sábado, maio 29, 2010

A moral da espada e a despedida de McArthur

"(...) A paz jamais deverá ser ou conseguirá ser permanente no planeta, a não ser que os estados pacificamente organizados preservem alguns dos antigos elementos da disciplina militar. Uma economia de paz seguramente exitosa não pode ser uma simples economia do prazer. No futuro em maior ou menor grau socialista em direção ao qual a humanidade parece se dirigir, ainda precisamos nos submeter coletivamente àquelas severidades que respondem à nossa real posição neste planeta apenas parcialmente hospitaleiro. Precisamos fazer com que novas energias e dificuldades continuem a virilidade à qual a mente militar tão fielmente se presta. As virtudes marciais devem ser o cimento duradouro; intrepidez, desprezo pela moleza, abandono dos interesses particulares, obediência ao comando, devem permanecer como a pedra sobre a qual os estados são construídos. (...)" (James, William. The Moral Equivalent of War, tradução minha)

Selecionei e traduzi as passagens de um discurso do general norte-americano McArthur se despedindo do serviço militar. Ele foi o general que comandou o Japão no pós-guerra, realizando um trabalho que deixou saudade. Escolhi a epígrafe acima para dizer que as virtudes marcias devem sempre ser contempladas, porque são virtudes. Um planeta sem guerras não existirá pelo incentivo ao tipo de homem que Arnold Schwarzenegger chamou de "girly-man". Antes, as virtudes marciais podem ser trabalhadas em outros projetos que não exatamente os militares. O serviço desinteressado e a honra são satisfeitos numa escola de escoteiros ou numa missão para ensinar saneamento básico nos confins da Amazônia, por exemplo.

Cada parágrago em português será seguido do original em inglês.

"Dever, Honra, Pátria: estas três palavras sagradas ditam de modo reverente o que você deve ser, o que você pode ser, o que você será. Elas são o vosso ponto para reunião de forças: construir a coragem quando ela parece falhar; renovar a fé quando parece haver pouco motivo para isto; criar esperança quando a esperança fica abandonada. Infelizmente, eu não possuo nem essa eloqüência de dicção, nem a poesia da imaginação, ou o brilho da metáfora para dizer-lhes o que significam.

Duty, Honor, Country: Those three hallowed words reverently dictate what you ought to be, what you can be, what you will be. They are your rallying points: to build courage when courage seems to fail; to regain faith when there seems to be little cause for faith; to create hope when hope becomes forlorn. Unhappily, I possess neither that eloquence of diction, that poetry of imagination, nor that brilliance of metaphor to tell you all that they mean.

Os céticos dirão que se trata apenas de palavras, de um slogan, de uma frase vistosa. Todo pedante, todo demagogo, todo cínico, todo hipócrita, todo criador de problemas, e, desculpem-me dizê-lo, alguns outros de um caráter totalmente distinto, tentarão rebaixá-las até o nível da zombaria e do ridículo.

The unbelievers will say they are but words, but a slogan, but a flamboyant phrase. Every pedant, every demagogue, every cynic, every hypocrite, every troublemaker, and, I am sorry to say, some others of an entirely different character, will try to downgrade them even to the extent of mockery and ridicule.

Mas estas são algumas das coisas que as palavras fazem. Elas formam seu caráter básico. Elas vos moldam para suas funções futuras como guardiões da defesa da nação. Elas o tornam forte o bastante para saber quando se está fraco, e valente o bastante para ver o próprio rosto quando você está com medo.

But these are some of the things they do. They build your basic character. They mold you for your future roles as the custodians of the nation's defense. They make you strong enough to know when you are weak, and brave enough to face yourself when you are afraid.

Elas o ensinam a ficar orgulhoso, tranqüilo e firme no fracasso honesto, porém humilde e gentil no êxito; a não substituir palavras por ação; a não buscar o rumo do conforto, mas enfrentar o desgaste e instigar-se com a dificuldade e o desafio; a se levantar na tormenta, mas a ter compaixão pelos que caem; a se dominar antes de querer dominar os outros; a ter um coração limpo e um objetivo alto; a aprender a rir, sem todavia esquecer como chorar; a alcançar o futuro, sem negligenciar o passado; a ser sério, sem entretanto se levar tão a sério; a ser modesto para lembrar a simplicidade da verdadeira grandeza, a mente aberta da verdadeira sabedoria, a brandura da força verdadeira.

They teach you to be proud and unbending in honest failure, but humble and gentle in success; not to substitute words for action; not to seek the path of comfort, but to face the stress and spur of difficulty and challenge; to learn to stand up in the storm, but to have compassion on those who fall; to master yourself before you seek to master others; to have a heart that is clean, a goal that is high; to learn to laugh, yet never forget how to weep; to reach into the future, yet never neglect the past; to be serious, yet never take yourself too seriously; to be modest so that you will remember the simplicity of true greatness; the open mind of true wisdom, the meekness of true strength.

Elas te dão uma vontade temperada, uma qualidade de imaginação, um vigor de emoções, um frescor das primaveras profundas da vida, uma predominância temperamental da coragem sobre a timidez, um apetite pela aventura ao invés do amor à preguiça. Elas criam em seu coração o senso para se maravilhar, a esperança infalível sobre o que vem em seguida, e a alegria e inspiração da vida. Elas te ensinam dessa maneira a ser um oficial e um cavalheiro.

They give you a temperate will, a quality of imagination, a vigor of the emotions, a freshness of the deep springs of life, a temperamental predominance of courage over timidity, an appetite for adventure over love of ease. They create in your heart the sense of wonder, the unfailing hope of what next, and the joy and inspiration of life. They teach you in this way to be an officer and a gentleman."

domingo, maio 23, 2010

Moral revelada e filosofada

"A virtude é retidão -- conformidade com o cosmo. Dar nome às virtudes não é definí-las; vivê-las, no entanto, é conhecê-las. A virtude não é mero conhecimento, nem mesmo sabedoria, mas antes, é realidade, de experiência progressiva, durante o alcançar dos níveis ascendentes da realização cósmica. No dia-a-dia da vida do homem mortal, a virtude é ealizada pela preferência consistente do bem ao mal, e tal capacidade de escolha é a evidência da posse de uma natureza moral.
A escolha feita pelo homem, entre o bem e o mal, é influenciada não apenas pela acuidade de sua natureza moral, mas também por forças, tais como a ignorância, imaturidade e ilusão. Um certo senso de proporção também está envolvido no exercício da virtude, porque o mal pode ser perpetrado quando o menor é preferido ao maior, em conseqüência de distorção ou engano. A arte de estimar relativamente, ou de medida comparativa, entra na prática das virtudes do âmbito moral.

A natureza moral do homem seria impotente sem a arte da medida, da discriminação incorporada à capacidade de escrutinar os significados. Do mesmo modo, a escolha moral seria mera futilidade, sem aquela clarividência cósmica que produz a consciência dos valores espirituais. Do ponto de vista da inteligência, o homem ascende ao nível de ente moral por ser dotado de personalidade.

A moralidade nunca pode ser promovida pela lei nem pela força. É uma questão da personalidade e do livre-arbítrio, e deve ser disseminada pelo contágio, a partir do contato das pessoas moralmente atraentes com aquelas que são menos responsáveis moralmente, mas que, em alguma medida, também estão desejosas de cumprir a vonta de Pai." (Livro de Urântia, documento 16, seção 7, p. 193)

"Não investigamos para saber o que é a virtude, mas a fim de nos tornarmos bons, do contrário o nosso estudo seria inútil." (Aristóteles, Ética a Nicômaco, livro II, 2)

"A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha e consistente numa mediania, isto é, a mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado de sabedoria prática. E é um meio-termo entre dois vícios, um por excesso e outro por falta; pois que, enquanto os vícios ou vão muito longe ou ficam aquém do que é conveniente no tocante às ações e paixões, a virtude encontra e escolhe o meio-termo. E assim, no que toca à sua substância e à definição que lhe estabelece a essência, a virtude é uma mediania; com referência ao sumo bem e ao mais justo, é, porém, um extremo." (Aristóteles, Ética a Nicômaco, livro II, 6)

"(...) Isso não é fácil de determinar pelo raciocínio, como tudo que seja percebido pelos sentidos; tais coisas dependem de circunstâncias particulares, e quem decide é a percepção.
Fica bem claro, pois, que em todas as coisas o meio-termo é digno de ser louvado, mas que às vezes devemos inclinar-nos para o excesso e outras vezes para a deficiência. Efetivamente, essa é a maneira mais fácil de atingir o meio-termo e o que é certo." (Aristóteles, Ética a Nicômaco, livro II, 9)

sábado, maio 22, 2010

O direito da criança adotável a ter o melhor pai

Qualquer discussão sobre a adoção de crianças deve começar pelo princípio, "first things first", e o princípio está no título acima.

Não há um direito de homossexuais a adotarem crianças. Dadas as circunstâncias, não obstante, o melhor para a criança poderá ser a adoção por homossexuais, porque na falta de um casal heterossexual, o que é a melhor solução para si, a adoção homossexual pode ser sua opção. Neste caso, ter um pai homossexual pode ser melhor do que não ter pai algum.

Um juiz deverá ouvir as dificuldades que a criação por homossexuais pode acarretar, e, considerando as opções que a criança tem, decidir sobre sua adoção conforme lhe seja melhor.

quarta-feira, maio 12, 2010

"A prece é a escada misteriosa de Jacó: por ela sobem os pensamentos ao céu; por ela descem as divinas consolações."

Machado de Assis, em Helena, cap. XIII.