quarta-feira, dezembro 31, 2008

Dance!

"Louvada seja a dança
porque ela liberta o homem do peso das coisas materiais
e une os solitários para formar sociedade.

Louvada seja a dança, que tudo exige, e fortalece a saúde, uma mente serena e uma alma encantada.

A dança significa transformar o espaço, o tempo, e o homem,
que sempre corre perigo de se perder, ser ou somente cérebro,
ou só vontade ou só sentimento.

A dança porém exige o ser humano inteiro, ancorado no seu centro, e que não conhece a vontade de dominar gente e coisas, e que não sente a obsessão de estar perdido no seu próprio ego.

A dança exige o homem livre e aberto, vibrando na harmonia de todas as forças.

Ó homem, ó mulher, aprenda a dançar senão os anjos no céu
não saberão o que fazer contigo."

Santo Agostinho (354-430)


Tenham um bom ano novo. Não deixem de dançar no próximo ano.

Ps: Créditos para Érico e Rachel, professores de dança.

segunda-feira, dezembro 29, 2008

Dica de filme

Se eu fosse você 2 segue a receita do primeiro filme. Glória Pires e Toni Ramos trocam de lugar um com o outro quando pronunciam a expressão que é o título do filme. Nessa continuação, os ingredientes são a gravidez da filha e uma tentativa (frustrada, não preciso dizer) de divórcio. O casal se verá em apuros para manter a reputação estando um no corpo do outro. Como pai de Olavinho, o namorado da filha, Chico Anysio está impagável. A direção cabe a Daniel Filho. Se eu fosse você 2 é leve, tipo de filme que o Brasil poderia fazer mais. Melhor do que muita comediazinha romântica americana.

domingo, dezembro 21, 2008

As Razões da (minha) Fé

por Stella Caymmi

Muitas vezes me perguntei como uma pessoa de fé poderia explicá-la para uma pessoa sem fé. Certa vez, já não me lembro quando, mas há muito tempo atrás, eu ainda era bem jovem, passando de carro pela Lagoa Rodrigo de Freitas em direção ao Leblon, eu pensava, não só olhando para o belo conjunto do espelho d'água e montanhas ao fundo, mas também para os edifícios que se enfileiravam ante meus olhos, que a vida não poderia ser só isto. “Só isto” eu entendia como aquela realidade vivida. Não podia ser só isto. Eu percebia na beleza das coisas algo tão especial que sobrava, que não se esgotava naquilo que eu tinha diante de mim, mas, ao contrário, apontava para algo maior, infinitamente maior. Percebia também a grandeza do que era ser humano e poder ser sujeito desta contemplação.

Não é possível ter fé sem esperança. Há no ato de fé um otimismo muito próprio que aponta para o futuro, pois nada no presente parece ou pode sustentá-la. Me parece que longe de ser uma deficiência da fé sua incomunicabilidade, reside nisso sua maior e especial característica. A fé é individual, ainda que todos os que crêem creiam no mesmo Deus e na mesma Verdade. Deus é Uno e a Verdade é uma só. Mas a fé é incomunicável porque ela é pessoal, uma escolha do sujeito na sua individualidade, com todo o seu ser. Por isso ela é intransferível. Pode-se dar testemunho de fé, mas ela só é reconhecida por aqueles que aceitam a aventura solitária da fé. Existem tantas “fés” quanto pessoas, porque Deus fala conosco segundo nossa individualidade. Como Cristo acampou entre nós, o Espírito Santo faz morada no centro do nosso ser e se comunica conosco na nossa linguagem. Ele nos fala mais e melhor do que nós mesmos porque é do centro de nós que ele se faz presente e se oferece como mediador entre nossa vida terrena e nossa vida futura no céu. O único preço é desistirmos de sermos guiados pela força do nosso ego que é egoísta por natureza e que muitas vezes nos impede de enxergar as verdades fundamentais. Assim como necessitamos do sol para viver, precisamos do Espírito para nascer em Cristo, viver em Cristo, crescer em Cristo, morrer em Cristo e, finalmente, ressuscitarmos em Cristo.

Se temos fé é porque vemos em alguma medida a realidade à nossa volta tal como Cristo a vê. Se temos fé é porque Cristo habita em nós. E Cristo vem a nós se abandonamos a fé estéril, a pseudo fé, que temos em nós mesmos. É preciso esvaziar-se. A Fé se baseia em evidências invisíveis que não se apóiam em sentimentos ou certezas. Mas é algo que se impõe com a força da presença de uma rocha. O Senhor é minha rocha, meu Deus em quem eu confio. A evidência mais forte é aquela que nos diz que o que nos sustenta está fora de nós, é maior que nós. Que há algo que existia antes da minha existência e que existirá depois que eu partir, algo de uma grandeza avassaladora que apequena minh'alma e para a qual eu tendo, como na imagem da videira, porque sem ela não sei viver. Se houver sinceridade no coração essa evidência bastará. A Fé me move para Cristo porque é seu sangue que me sustenta para a vida eterna. Como se eu estivesse em coma e a única coisa que me mantém viva e em condições de Esperar é o sangue do Ressuscitado. E com ele ressuscitarei.

segunda-feira, dezembro 15, 2008

Alexandrinos natalinos

Pelo arcanjo Gabriel foi anunciado
para o ventre da menina, que o recebeu.
José, muito aborrecido, permaneceu,
porém o arcanjo em sonho tirou-lhe o danado.

Foi a menina dá-lo a conhecer a prima,
o menino já era sabido de Isabel.
Ao se encontrarem João e Jesus, o céu
exclamou: "São os meninos que a terra animam."

Porém em Nazaré não puderam ficar
os pais do menino; Cesar queria o censo.
José, consigo levando Maria tenso,
à cidade de Davi não logra chegar.

Os dois terão que parar numa estrebaria.
É ali que o Mistério nascerá para o mundo.
O Filho de Deus tornado homem, pelos fundos
de um rochedo, dará início à sua travessia.

sábado, dezembro 13, 2008

A arte no Brasil

Num país que falta tanta coisa, faltam em primeiro lugar grandes homens, e os grandes homens precisam de beleza.

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Dines sobre o acordo da Santa Sé com o Brasil

O renomado jornalista Alberto Dines dedicou o programa Observatório da Imprensa do dia 25 de Novembro ao tratado celebrado entre o Vaticano e o Brasil em viagem de Lula ao Estado Católico no começo de Novembro. Segundo Dines, a grande imprensa comeu mosca por não noticiar o tratado. A discussão do programa se deu em torno da laicidade da República Brasileira e da separação entre Igreja e Estado.

O conteúdo do tratado não confere em um momento sequer privilégios à Igreja Católica. Basta lê-lo para saber disso. Sendo assim, o único propósito do tratado só pode ser a ratificação dos direitos religiosos que já existem. É de se supor o interesse dos católicos romanos pelo tratado porque a Igreja Católica Brasileira sofre derrotas atrás de derrotas no âmbito jurídico. O tratado apenas impede a possibilidade de uma discriminação injusta, ao invés, como parecia pelo discurso do programa, de conferir privilégios à Igreja Romana.

Agora, Alberto Dines, jornalista tarimbado, seria justo também que você tivesse comentado sobre a "barriga coletiva," como você chamou a ausência da notícia do tratado na grande imprensa brasileira, no caso do Foro de São Paulo, o qual foi escondido do público brasileiro durante quinze anos pela grande imprensa e por observadores da grande imprensa como você.