e os pastores em se tratando das Igrejas Protestantes. Estas são as autoridades religiosas mais poderosas no Brasil, embora haja outras.

Os Partidos Políticos...

(continua)

segunda-feira, outubro 06, 2008

Leibniz recomenda

Sobre esse post no sítio gropius, gostaria de dizer que o eleitor que não tem um candidato em quem votaria com certeza de escolha, deve procurar o bem possível, ou seja, dentro das alternativas que possui, escolher a melhor. É isso que fazemos a todo momento nas nossas vidas. É muito difícil mesmo que haja um candidato que nos agrade de verdade, e até mesmo o eleitor de países onde partidos de direita e esquerda existem para valer, como nos EUA, Espanha e Reino Unido, costuma ter que escolher conforme a oportunidade da eleição. Portanto, deixemos de lado aquela terrível ideologização que nos amargura e escolhamos o bem possível. Leibniz, o filósofo que acreditava ser este o melhor mundo possível, recomendaria isso.

O Incriado, por Vinícius de Moraes

(...)

De nada vale ao homem a pura compreensão de todas as coisas
Se êle tem algemas que o impedem de levantar os braços para o alto
De nada valem ao homem os bons sentimentos se êle descansa nos
[sentimentos maus
No teu puríssimo regaço eu nunca estarei, Senhora...

(...)