segunda-feira, agosto 30, 2010

"If what you ask has spiritual value,
I will give you all that you ask.
For I desire you to have all you need
though I cannot give all you want,
Until all you want is what I want for you."

(Horn, Merritt. The Call of the Spirit)

"Se o que pedes tem valor espiritual,
Dar-te-ei tudo que pedires.
Porque desejo que tenhas tudo que precises
embora não possa dar-te tudo que queiras,
Até quando tudo o que queiras é o que quero para ti."

Tradução minha.

terça-feira, agosto 24, 2010

Marina Silva é íntegra. Ela pode estar pronta, o seu partido é que ainda está, por assim dizer, verde.

No debate promovido pelo canal Canção Nova, da Igreja Católica, gastou o latim. Lamento que um de seus momentos felizes, quando disse que rotular as pessoas é uma maneira de se afastá-las de um debate, e que, como numa igreja, dentro de um partido há pessoas boas, pessoas mais ou menos, e pessoas difíceis, momento em que chegou a ser aplaudida, não foi disponibilizado em vídeo pela emissora de TV. Abaixo, a partir do oitavo minuto, ela diz como o político pode ser a favor da vida e respeitar o procedimento democrático, e, citando Cristo Jesus, que os cristãos podem ser contra a prática homossexual mas não devem discriminar injustamente homossexuais, o que, ressalva, padres e pastores não fazem.

sexta-feira, agosto 20, 2010

Lirilizando a política

"Embora chames burguesa,
ó poeta moderno, à rosa,
não lhes tira a beleza.

A tua sanha imprevista
contra a vítima formosa,
é um mero ponto de vista.

Pode a sanha ser moderna,
pode ser louvada, a glosa:
mas sendo a Beleza eterna,

que vos julgue o Tempo sábio:
entre os espinhos, a rosa,
entre as palavras, teu lábio.

(Meirelles, Cecília. Metal Rosicler, 35)

......

"Eu nada entendo da questão social.
Eu faço parte dela, simplesmente...
E sei apenas do meu próprio mal,
Que não é bem o mal de toda a gente,

Nem é deste Planeta... Por sinal
Que o mundo se lhe mostra indiferente!
E o meu anjo da Guarda, ele somente,
É quem lê os meus versos afinal...

E enquanto o mundo em torno se esbarronda,
Vivo regendo estranhas contradanças
No meu vago País de Trebizonda...

Entre os Loucos, os Mortos e as Crianças,
É lá que eu canto, numa eterna ronda,
nossos comuns desejos e esperanças!...

(Quintana, Mario. A Rua dos Cataventos, IV)

segunda-feira, agosto 09, 2010

Cícero sobre o estudo

"Ainda quanto a ti, meu filho Marco, que naquele ano freqüentaste Crátipo, na própria Atenas considera-se preciso abundar em preceitos e pelos institutos de filosofia em busca de apogeu e da autoridade de doutor e da cidade, capaz de progredir na ciência de um, e outros exemplos ainda, entretanto, para a minha utilidade, sempre conjugo as idéias latinas com as gregas, tampouco fico apenas com a filosofia, além de me exercitar com discurso, realizei-os, igualmente para teu proveito, julgo para fazer, que tenhas igual habilidade em qualquer discurso. E no que deveras nos toca, como somos vistos, prestamos grande ajuda a nossos próximos, não como na maneira rude dos livros gregos; que os doutores, entretanto, em alguma medida se justifiquem para adeptos e para quem se deva falar e expor considerações.

Quão vantajosamente estudas ao menos sobre o principal da geração dos filósofos e estudas durante muito tempo o que queres; no entanto, deverás querer muito durante este longo tempo, até o ponto em que conquanto avances não será o bastante. Todavia, nossos escolhidos não dissentem muito dos peripatéticos, porque tanto os socráticos quanto os platônicos devem ser queridos, faz uso no teu julgamento das próprias coisas -- nada o impede deveras --, proferirás com êxito discurso na língua latina para nossos leitores satisfeitos. Que eu não queira superestimar-me deveras. A seu turno, não se concede a muitos a ciência de filosofar, sejas consagrado ao que é próprio da oratória, apto, distinto e ornamentado, uma vez que pelo estudo se atravessa a vida inteira, se para mim o assumo, sou considerado em meu dever apto de alguma maneira a reivindicá-lo."

-- Cícero, em De Officiis, ou Dos Deveres, tradução minha, com revisão de José Serrano.

sexta-feira, agosto 06, 2010

No debate presidencial de ontem, o candidato Plínio, não o Salgado mas Sampaio, perguntou a outros candidatos o que eles pensavam a respeito de limitar o tamanho das propriedades. Nenhum dos adversários respondeu a contento, apenas usaram evasivas dizendo que o Brasil é um país muito grande, ou que é prudente respeitar as diferenças regionais, ou então "é melhor não arranjar sarna para se coçar" (José Serra, como você deseja ser presidente da República sem valer-se de princípios e ideais, que os homens amam e os movem, apenas tratando de questões operacionais dentro de um "debate de idéias"?). O candidato Plínio saiu-se então triunfante, dizendo que seus adversários eram a favor do latifúndio.

Tanto Dilma Roussef quanto José Serra deveriam ter-lhe respondido que o preço da carne no supermercado custa R$10,00 o quilo, porque o agronegócio alcançou níveis impressionantes de produtividade. O brasileiro pode adquirir alimentos por um preço relativamente baixo porque o latifúndio consegue produzí-los.

Algumas palavras-mantras inibem e envergonham o pensamento humano. No caso brasileiro, evoca-se latifúndio para imantar o pensamento numa irrealidade carregada de pseudo-significados, a respeito da qual supõe-se que se deva ter uma "atitude". Ora, quem é a favor do latifúndio é mal, não é verdade? Mas se o latifúndio for produtivo e alimentar a população brasileira, não parecerá ser tão ruim assim.

O pensamento ideológico pode fazer uma mixórdia de significados em palavras esvaziadas de sentido, "tubos vazios onde cada um coloca o que quer", assim Pirandello entendia o fascismo. Às vezes, no entanto, sequer se lhes pode colocar o que quer, porque a corrupção de significado já se implementou e direcionou de tal maneira que à mente humana resta ou aderir a ela, ou, o que aqui tento fazer, buscar decodificá-la, mostrando que o rei está nu.

Uma hora os conceitos precisam descer de seu "palácio matemático" para beber da água da vida.

quinta-feira, agosto 05, 2010

Tive um instrutor, enganado, que acreditava que ética, disciplina que ministrava, era sinônimo de revoltar-se com as injustiças do mundo. Ética, na realidade, é querer o bem ao próximo, e cuidar de querer os maiores valores.

Lá atrás, quando Moisés repassou os mandamentos para o povo hebreu, qual era o primeiro? "Amar a Deus sobre todas as coisas". Indignar-se com uma injustiça pode ser importante, desde que o sentimento se subordine a um dever para com a presença do Pai.