terça-feira, dezembro 08, 2009

A Tarde do mundo

por Ângelo Monteiro

Teci-me de sombras para a tarde
me estender sobre as mais pobres coisas.
Tarde sem Vésper e véspera,
em que nada se espera
nem mesmo a lua má anunciada.
Tarde, ó tarde, ó tarde sem mais volta
não preparas nem o ocaso do Sonho
nem o acaso da morte.
Entretanto estou em ti, postiça tarde.
Estou para perder o já perdido
estou para encontrar o fogo que não arde
não me perco de ti, postiça tarde.
Tarde perdida em si, sem ânsia de morrer
nem de viver na lua que surgir.
Tarde de um mundo morto, tarde sem lua perto
que ilumine em cada coisa o seu deserto.
Tarde sem alma e homem, tarde jamais ferida
pela centelha do morrer da vida.
tarde de um tempo inteiramente cego: tarde que eu nego.

Do livro As Armadilhas da Luz.

...

Urca e Tango Jalousie, por Sergio Lemos

I

Memória do assoalho, a tarde-pântano,
exalada de tábuas, rodapés.
Laivos da noite, rápido, esquivando-se
embrulhados na luz da tarde-mel.

Pelos vidros de cor, pé-ante-pé,
a poeira luminosa ia avançando.
Oh a tarde de laranjas bocejando,
papel de pão, as moscas, o café.

E a década sinistra de quarenta
vinha doce, tranqüila, sonolenta
como um gato lambendo nossa mão.

Vila Isabel -- o rádio era criança.
A Shirley Temple. Ocupada a França.
E os vidros de merengue com limão.

Do livro A Luz no Caleidoscópio



...

por Daniel H. Lourenço

O universo imóvel na tarde quente,
sinérgicos lemos uma folha farfalhar
na árvore da avenida Portugal.
O vento assobia como se estivesse piscando para a gente,
lá fora da sombra, entretanto,

é um mundo frugal.

Ao entardecer, a brisa do mar traz moedas e conchas
onde disfarço os ouvidos para escutar o tao.

sábado, dezembro 05, 2009

E ainda sobre o materialismo...

"Para o materialista descrente, o homem é simplesmente um acidente evolucionário. As suas esperanças de sobrevivência estão ligadas a uma ficção que é da sua imaginação mortal; os seus medos, amores, aspirações e crenças não são senão a reação de uma justaposição incidental de certos átomos de matéria sem vida. Nenhum aparato de energia, nenhuma expressão de confiança pode transportá-lo depois do túmulo. As obras devocionais e o gênio inspirado dos melhores dos homens estão condenados a ficar extintos pela morte, pela noite longa e solitária do esquecimento eterno e da extinção da alma. O desespero sem nome é a única recompensa por viver e labutar sob o sol temporal da existência mortal. A cada dia a vida, vagarosa mas certamente, aperta mais a sua garra de condenação sem piedade, a qual um universo material hostil e implacável decretou fosse o insulto que coroa a tudo aquilo que é belo, nobre, elevado e bom nos desejos humanos.


Contudo, não é esse o fim, nem o destino eterno do homem; essa visão não é senão o grito de desespero proferido por alguma alma errante que ficou perdida nas trevas espirituais, e que bravamente continua lutando dentro dos sofismas mecanicistas de uma filosofia materialista, cega pela desordem e pelas deformações de uma erudição tornada complexa. E toda essa condenação às trevas e todo esse destino de desespero ficam, para sempre, dissipados por um esforço valente de fé da parte do mais humilde e iletrado entre os filhos de Deus sobre a Terra.


Essa fé salvadora tem o seu nascimento no coração humano, quando a consciência moral do homem compreende que os valores humanos podem ser transladados do material para o espiritual, na experiência mortal, do humano até o divino, do tempo até a eternidade." (Livro de Urântia, documento 102, Os fundamentos da fé religiosa)

Materialismo e o ato de conhecimento

Em 'Sabedoria dos Princípios', Mário Ferreira dos Santos escreve sobre o materialismo, compreensão filosófica estranha à sua:

"Lenine escreveu algumas obras de filosofia, e que tiveram repercussão entre os partidários das suas doutrinas, e, também, certa influência sobre elementos de outros setores. Instado constantemente, para que definisse claramente em que consistia o "seu materialismo", já que o exposto por Engels confundia-se com o materialismo vulgar, em seu "Materialismo e e Empririocriticismo", Lenine, com bastante brilho, definiu muito claramente a sua posição do ângulo gnoseológico, que pode esclarecer-se como definitiva: "Materialismo é aquela posição que admite sempre a anterioridade do objeto sobre o sujeito" (grifo meu).

É uma posição, em suma, do ângulo gnoseológico, que nos coloca em face do mundo como apenas uma tábula rasa, que capta os fantasmas*, e sobre ele construirá as suas generalidades.

(...)

(...) convém estabelecer uma distinção muito acertada e necessária quanto à independência do conhecimento, das impressões sensoriais, a saber: a distinção entre uma independência causal de origem, independência lógica de constituição. Assim as idéias inatas de Platão possuíam uma completa independência lógica, porque a estrutura lógica das idéias eternas não pode ser tirada da percepção das coisas contingentes, que só têm função de lembrar a respectiva idéia preexistente na mente. Mas a necessidade de tal lembrança, a anamnésis, constitui a dependência causal quanto à atualização da consciência ou, em termos platônicos, da memória.

(...)

(...) Sempre foi considerado óbvio que a totalidade dos conhecimentos que o indivíduo possui, mesmo que inteiramente devido à experiência, de certo modo não é devido só à experiência desse indivíduo.

(...)

A verdadeira posição que se pode tomar aqui é, dentre as três possíveis: 1) a anterioridade total do objeto sobre o sujeito; 2) a anterioridade total do sujeito sobre o objeto e, 3) a anterioridade parcial do sujeito e do objeto, que seria a posição partim-partim (parte-parte), (...) à qual nos filiamos e defendemos.""

*Nota minha: Os fantasmas são os objetos materiais que estimulam os nossos sentidos exteriores.

......

O sujeito receberia, por assim dizer, duas informações: uma, aquela que é emitida pelo próprio objeto, e outra, que lhe é transmitida pelas regras eternas, as quais são os "modos pelos quais nossa mente conhece e julga que tal ou qual coisa não pode ser de maneira outra da que é." Na linguagem de Boaventura de Bagnoregio, pela cointuição com a luz sapiencial, além de ser apenas regidos pelos princípios eternos, podemos inclusive vir a captá-los. Nesta possibilidade, os princípios eternos são a uma só vez objeto e regradores do ato de conhecer. "A sapiência é esta capacidade de captar os primeiros princípios."

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Se Lula tentou ou não estuprar João Batista dos Santos

Parece que Lula não tentou estuprar João Batista dos Santos.

1. Pois Paulo de Tarso Santos não confirmou que Lula dissera que estuprou uma pessoa quando esteve na cadeia.
2. Ademais, o próprio Lula disse que se trata de uma "loucura".
3. E além disso, centrais sindicais fizeram um manifesto contra o jornal que deu a notícia do fato.

Mas, em contrário, João Batista dos Santos informou que tudo não passa de um mar de lama e que, devido à sua religião, não pode mentir.

Solução. João Batista dos Santos respondeu que não iria mentir. De maneira que, acreditando-se em seu testemunho de fé, e seguindo o raciocínio feito por Azevedo, das duas uma: ou Lula de fato tentou estuprar João, que pode, sem prejuízo de sua crença religiosa, afirmar que tentaram violá-lo, ou Lula não o estuprou, e João pode afirmar com a consicência limpa que o fato jamais aconteceu, tudo não passando de distúrbios da mente de um psicopata. Ora, a segunda opção seria mais reconfortante para João. Ele esclareceria que jamais tentaram estuprá-lo, e diminuiria o constrangimento que foi obrigado a passar por causa de uma história inventada. De tal sorte que, tendo-se negado a comentar o assunto, fazendo porém a ressalva de que não pode mentir, João sinalizou que de fato a história era verdadeira, mas que não iria comentá-la porque, aqui completamos seu entendimento, ter sofrido uma tentativa de estupro é uma situação deveras desconfortável, sobre a qual talvez não se deseje que estranhos tomem conhecimento, mormente quando este fato pode ter repercussões que envolvem inclusive o impedimento de um Presidente de uma República. Portanto, a atitude de João Batista dos Santos indica que Lula provavelmente tentou estuprá-lo.

Donde a resposta à primeira objeção. Paulo de Tarso Santos não confirmou menção à tentativa de estupro, mas o cineasta Silvio Tendler, também presente à reunião, afirma que Lula o disse, ressalvando porém que não passou de uma troça. Os colegas de cela de Lula, além de João, confirmam que havia um rapaz pertencente ao movimento de emancipação do proletariado (MEP) na cela, João.

Resposta à segunda. É um princípio do direito penal, que um acusado não é obrigado a dizer a verdade sobre a acusação que lhe é feita. Pois é desumano esperar que um acusado vá se incriminar. Sendo assim, a alegação de Lula de que o fato não ocorreu não é indicativo de que o fato realmente não ocorreu.

Resposta à terceira. Protestar contra a veiculação de um fato não significa negar que o fato ocorreu. Se o jornal deve ou não publicar entrevista em que se afirmou que um cidadão, no caso também o Presidente da República, tentou estuprar uma pessoa, é assunto estranho ao presente artigo.

terça-feira, dezembro 01, 2009

Churchill errou

O primeiro-ministro britânico disse a Charles de Gaulle: "Se um dia formos obrigados a escolher entre a Europa e o mar aberto, será o mar aberto que escolheremos." Hoje, entretanto, entrou em vigor o Tratado de Lisboa, pelo qual a União Européia se torna em definitivo um Estado, e o Reino Unido faz parte dela como Estado-Membro.

O paradoxo da atração de pessoas boas pelo marxismo.

Maurico Rojas, aqui, escreve sobre um tema fundamental. Transcrevo a seguir um trecho:

"La visión de Che Guevara como encarnación del mal absoluto coincide con la apreciación de muchos críticos del marxismo, que sugieren que la fuerza de atracción de esta doctrina reside en su capacidad de concitar una serie de sentimientos o rasgos negativos: envidia, destructividad, resentimiento, deseo de dominar a otros o de venganza, sadismo, etc. Por ello, serían personalidades caracterizadas por esos rasgos las que se sentirían atraídas por el marxismo, formando su núcleo activo. El marxismo sería así una ideología que concita los instintos más bajos o, simplemente, la maldad humana, para darle rienda suelta bajo la forma de un movimiento donde estas personalidades atávicas se refuerzan mutuamente.

No niego que haya una buena parte de todo esto en la fuerza de atracción tanto del marxismo como de otros movimientos políticos extremos, y que una parte de los elementos que se congregan en torno a esa ideología adolezcan de rasgos atávicos de personalidad. Aun así pienso que se trata de una forma de aproximarse a este tipo de fenómenos que es fundamentalmente errada, ya que si bien capta una parte de los mismos deja de ver lo que para mí es la verdadera fuerza motora que les da a las ideologías mesiánicas su tremenda capacidad de atraer a aquellos sin los cuáles estos movimientos no llegarían muy lejos, a saber, a los altruistas e idealistas o, para decirlo cortamente, a los buenos (grifo meu), a aquellos que se van a entregar a la causa de la revolución con la devoción de un santo, poniendo de una manera ejemplar todas sus fuerzas e inteligencia al servicio de "la causa", una causa que para ellos representa la bondad absoluta personificada. En fin, se trata de seres que están muy lejos de ser basuras humanas y que se hacen marxistas para hacer el bien pero que terminan -si tienen la oportunidad- haciendo un mal espantoso. Esta es para mí la paradoja que hay que explicar y hacerlo es más difícil que trabajar con la hipótesis simplona de la maldad tanto de las ideas marxistas como de quienes las propagan."

sexta-feira, novembro 27, 2009

Lula tentou estuprar um adolescente

O nosso presidente não é diferente do presidente sul-africano.

César Benjamin revela história contada pelo próprio Lula se gabando de ter tentado fazer sexo com um adolescente, quando esteve preso. Benjamin também foi preso durante o regime militar, e fundou o PT, do qual se desfiliou em 1995. Em 2006 concorreu à vice-presidência da República pelo PSOL.

Do saite de Reinaldo Azevedo:

"A Folha publica hoje alguns textos sobre o filme hagiográfico "Lula, O Filho do Brasil." Benjamin escreve um longo depoimento -- íntegra aqui -- em que narra todos os horrores que sofreu na cadeia, preso que foi aos 17 anos. Entre outras coisas, e sabemos que isto é tragicamente comum nas cadeias brasileiras até hoje, foi entregue para "ser usado" pelos presos comuns, o que, escreve ele, não aconteceu. E faz um texto que chega a ser comovido sobre o respeito que lhe dispensaram na cadeia.

Depois de narrar suas agruras, interrompe o fluxo de memória daquele passado mais distante para se fixar num mais recente, 1994, quando integrava a equipe que cuidava da campanha eleitoral de Lula na TV -- no grupo, estava um marqueteiro americano importado por alguns petistas. E, agora, segue o texto estarrecedor de Benjamin sobre uma reunião:

"(...)

Na mesa, estávamos eu, o americano ao meu lado, Lula, e o publicitário Paulo de Tarso em frente e, nas cabeceiras, Espinoza (segurança de Lula) e outro publicitário brasileiro que trabalhava conosco, cujo nome também esqueci. Lula puxou conversa: "Você estave preso, não é, Cesinha?" "Estive." "Quanto tempo?" "Alguns anos...", desconversei (raramente falo nesse assunto). Lula continuou: "Eu não aguentaria. Não vivo sem boceta."

Para comprovar essa afirmação, passou a narrar com fluência como havia tentado subjugar outro preso nos 30 dias em que ficara detido. Chamava-o de "menino do MEP", em referência a uma organização de esquerda que já deixou de existir. Ficara surpreso com a resistência do "menino", que frustara a investida com cotoveladas e socos.

Foi um dos momentos mais kafkianos que vivi. Enquanto ouvia a narrativa do nosso candidato, eu relembrava as vezes em que poderia ter sido, digamos assim, o "menino do MEP" nas mãos de criminosos comuns considerados perigosos, condenados a penas longas, que, não obstante essas condições, sempre me respeitaram.

O marqueteiro americano me cutucava, impaciente, para que eu traduzisse o que Lula falava, dada a importância do primeiro encontro. Eu não sabia o que fazer. Não podia lhe dizer o que estava ouvindo. Depois do almoço, desconversei: Lula só havia dito generalidades sem importância. O americano achou que eu estava boicotando o seu trabalho. Ficou bravo e, felizmente, desapareceu.""

...

Como diz Reinaldo Azevedo, existem pessoas civilizadas, em qualquer espectro da política, a quem se pode e deve respeitar, a despeito das diferenças. Há outras, no entanto, (im)pessoas que não o são.

quinta-feira, novembro 19, 2009

Muito barulho por (quase) nada

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), por cinco votos a quatro, entenderam que o crime praticado por Cesare Battisti é comum, não um crime político. Entretanto, na hora de decidir sobre a entrega do criminoso às autoridades italianas, um deles voltou atrás, dizendo que a última palavra deve ser sempre do Presidente. A intervenção do ministro Ayres Britto foi brochante, toda uma discussão político-jurídica se desenvolvera em torno do caso para ao fim o STF se pronunciar no sentido de que a decisão cabe ao Presidente da República. Parece que a teoria sobre a revisão judicial dos atos administrativos foi por água abaixo.

Data vênia, o Presidente da República não pode motivar uma possível recusa de extraditar o criminoso sob o argumento de que houve prática de crime político, porque esta matéria já formou coisa julgada, de maneira que o Presidente tem o dever de entregar o criminoso nos termos do tratado bilateral entre Brasil e Itália. Se desejar não entregá-lo, deve antes denunciar o tratado de extradição. Provavelmente não o fará, de sorte que a recusa em entregar o criminoso equivalerá na prática a uma denúncia do tratado.

Como disse o Presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, “O Supremo se ocupa com um tema como esse e depois surge uma decisão: não, nós estávamos brincando”. Exato, suas Excelências perderam, no dizer da ministra Ellen Gracie, seu precioso tempo. E a tripartição dos poderes dá um passo atrás, porque o STF não quis assumir sua função de juiz da causa jurídico-constitucional da extradição, que lhe compete conforme o art. 102, I, alínea g, da CRFB. Ao Presidente, como chefe de Estado, caberia unicamente cumprir a decisão da República Federativa do Brasil, que no caso seria representada pela decisão de sua Corte Suprema. Mas isto não se verificou.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Vinte anos da queda do muro de Berlim

Discurso de Kennedy em Berlim Ocidental, que terminou assim: "Todos os homens livres, onde quer que morem, são cidadãos de Berlim. E por isso, como um homem livre, eu me orgulho dessas palavras: "Ich bin ein Berliner" ("Eu sou um berlinense")." Alguns alemães jocosos podem chamar sua pronúncia alemã de chucrutiana, mas o discurso guarda lugar de destaque entre os históricos.



E Ronald Reagan, passadas duas décadas, no mesmo portal de Brandemburgo, em Berlim Ocidental, pedindo para Gorbatchev abrir o portão e derrubar o muro.



Atualização do dia 13 de novembro de 2009: Kennedy foi o presidente estadunidense que lançou o programa para levar o homem à lua, mas no jogo de medição de forças com a URSS, também foi pusilânime. O historiador Donald Kagan conta que ele poderia ter sido mais firme ao não permitir a instalação do muro de Berlim -- porque a ação soviética contrariava o acordo de Potsdam, entre os aliados vencedores da Segunda Guerra Mundial -- e ao apoiar a invasão à Baía dos Porcos, em Cuba, aliviando desde logo o peso do martelo comunista no continente. Não o tendo feito, deu razão à frase de Donald Rumsfeld: "Fraqueza gera agressividade." Os soviéticos faziam mais e mais exigências, até ao ponto em que mísseis nucleares soviéticos foram instalados em Cuba, o que deu origem à chamada crise dos mísseis -- os quais depois foram desinstalados, porque essa ameaça Kennedy não engoliu.

A despeito de tudo isso, o discurso de Kennedy é uma inspiração para os homens livres, cidadãos de Berlim.

terça-feira, novembro 03, 2009

Global Warning

Cuidado com o aquecimento global. Ele pode queimar seus neurônios.

sábado, outubro 31, 2009

Lições em família

Em sua autobiografia, Theodore Roosevelt, 26° presidente dos Estados Unidos da América, conta sobre a convivência com o tio Jimmy Bulloch, veterano da guerra civil lutando pelos estados confederados, então radicado em Liverpool, na Inglaterra, que visitava a família em Nova Iorque usando nome de fantasia porque não fora anistiado. Diz Roosevelt:

"Meu tio Jimmy Bulloch era clemente e justo com referência às forças da União, e era capaz de discutir todas as fases da Guerra Civil com total justiça e generosidade. Mas na política inglesa, ele logo se tornou um Tory da escola mais ultra-conservadora. Ele conseguia admirar Lincoln e Grant, mas não ouviria nada em favor do senhor Gladstone. As únicas ocasiões em que estremeci sua confiança em mim foram quando eu me aventurei mansamente a sugerir que algumas das mentiras manifestamente disparatas sobre o sr. Gladstone não poderiam ser verdade. Meu tio foi uma das melhores pessoas que jamais conheci, e quando por algumas vezes me senti tentado a imaginar por que bons homens podem crer de mim as coisas impossíveis e injustas que de fato crêem, consolei-me pensando na convicção perfeitamente sincera de Jimmy Bulloch, de que Gladstone foi um homem de infâmia excepcional e inominável tanto na vida pública quanto na privada." (Roosevelt, Theodore. An Autobiography, chapter Boyhood and Youth, 1913)


Tradução minha

quinta-feira, outubro 29, 2009

Momento tenso

O primeiro embaixador dos Estados Unidos da América no Reino Unido tem sua primeira audiência com o rei.

A série John Adams é uma cinebiografia do segundo presidente estadunidense. Paul Giamatti ganhou o globo de ouro pela interpretação do personagem. Se não por outro motivo, sua cena de adoração no último episódio -- infelizmente não disponível na rede -- vale o prêmio.

segunda-feira, outubro 19, 2009

"O Mestre disse: "Zilu, vou ensinar-te o que é o conhecimento. Tomar o que sabes pelo que sabes, e o que não sabes pelo que não sabes, isso é conhecimento"." (Conversações de Confúcio, 2.17)

Extraído do saite http://chines-classico.blogspot.com.

terça-feira, setembro 29, 2009

O Uso Da Força

por William Carlos Williams

Eles eram pacientes novos para mim, tudo o que tinha era o nome, Olson. Por favor desça assim que puder, minha filha está muito doente.

Quando cheguei fui recebido pela mãe, uma mulher grande, bonita e assustada, muito discreta e educada que disse apenas, É este o doutor? e então me fez entrar. Nos fundos, ela ajuntou. Você deve nos desculpar, doutor, estamos com ela na cozinha porque aqui está quente. Há muita umidade na cozinha às vezes.

A criança estava toda vestida e sentada no colo do pai perto da mesa da cozinha. Ele procurou se levantar, mas acenei para que não se desse ao trabalho, tirei meu sobretudo e comecei a trabalhar. Pude perceber que estavam todos muito nervosos, olhando-me de alto a baixo com desconfiança. Como de costume, eles não me diziam mais do que precisavam, era eu que devia informá-los; por esse motivo estavam gastando três dólares comigo.

A criança estava me engulindo com seus olhos frios e fixos, e não havia qualquer expressão em seu rosto. Ela não se mexia e parecia, por dentro, tranqüila; uma coisinha inesperadamente atraente, e forte como uma novilha na aparência. Mas seu rosto estava vermelho, ela respirava depressa, e percebi que ela estava com febre alta. Tinha um cabelo louro magnífico, em profusão. Uma daquelas modelos mirins que aparecem com freqüência em folhetos de publicidade e nas seções de fotogravura dos jornais de domingo.

Ela já está gripada há três dias, começou o pai e nós não sabemos de onde vem. Minha esposa deu a ela essas coisas, o senhor sabe, que as pessoas dão, mas não adiantou nada. E tem havido muita doença por aí. Então pensamos que seria melhor se o senhor a examinasse e nos dissesse qual o problema.

Como os médicos em geral fazem, interpretei a fala do pai como a minha deixa. Ela teve uma dor de garganta?

Ambos os pais me responderam juntos, Não... Não, ela diz que a garganta não dói.

A garganta está doendo? perguntou a mãe para a criança. Mas a fisionomia da menina não se alterou e ela não tirou os olhos de mim.

Você olhou?

Eu tentei, disse a mãe, mas não vi nada.

Como sói acontecer, nós vínhamos tendo alguns casos de difteria na escola que essa criança freqüentou durante aquele mês e nós todos estávamos, ao menos assim parecia, estarmos pensando nisso, embora ninguém tivesse mencionado ainda o fato.

Muito bem, disse eu, vamos dar uma olhada na garganta primeiro. Sorri à maneira mais profissional que tinha e perguntando à criança pelo seu primeiro nome, disse, vamos lá, Matilda, abra bem a boca e vamos dar uma olhada na sua garganta.

Não adiantou.

Ah, vamos lá, eu lisonjeei, só abra a boca bem grande e deixe-me dar uma olhada. Veja, disse abrindo bem ambas as mãos, não tenho nada nas mãos. Só abra a boca e deixe-me ver.

Que homem bom, ajudou a mãe. Veja como ele é gentil consigo. Vamos, faça o que ele manda. Ele não vai machucar você.

Neste ponto cerrei os dentes de desgosto. Se ao menos eles não usassem a palavra "machucar" eu poderia conseguir alguma coisa. Mas não me permiti ficar alterado ou inquieto mas falando calma e pausadamente me aproximei da criança de novo.

Conforme movia minha cadeira um pouco mais para perto, de repente com um movimento felino suas mãos instintivamente se atiraram em direção aos meus olhos e ela quase os alcançou também. Deveras, ela arrancou meus óculos, que foram parar, embora sem terem quebrado, uns dois metros dali no chão da cozinha.

A mãe e o pai quase morreram de vergonha pedindo desculpas. Sua menina malvada, disse a mãe, tomando-a de lado e chacoalhando-a num dos braços. Veja o que você fez. O bom homem...

Pelo amor de Deus, interrompi. Não me chame de bom homem na frente dela. Estou aqui para ver sua garganta com a possibilidade de que ela tenha difteria e possa morrer disso. Mas isso não significa nada para ela. Olhe aqui, disse para a criança, nós vamos olhar a sua garganta. Você tem idade o bastante para entender o que estou dizendo. Você vai abrir voluntariamente ou teremos que abrí-la para você?

Nem um movimento. Sequer a sua expressão mudou. A respiração no entanto ficava cada vez mais rápida. Então a batalha se iniciou. Eu tinha que fazê-lo. Tinha que tratar da garganta pelo seu próprio bem. Mas primeiro falei aos pais que devia ser decidido por eles. Expliquei o perigo mas disse que não insistiria num exame da garganta se eles não se responsabilizassem.

Se você não fizer o que o médico diz você vai ter que ir para o hospital, a mãe advertiu de modo severo.

Ah é? Tive que rir para mim mesmo. Depois de tudo, eu já tinha me apaixonado pela fedelha selvagem, e via os pais com desdém. Na luta seguinte eles ficaram mais abjetos, esmagados, exaustos enquanto ela com certeza se alçava a magníficas alturas de fúria insana nascida de seu terror por mim.

O pai fez o melhor, e ele era um homem grande mas o fato de ela ser sua filha, sua vergonha pelo comportamento dela e seu receio de machucá-la fê-lo soltá-la nos momentos críticos quando eu tinha quase alcançado êxito, até quis matá-lo. Mas seu receio também de que ela tivesse difteria fez com que ele me mandasse prosseguir, embora ele próprio estivesse quase desmaiando, enquanto a mãe ia e voltava atrás de nós levantando e abaixando as mãos numa agonia apreensiva.

Ponha-a na sua frente no seu colo, dei a ordem, e segure ambos os pulsos.

Mas tão logo ele o fez a criança soltou um grito, Não, você está me machucando. Me solta. Deixa eles irem estou falando. Então ela soltou gritos estridentes de modo aterrorizador, histérico. Páre! Páre! Você a está matando!

Você acha que ela pode agüentar, doutor! disse a mãe.

Saia daqui, disse o marido à esposa. Você quer que ela morra de difteria?

Vamos então, segure-a, eu disse.

Então segurei a cabeça da criança com minha mão esquerda e tentei pegar o músculo rígido da língua entre os dentes. Ela lutou, com os dentes cerrados, desesperadamente! Mas agora eu também estava furioso -- com uma criança. Tentei permanecer parado mas não consegui. Sei como posicionar uma garganta para examiná-la. E fiz o meu melhor. Quando por fim consegui antepor a espatela rígida atrás do último dente e o seu vértice bem na cavidade bocal, ela abriu por um instante mas antes que pudesse ver ela fechou de novo e apertando a rígida espátula entre os molares ela reduziu-a a lascas antes que eu pudesse tirá-la novamente.

Você não se envergonha, a mãe gritou com ela. Você não se envergonha de agir assim em frente do doutor?

Traga-me uma colher fácil de manusear de algum tipo, falei à mãe. Nós vamos continuar com isso. A boca da criança já estava sangrando. Sua língua tinha se cortado e ela gritava em estrépitos assustadoramente histéricos. Talvez eu devesse ter desistido e voltado uma hora depois ou mais. Sem dúvida teria sido melhor. Mas eu tinha visto pelo menos duas crianças deitadas mortas na cama por causa de negligência nesses casos, e sentindo que devia conseguir um diagnóstico agora ou nunca mais eu fui de novo. Mas o pior é que eu também tinha chegado a um ponto irracional. Eu poderia ter dilacerado a criança na minha fúria e gostar disso. Era um prazer atacá-la. Meu rosto inflamava-se com isso.

A maldita fedelha precisa ser protegida contra sua própria idiotice, dizemos para nós mesmos de vez em quando. Outros precisam ser protegidos dela. É uma necessidade social. E tudo isso é verdade. Mas uma fúria cega, um sentimento de vergonha adulta, nascido de um desejo pelo descanso muscular são as causas. Vai-se até o fim.

Num assalto final irrazoável eu me apossei do pescoço e da região maxilar da criança. Forcei a colher pesada de prata no fundo dos dentes dentro da garganta até ela engasgar. E ali estava -- ambas as amígdalas cobertas com uma membrana. Ela tinha lutado de modo valente para me impedir de saber o seu segredo. Ela vinha escondendo aqula dor de garganta por três dias pelo menos e mentindo a seus pais de modo a escapar de um resultado desses.

Agora realmente ela estava furiosa. Ela tinha estado na defensiva antes mas agora ela atacava. Tentou se livrar do colo do pai e voar em cima de mim enquanto lágrimas de derrota cobriam os olhos.


Tradução minha

domingo, setembro 06, 2009

A sabedoria de José Bonifácio

Na véspera do dia da Independência Brasileira, vejamos as palavras do patriarca sobre a administração do Brasil.

O documento chama-se Lembranças e Apontamentos, trata-se de instruções ao deputados da província de São Paulo junto às Cortes de Lisboa à época do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, em 1821.

Atentai para a proposta de criação de uma universidade no Brasil.

"(...)

6o. Que se cuide em legislar e dar as providências mais sábias e enérgicas sobre dois objetos da maior importância para a prosperidade e conservação do Reino do Brasil: O 1o. sobre a catequização e civilização geral e progressiva dos Índios bravos, que vagam pelas matas e brenhas; sobre cujo objeto um dos Membros deste Governo dirige uma pequena Memória às Cortes gerais por mão de seus deputados; o 2o. requer imperiosamente iguais cuidados da Legislatura sobre melhorar a sorte dos escravos, favorecendo a sua emancipação gradual e conversão de homens imorais e brutos em Cidadãos ativos e virtuosos; vigiando sobre os Senhores dos mesmos escravos para que estes os tratem como homens e Cristãos, e não como brutos animais, como se ordenara nas Cartas Régias de 23 de março de 1688, e 27 de fevereiro de 1798, mas tudo isto com tal circunspecção que os miseráveis escravos não reclamem estes direitos com tumultos e insurreições, que podem trazer cenas de sangue e horrores. Sobre este assunto o mesmo Membro deste Governo oferece alguns apontamentos e idéias ao Soberano Congresso.

7o. Não podendo haver Governo algum Constitucional que dure sem a maior instrução e moralidade do povo, para que a primeira se aumente e promova, é de absoluta necessidade, que além de haver em todas as Cidades, Vilas e Freguesias consideráveis, escolas de primeiras Letras pelo método de Lancaster com bons catecismos para leitura e ensino de meninos, de que temos excelentes modelos na língua Alemã e Inglesa, haja também em cada Província do Brasil um Ginásio ou Colégio, em que se ensinem as ciências úteis; para que nunca faltem, entre as classes mais abastadas, homens que não só sirvam os Empregos, mas igualmente sejam capazes de espalhar pelo Povo os conhecimentos, que são indispensáveis para o aumento, riqueza e prosperidade da Nação; pois segundo diz Bentham, as ciências são como as plantas, que tem crescimento em dois sentidos, em superfície e em altura, e quanto às mais úteis é melhor espalhá-las que adiantá-las. Assim, nos parece necessário que Cada Província do Reino do Brasil na Capital tenha as Cadeiras Seguintes: 1a. uma de Medicina teórica e prática; 2a. de Cirurgia e arte obstetrícia; 3a. outra de arte Veterinária (Estas três Cadeiras, principalmente as duas primeiras, são de absoluta necessidade para a Província de São Paulo); 4a. uma de elementos de Matemática; 5a. outra de Física e Química; 6a. outra de Botânica e Horticultura experimental; 7a. por fim, outra de Zoologia e Mineralogia.

8o. Além destes Colégios, é de absoluta necessidade para o Reino do Brasil, que se crie desde já pelo menos uma Universidade, que parece que deverá constar das seguintes Faculdades: 1a. Faculdade Filosófica composta de três Colégios: 1o. de Ciências Naturais, 2o. de Matemáticas Puras e Aplicadas, 3o. de Filosofia especulativa e boas Artes; 2a. de Medicina; 3a. de Jurisprudência; 4a. de Economia, Fazenda e Governo. Cada uma dessas Faculdades terá as Cadeiras necessárias para o completo ensino de todos os conhecimentos humanos. A Teologia pode ser ensinada nos Seminários Episcopais, para que tenhamos Clero douto e capaz, o qual absolutamente falta no Brasil. O clima temperado, mais frio que quente, a salubridade dos ares, a barateza e abundância de comestíveis, e a fácil comunicação com as Províncias, centrais e de beira-mar, que requerem que esta Universidade resida na Cidade de São Paulo, que tem já edifícios próprios para as diversas faculdades nos Conventos do Carmo, São Francisco e dos Bentos apenas habitados por um ou dois frades quando muito.

(...)"*

*Colaborou Stella Caymmi


Fonte: Andrada e Silva, José Bonifácio de. Lembranças e Apontamentos do Governo Provisório para os Senhores Deputados da Província de São Paulo. 1821.
Disponível em http://www.obrabonifacio.com.br/colecao/obra/1266/digitalizacao/pagina
Acesso em 06/09/2009.

terça-feira, agosto 25, 2009

Voegelin e o direito

Prezados,

publico aqui minha monografia de conclusão do curso de direito. O formato a seguir é dado pelo saite slideshare.net. Na barra de ferramentas ao lado também colocarei um linque permanente para quem quiser baixar em arquivo pdf.

A monografia Voegelin e o direito trata sobretudo da obra "The Nature of the Law", que o filósofo alemão organizou quando proferia seu curso sobre ciência do direito na universidade da Louisiana. Tentei relacionar a especulação de Voegelin com outros autores, bem como ambientá-la na vida social brasileira.

Espero que o leitor goste do trabalho; as suas sugestões, críticas e correções são bem-vindas.

terça-feira, agosto 18, 2009

A formação do congresso nos Estados Unidos da América

O senhor jurista Dalmo de Abreu Dallari, respondendo a uma deixa da entrevistadora, "E assim, mantiveram a escravidão por 80 anos...", disse:
"Exatamente, e o Senado foi feito exatamente para isto. Para manter a escravidão, surgiu a idéia de uma Câmara revisora, o Senado, pois acreditavam que o Legislativo cometeria excessos democratizantes sem essa revisora."

Ou seja, o sistema bicameral, que ele critica em livro no prelo, foi criado com o objetivo de perpetuar a escravidão nos Estados Unidos da América. Senhor Dallari, data vênia, o senhor está errado.

O propósito principal do plano de criar duas casas para o Congresso era de que em uma casa o povo deve ser representado, enquanto na outra os Estados. A questão da escravidão não era tão flagrante como quer fazer crer o senhor Dalmo Dallari. A principal e óbvia questão por trás da escolha do sistema bicameral de representação diversa foi a de que os estados com população pequena poderiam ser solapados nas discussões no congresso se o modelo adotado fosse tão só o da representação por cada cidadão. Adotou-se uma solução de compromisso então, o 'Connecticut Compromise'. O estado de Virgínia, que futuramente viria a integrar e mesmo a liderar os estados confederados do sul durante a guerra de secessão, à época da convenção da Filadélfia, cujo resultado foi a redação da Constituição Federal, tinha a maior população dos Estados. Por causa disso, esse estado da Virginia, veja bem, o mesmo estado que anos depois se desligaria da União, também advogava abertamente a adoção de um sistema em que ambas as casas do Congresso seriam formadas por representantes eleitos apenas segundo o voto popular. O estado de New Jersey, por sua vez, desejava uma única casa em que os estados seriam representados igualmente, cada estado tendo o mesmo número de representantes no parlamento. O estado de New Jersey, como se sabe, faz parte da Nova Inglaterra, o conjunto de estados que ou não tinham escravos ou iriam eliminá-los antes da guerra -- na realidade, o estado de Nova Jersey foi o único estado da Nova Inglaterra, ou seja, dos estados do Norte, onde a escravidão só foi abolida para valer depois da guerra de secessão.

A tese do senhor Dalmo de Abreu Dallari revela-se furada pela exposição dos fatos. Essa tese é própria de pessoas que têm uma visão muito superficial dos Estados Unidos da América, as quais enxergam a escravidão no país como a única questão nacional.

Ne nuntium necare

Não mata o mensageiro.

terça-feira, agosto 04, 2009

Obama e a Bíblia

Além de um riso de escárnio que não conseguiu segurar, Obama também faz considerações razoáveis sobre a Bíblia.

sexta-feira, julho 31, 2009

Wilber sobre a modernidade

"O que está acontecendo aqui? Como pode ser que algo universalmente difundido num ponto de nossa história coletiva tenha sido sumariamente apagado no ponto seguinte? É um cenário estonteante, comparável em grau máximo, à sua maneira, à extinção dos dinossauros. A noção mais espalhada da história e pré-história humanas (nomeie-se, a existência de alguma espécie de dimensão espiritual) foi simplesmente declarada, com a autoridade acachapante da ciência, estampada com um zelo inversamente proporcional à sua credibilidade, uma alucinação coletiva massiva. A dimensão espiritual, anunciou-se solenemente, não passava de um desejo de realização de necessidades infantis (Freud), uma ideologia opaca para oprimir as massas (Marx), ou a projeção de potenciais humanos (Feuerbach). A espiritualidade, portanto, é uma profunda confusão que parece haver devastado a humanidade por, aproximadamente, um milhão de anos, até há bem pouco tempo, alguns séculos atrás, quando a modernidade prestou obediência à ciência sensorial, e decidiu de pronto que o mundo inteiro continha apenas matéria, ponto final.

A desolação da proclamação científica moderna é deprimente. Naquela extraordinária jornada da matéria para o corpo, daí para a mente, depois para a alma, até o espírito, o materialismo científico parou a jornada logo no primeiro estágio, e proclamou que os desenvolvimentos subseqüentes não passavam de arranjos de poeira esvoaçante. Como essa poeira se levantaria e numa eventualidade começaria a escrever poesia não foi explicado. Ou então, explicou-se pela chance furtiva ou pela seleção ao acaso, como se acaso e chance fariam um Shakespeare. (...)" (WILBER, Ken. Integral Psychology, 2000, p. 55)

"Houve muitas respostas à pergunta, O que é a modernidade? A maioria delas é negativa. A modernidade, diz-se, marcou a morte de Deus, a morte dos deuses, a mercantilização da vida, a igualdade forçada de distinções qualitativas, as brutalidades do capitalismo, a substituição da qualidade pela quantidade, a perda do valor e do sentido, a fragmentação do mundo em que vivemos no dia-a-dia (fragmentação do Lebenswelt), medo existencial, industrialização poluente, um materialismo rampante e vulgar -- respostas as quais com freqüência foram resumidas na frase já famosa de Max Weber: "o desencantamento do mundo."

Sem dúvida existe alguma verdade em todas essas respostas, e precisamos dar-lhes a consideração devida. Mas também houve claramente aspectos positivos da modernidade, pois ela nos deu igualmente a democracia liberal; os ideais de igualdade, liberdade e justiça, sem consideração por raça, credo ou gênero; a medicina, física, biologia e química modernas; o fim da escravidão; o surgimento do feminismo; e os direitos universais da humanidade. Estes aspectos, com certeza, foram algo de mais nobre do que o mero "desencantamento do mundo."" (WILBER, Ken. Integral Psychology, 2000, p. 59)"

......

Tradução minha

......

A Wilber, faço apenas a observação de que o feminismo pode ser uma ideologia, e como tal algo ruim, quando pretende, nas palavras de Dinesh D'Souza que aqui subscrevo, "crer no valor do trabalho como maior que o valor do lar", e não como valor a ele complementar. Entretanto, o reconhecimento gradativo de homens e mulheres como seres iguais perante o Pai Universal de fato é uma conquista.

segunda-feira, julho 20, 2009

Walter Cronkite morreu e noventa e cinco porcento da mídia chora a morte do âncora que foi o "homem mais confiável dos Estados Unidos da América." Nos cinco porcento restantes, alguns falam que Cronkite prestou "um desserviço criminoso à verdade e a seu país" por haver invertido a notícia sobre o resultado da ofensiva do Tet, durante a Guerra do Vietnã, em que os vietcongues tentaram assaltar de surpresa o território do Vietnã do Sul, e foram rechaçados e flagrantemente derrotados. Cronkite noticou então que os Estados Unidos da América e o Vietnã do Sul sofreram um duro revés.

Nos anos 2000, um gagá Cronkite insinuaria um acordo entre Karl Rove, assessor especial de George W. Bush, e Osama Bin Laden, durante a campanha de eleição presidencial de 2004.

Antes disso, entretanto, Cronkite foi um valente jornalista cobrindo a segunda guerra mundial. "Este Walter Cronkite -- diz Kevin D. Williams -- é quem eu admiro."

sábado, julho 18, 2009

Chávez News Network

Um bom resumo, em inglês porém, sobre a crise provocada pelo ex-presidente golpista de Honduras pode ser vista no vídeo abaixo.



No saite do Pajamas Media, mais vídeos sobre a crise em Honduras. A ótica é fiel aos fatos. A população detesta o ex-presidente deposto, não obstante o que a CNN -- Chávez News Network, veja o vídeo abaixo -- circule de imagens de gangues chavistas e de aspirantes a Ernesto Guevara manifestando desagrado nas ruas hondurenhas. Barack Obama e Hillary Clinton não estão nem aí para o país, ou querem mesmo que Manuel Zelaya volte ao governo de Honduras. Os tempos do "big stick" vão longe, os Estados Unidos da América deixam a América Latina à própria sorte, e essa sorte quer significar a vitória do plano castrista cinqüenta anos depois, farsa da farsa. As oligarquias debochadas e cínicas são substituídas por esquerdistas fanáticos, os democratas totalitários.

Bom que no Brasil há uma centro-esquerda mais inteligente, e muitos blogueiros -- graças a Deus -- que preferem a ordem verdadeira platônica à hegemonia esquerdista. Direita partidária, entretanto, não há.

Salve a resistência hondurenha em favor do estado republicano-liberal!

quinta-feira, julho 16, 2009

Durante os anos 1980, o doutor Michael Persinger realizou experimentos no sentido de provar que a experiência religiosa derivava de estímulos cerebrais. Os pesquisados de Persinger foram sujeitos a estímulos magnéticos e responderam com a sensação de presenças etéreas.

Nos anos 2000, o doutor Pehr Granqvist resolveu tirar a limpo o experimento de Persinger. Ele melhorou as condições da pesquisa de Persinger por não comunicar aos controladores do experimento qual era o seu intuito. Sendo assim, eles não puderam influenciar os experimentados sobre o resultado.*

Granqvist publicou seus resultados na revista Neuroscience Letters. O resumo de seu trabalho aponta que "características de personalidade indicativas de sugestionabilidade (absorção, sinais de atividade anormal do lobo temporal e um tipo de vida à la "nova era") foram usados como vaticinantes. A sensação de uma presença, experiências místicas e outras experiências somato-sensitivas identificadas previamente à estimulação do campo magnético foram medidas de resultado. Não encontramos qualquer evidência sobre efeitos provocados pelos campos magnéticos, tanto no grupo como um todo, quanto nos indivíduos sugestionabilíssimos. Dado que os traços de personalidade indicaram de modo significativo os resultados, a sugestionabilidade pode explicar os efeitos anteriormente anunciados. Nossos resultados questionam com veemência as afirmações sobre os efeitos da experiência dos campos magnéticos fracos."

Persinger sugeriu que Granqvist não produzira os estímulos cerebrais pelo tempo apropriado, ao que Granqvist treplicou que Persinger já dissera que bastavam cinco minutos de contato com os campos magnéticos para que as pessoas desenvolvessem experiências místicas, enquanto ele as expôs pelo tempo de quinze minutos.

......

Eu, que fiquei sabendo desses estudos através de um anime chamado Ghost Hound, o qual inclusive cheguei a indicar aqui, devo dizer que fiquei decepcionado com o doutor Persinger. A fé dos que não têm fé, se não remove montanhas, pode remover veleidades metodológicas.


*Esta modalidade de pesquisa chama-se de "duplamente cega", porque nem os experimentados nem os controladores do experimento sabem sobre o seu cunho.

quarta-feira, julho 08, 2009

O papado quer um governo mundial

Em nova encíclica publicada nesta terça-feira, Caritas in Veritate, o papa Bento XVI urgiu pela "presença de uma verdadeira Autoridade política mundial." Leia-se o trecho:

'67. Perante o crescimento incessante da interdependência mundial, sente-se imenso — mesmo no meio de uma recessão igualmente mundial — a urgência de uma reforma quer da Organização das Nações Unidas quer da arquitectura económica e financeira internacional, para que seja possível uma real concretização do conceito de família de nações. De igual modo sente-se a urgência de encontrar formas inovadoras para actuar o princípio da responsabilidade de proteger [146] e para atribuir também às nações mais pobres uma voz eficaz nas decisões comuns. Isto revela-se necessário precisamente no âmbito de um ordenamento político, jurídico e económico que incremente e guie a colaboração internacional para o desenvolvimento solidário de todos os povos. Para o governo da economia mundial, para sanar as economias atingidas pela crise de modo a prevenir o agravamento da mesma e em consequência maiores desequilíbrios, para realizar um oportuno e integral desarmamento, a segurança alimentar e a paz, para garantir a salvaguarda do ambiente e para regulamentar os fluxos migratórios urge a presença de uma verdadeira Autoridade política mundial, delineada já pelo meu predecessor, o Beato João XXIII. A referida Autoridade deverá regular-se pelo direito, ater-se coerentemente aos princípios de subsidiariedade e solidariedade, estar orientada para a consecução do bem comum[147], comprometer-se na realização de um autêntico desenvolvimento humano integral inspirado nos valores da caridade na verdade. Além disso, uma tal Autoridade deverá ser reconhecida por todos, gozar de poder efectivo para garantir a cada um a segurança, a observância da justiça, o respeito dos direitos[148]. Obviamente, deve gozar da faculdade de fazer com que as partes respeitem as próprias decisões, bem como as medidas coordenadas e adoptadas nos diversos fóruns internacionais. É que, se isso faltasse, o direito internacional, não obstante os grandes progressos realizados nos vários campos, correria o risco de ser condicionado pelos equilíbrios de poder entre os mais fortes. O desenvolvimento integral dos povos e a colaboração internacional exigem que seja instituído um grau superior de ordenamento internacional de tipo subsidiário para o governo da globalização [149] e que se dê finalmente actuação a uma ordem social conforme à ordem moral e àquela ligação entre esfera moral e social, entre política e esfera económica e civil que aparece já perspectivada no Estatuto das Nações Unidas.'

......

Créditos da notícia para o colega Marcio Vargas.

quarta-feira, junho 24, 2009

Viktor Frankl sobre o espiritismo

"Os senhores desejam, decerto, a prova da verdade. Ei-la: espiritismo alude repetidamente a "corpos astrais", "vibrações, ondas, raios espirituais", e assim por diante. É lícito afirmar, pois, que ele faz do espiritual um quase-material. Dito de outo modo: o espiritismo materializa o espírito considerado na perspectiva histórico-espiritual e, por isso, se torna aquilo sobre que justamente tanto gosta de se falar, ou seja, um fenômeno de "materialização"!

O espiritismo não é uma verdade metafísica, mas sim uma pseudometafísica. Isso torna-se claro quando verificamos que para os espíritas o espírito não está "atrás do físico" como algo de metafísico. Pelo contrário, o espírita vê por detrás do espiritual algo (quase) físico. Os espíritas não se esforçam somente, a exemplo de muitos metafísicos, por dar uma espiada atrás dos bastidores, a fim de ver o que há por trás do físico, mas gostam ainda, como pseudometafísicos que são, de dar uma olhada no que fica atrás do segundo plano. Não se contentam com o que aparece à luz da metafísica como realidade espiritual independente; pelo contrário, eles -- esses melhores conhecedores metafísicos, como podemos chamá-los -- tratam esse espírito como se fosse físico e distorcem cada proposição metafísica do conhecimento no sentido do materialismo vulgar.

O espírito é, como tal, naturalmente, invisível; o espiritismo, na sua pseudometafísica, quer todavia torná-lo de alguma forma visível. Não se pode ver o espírito, já que ele é invisível, há de se acreditar nele. Todavia, a metafísica espírita -- na medida em que transforma o espírito em algo de visível, em que deseja, portanto, vê-lo -- numa palavra, a crença no espírito daquele que vê o espírito degenera exatamente, por isso, em superstição.

(...) Nem tudo o que é invisível é irreal. Eu gostaria de lhes explicar este ponto relatando o diálogo que tive, certa vez, com um jovem que me perguntou que importância podia ter a realidade da alma, considerando que ela é invisível. Concordei que ele nunca poderia ver algo parecido com uma alma por meio de uma dissecação ou um exame microscópico do cérebro, mas lhe perguntei, ao mesmo tempo, por que ele iria empreender tal dissecação ou tal exame microscópico. O jovem respondeu-me o seguinte: por amor à verdade, pelo interesse investigador-científico de encontrar a verdade! Aí cheguei aonde eu queria porque bastava indagar: o que é o amor à verdade, etc., se não algo de referente à alma? E sobretudo se ele pensava que coisas como "amor à verdade" pudessem ser vistas ao microscópico. Então tudo lhe ficou claro: o que se procura por meio do microscópico, e que por esse caminho nunca será achado, esse invisível, a alma propriamente dita, é o que esteve sempre pressuposto em todo exame microscópico!"


Retirado do livro O Homem Incondicionado, presente na coletânea Fundamentos Antropológicos da Psicoterapia, 1978, editira Zahar, p. 84.

terça-feira, junho 09, 2009

Tête-à-tête

Marquei um encontro pela internete
para ver o meu amor tête-à-tête.

terça-feira, maio 26, 2009

Anjos e demônios em revista

Entre uma e outra mentira histórica, La Purga, por exemplo, o assassinato a mando da Igreja romana de quatro cientistas membros da sociedade Illuminati, no século dezessete, sociedade essa que só surgiria no século seguinte, e muita correria, tanto correria física quanto na hora de explicar as conclusões das investigações simbólicas, o filme Anjos e Demônios consegue trazer diversão. Não é nem de longe um Indiana Jones, e o final do filme é arrastado. A reviravolta do personagem que ameaça a Igreja é inverossímil, assim como o seu plano de dominação papal, que inclui a ameaça de uma bomba feita de anti-matéria, a qual irá explodir toda a Roma, mas que no último momento detona sem maiores conseqüências.

Enquanto isso, Robert Langdon, o personagem de Tom Hanks, passeia por boas paisagens da cidade eterna e traz momentos de emoção em sua busca para salvar os quatro preferiti, ou seja, os favoritos para a sucessão do papa recém-falecido, que foram seqüestrados.

Para aprender sobre direito canônico em tempo de sucessão papal, o filme também é uma delícia.

Atualização:
Na seção de comentários, a leitora Stella escreveu: "Eu acrescentaria que a imagem que o filme passa da igreja me lembrou os filmes sobre a máfia."

quinta-feira, maio 21, 2009

A Crise Keynesiana

"A causa principal e o motor desta crise" foi "um estímulo governamental e fiscal que permite a todo americano deduzir da renda tributável os juros da compra da casa própria, da casa de campo e até de um veleiro. Até o limite de 1 milhão de dólares de dívida."

"Este deve ser o incentivo fiscal mais equivocado da história econômica, porque obriga os americanos a se endividar até o teto: quem compra a vista não tem benefício fiscal."

"Uma política econômica inflacionária
estimula a superprodução e bolhas imobiliárias. Não foram os bancos que causaram esta bolha; foram os keynesianos. Esta política estimula a procura de casas com o mínimo de entrada, o máximo de dívida e o máximo de juros. Por isso nos Estados Unidos, banqueiros são democratas, apóiam economistas keynesianos, algo que muitos economistas monetaristas não se conformam. Deveria ser o contrário."

Leia o resto aqui.

quarta-feira, maio 20, 2009

Contra-alísios contra islamistas

Quatro mulheres irão ocupar assentos no parlamento do Kuwait, um país pequeno ao sul do Iraque que ganhou projeção internacional no início da década de 90 quando foi invadido por Saddam Hussein. Essa é a terceira eleição em um ano em que islamistas saíram perdendo. No Paquistão, a proporção do voto islamista caiu de onze para três porcento. No Iraque, em eleições locais, os islamistas foram varridos do governo. A votação para o parlamento nacional no Iraque será o grande teste ano que vem.

As quatro mulheres kuwaitianas venceram opositores islamistas ou líderes tribais em seus distritos.

Veja a notícia em inglês aqui.

sexta-feira, maio 08, 2009

The Gnosiological Position of Duns Scotus - Part I of II

By Mário Ferreira dos Santos

Duns Scotus performs, in the history of occidental philosophy, a role not always well understood or fairly judged. The famous "doctor subtilis", who in part follows the platonic thread through Avicenna, conquered a position as prominent as that of Thomas Aquinas, never mind that, as we had already said, his valour has been in large part obscured because of the controversy between thomists and scotists. These reproduce, for clearly corresponding in the level of our culture, the opposition between platonics and aristotelics, in greek culture; between the partidarians of Avicenna and Averroes, in the arab culture.

Only a dialetic vision will permit to conciliate the positivities of the two thoughts that follow different vectors: the one of the interiorization, going in the direction of the univocity of the ideas, of Duns Scotus, and the one of the exteriorization, searching the analogy of being, through the effects to the causes, as the one of Thomas Aquinas.

One can even say that these two vectors are invariants in the philosophy.

And the incomprehensions, that the disciples protrude, the distinctions, which stress, and the conflicts, which abyss, are more products of an unilateral comprehension, fruit of the sectarian spirit of school, which create diverse perspectives, than properly those of the true thought of these great masters, which a dialetic disposition of the thesis would easily allow a conciliation.

It is true that, in this book, we won't be able to undertake this study, which we transfer to other works of coming publication. What interest us now to stress is the contribution of Duns Scotus to the solution of the gnoseological problematic. As it wouldn't be possible to treat of his ideas, without preceding this for a clear diposition of his philosophy, before examining his thesis, we will make a explanation of his fundamental ideas, if not global, at least in those points which can interess our studies.

In general, the thomists consider Duns Scotus as an extreme realist. However, the reading of his work, well too soon would show us two thesis which are clearly anti-realistic, as goddly stressed by Maréchal:

1) a metaphysics thesis: the individuation of sensible objects, founded exclusevely upon the last formal difference, the "haecceitas";

2) the corresponding psychological thesis: the intellectual perception, immediate and primitive, of the material individuals, species of confuse intuition of the "singular" by the intelligence.

For the analysis of these two thesis, we would first need to examine the rôle featured by Avicenna.

THE INFLUENCE OF AVICENNA

It's in the "Ontology" that we have studied what means essence and existence. We may, however, examinate what is the position of Avicenna in face of these intrinsic principles of being.

"Essentiae vero rerum aut sunt in rebus aut in intellectu; unde habent tres respectus." (Indeed, the essences of things are either in the things themselves our in the intellect; consequently there are three situations):

Therefore, we have:

1) the essences considered by themselves, extra mentis, out of relations with understanding or with things; that is ante rem;

2) essences included in things, in singular things, that is in re;

3)in the thought, that is post rem.

The three situations of the essence, which correspond with the diverse positions in the face of the problem of universals, are here embodied by Avicenna, who admits the three classical affirmations, not only this or that.

Everything that exists has an essence. It is this essence the principle of its being what it is.

Well, the essence is one, she is herself, she doesn't confound herself with another one, which is other than the first. But she can't altogether be confounded with the properties that derive from her, which are consequence of the presence of the essence. It is not of man'essence to laugh. To laugh is a property of that one.

To Avicenna, the essence is neither singular nor universal. The singularity or universality are determinations that the thought attribute to her, and are "accidentals" to her, for, in herself, she is not singular or universal:

"To take an example of the order of genus, we will say that animal is by himself something, and that it is the same, either we regard the sensible or the intelligible in the soul.

In itself, animal is neither an universal nor a singular. Veraciously, if it was, by itself, universal, in a manner that the animality, as long as animality, were universal, it woudn't be possible that there were any particular animal, but every animal would be universal. If, on the contrary, by the mere fact of being animal, animal were singular, it couldn't be other than singular, that is, this one to whom belongs the animality, and no other singular could be animal. So that, taken by itself, animal isn't but this intellection, animal, in the thought; as long as it is conceived as being animal, it is not but animal, and nothing more; but if, besides, it is conceived as an universal being, or singular, or something, we conceive, then, besides this animal, something accidental to the animality."

This famous quote from the "Logic" of Avicenna put us before his thought with all possible clearness.

Synthesizing his ideas to our manner of seeing and exposing, according to the "Theory of Tensions," we would have that:

1) the essence, ontologically considered, is an ontological schem, not of a noetical (from Nous, spirit) content, but instead of a metaphysical quidditas, ante rem, independent of man's thought, an arithmós tónos in the being, not subsistent by itself (without ensity), but subsistent in the being, as a possible essence.

Form that informing the matter becomes subsistent in the supositum, in the kipokeimenon, on the matter, and therefore exists. In this case, the essential mode of being foregoes the existencial mode of being. The existence isn't but an "accident" of the essence, something that happens to the essence. But this forego isn't chronological, as thomists pretend, because the world of essences isn't the world of time, but of eternity, where there are no backdatings or successions.

When suffering the accident of existing, the essence temporalizes itself in re, in the thing, without however losing its metaphysical arithmós tónos. If everything that exists has a form, has an essence, which is the principle of (the thing) being what it is, and not something else, this essence was possible. So it was that its existence happened.

It was possible in the being, where it had an essential being, because if it hadn't an essential mode of being, not having an existential one yet, it would be mere nothing, and, in that case, it couldn't have appeared existentially. Therefore, it was a gradus metaphysicum of being. And inasmuch so, it wasn't universal nor singular, because the universal or the singular belong to the world of existences in themselves, not of essences in themselves. So, this essence, in itself, doesn't individualize nor universalize itself, because it is one, unique, always the same, immutable in the being. As an essential schem, it is an ante rem mode of being.

Animal non est nisi animal tantum = animal isn't but animal, or to say it better, animal is nothing but animal. This famous formula from Avicenna, which was expressed in his exclamation: ipsa equinitas non est aliquid nisi equinitas tantum. The equinity is nothing else but the very equinity.

If essence, whereas essence, existed, it would have an unity of existence. This a propriety that accompanies inseparably the existent substance, for the unity doens't exist in itself, it depends on the being of whom we say it is one.

Well, the essential schem doesn't have (as an ante rem which it is) an existent substance, for it is subsistent as possible in the being; it is only essential.

The essence is a being, a quiditative being, and, as such, it is real, but it is not, by itself, a being of existence; it is only an essential being. Its reality consists in its conformity with an exemplary model, which is its existence in God, says Duns Scot in synthesis.

The essence, as a reality, is an essential schem in the Being, an exemplay model. It has an essential unity (hence, it is a structure, for being correspondent to the exemplary model).

Duns Scot will show, next, that this quiditative unity is smaller than that of the individual and bigger than that of the universal. Its unity, then, is the one of the indeterminate nature respecting both the individuality and the universality, but determinable to both. And it doesn't lose its essential unity when receive any of these determinations. It is its indetermination that allows its communization.

This way, the essence as such is univocal, because it is always the same. As the being is the most formal of all essences, its predication is always univocal.

But, attention, and here it is important in order to avoid the confusions between thomists and scotists, this univocity is only metaphysical: this univocity just happens on the essential order.

The essence, as long such, has a possibility of subjective existence, and this possibility is given to it by the individualization. But the latter doesn't trust it upon existence, despite being, however, the last formal condition of its possibility.

Hence, the essential scheme has an unity and an individuality in the Being. But individuality is a condition, a propriety. The unity can't exist in iself, because it requires the being of whom we say it is one.

The unity doesn't enter in the definition that includes just the near gender and the specif difference. The quidity, therefore, is essentialy what fits in the definition, which distinguishes it from others, but it is not the definition that confers it its reality, this is confered by its quiditative being, by its essential scheme.

This way, man's essence is the humanity, as the one of the horse is the equinity. But this horse is not just equinity, because Duns Scot shows us (which is a logical consequence of his philosophical position) that, since the quiditative being is not an existential being (it is only an essential being), other quidities, formally distinct in the order of the quiditative being, can enter in the composition of an existential being (of an existent), without breaking the unity of its being of existence.

It elapses, then, that:

a) the essential unity is one;

b) the existentil unit, of the existent, is another, which includes quiditatively, in itself, the essences, forming a new unity (a new tension, a new scheme, the scheme of the concrete existential singularity, therefore), which is not broken by the presence of the other unities.

The quiditative being (the essential scheme) has an unity from its essential order, that is consequentialy quiditative, which, as we have already seen, distinguishes itself from the unity of the individual as from the one of the universal.

The individualizing act (haecceitas) belongs, therefore, to the quiditative and formal entity, but, by itself, it is not a form, for, if it were, it would determinate a new species; the individualizing act is, in its form, the essence's last atualization.

Hence, Peter is, as gender, animalitas; as species, rationalitas and, as individual, petreitas.

The animalitas, as gender, differentiates him from other genders, as rationalitas differentiates him as species from the other species contained in the gender, as petreitas differentiates itself from the other individuals contained in the species. In Pter, therefore, the quidity, the essence humanitas, knows its last actualization, which is the individual, the last determination.

This way, the unity of essence, in the diverse orders in which it happens, is always an accident of it.

2) The essence, ontically considered, in re, in the individual, is the concrete scheme of the same, what makes this individual to be what he is and not something else.

This essence universalizes itself in the beings of the same species, where it is an individual and concrete scheme, but that becomes...

3) a being of reason (post rem), the noetical scheme, abstract, developed by the mind.

These two last aspects are the ones that interest us most, because the others belong to the field of Ontology, whre they will be treated apropos.

The essence in the Being, as thought of God, is a possible while it doesn't actualize itself as an existetnt. While possible, it has its esse, its possible being. Man, on the divine understanding, is a possibility of being endowed with an actual existence. This possible is the common nature, the essence indifferent to the universality of the concept, the ontological essential scheme, possible only, indifferent too to the singularity of the existent. The creation is the act through which that essence "accidentalizes" itself on the actual existence, acquiring the singularity.

The essence, for Duns Scot, has its degrees of intensity, which are its intrinsic modes (modus intrinsecus). Everything that combines with the essence are essence's intrinsic models, and it doesn't vary anything in its formal reason.

The white light may vary its intensity without failing to be white light. The intensity is an intrinsic mode of the white light, or a gradus. Hence, the finite and the infinite are two intrinsic modes of the being, because the being, as being, is univocally the same always. As infinite differs infinitely in its modality of the finite.

Duns Scot considers accident to be everything that is strange o the quidity., to the essence, beyond the classical definition that it is properly something that subsists in another as in a subject.

The being of the essence has metaphysical priority over the the being of the existence, that is, it has a "nature priority". The subject can't exist in its "priority", which is the existence, but the essence has, by "nature", priority over the existence.

What is first by nature is axiologically superior. The existence is an intrinsic mode of the essence, and therefore distinguishes itself from it.

But what species of distinction? The distinction is formal, say the scotists. The formal distinction is considered by the thomists as a mere artifice, because the essences, as everything else, either are actually distinct, in re, or in the human mind, conceptually. Therefore, where would the formal distinction fit?

It would be naive to think that the scotists didn't consider this difficulty. But, as the distinction is a theme for the ontology, there we will study it, mostly the formal, which requires we have already neatly established certain ontological aspects.

But, since we comprehend the quidity, metaphysically considered, it is easy to to comprehend, in light of what we have studied till here, that the distinction is merely formal, and formalis ex natura rei, that his, its origin is in the thing's nature, independently of human's thought, extra-mentis.

Let us cite Fuetscher: "Some think that in order to eliminate that distinction the following dilemma is enough (referring to the thomists): a distinction either depends on the knowledge (conceptual distinction) or is independent from the same (real); there is no middle term... Hence, the scotist formal distinction disgust them, because it is neither dependent nor independent from the knowledge.

Actually this critique demands little effort -- continues Fuetscher --, but it is holy innacurate. The scotists expressly affirm that the formalities (quidditates = essences, as such) distinguish themselves independently from the thought; in this sense, they are not a middle term between real and conceptual. Actually, they really distinguish themselves. For that reason, the formal distinction is called ex natura rei too, and this way expresses the independence of knowledge. Very well: if we compare between themselves all the things that distinguish themselves ex natura rei, we find may grades. With independence from the thought one distinguish two men, but also body and soul, in the same man. And according to many scholastics, equally independent from the knowledge is the distinction between subject and mode (wants to refer to Suarez): and according to the scotists, the distinction between animalitas and rationalitas in the man. But the two last latter distinctions are considered as minor ones in comparison with the formers; not for being less independent from the knowledge, but because of the nature of the thing itself that is distinguished ex natura rei. That's why they receive their names of modal and formal distinctions. Thereby, the term "real" admits two aceptions. In the first, it menas the same as "independent of the thought" = ex natura rei; in this sense it doesn't admit neither more nor less, and the scotists don't say the contrary. The other aception is fueled by the proclivity of the diverse objects which distinguish themselves ex natura rei, which divide themselves in two or three groups: res -- modus -- formalitas.

It corresponds to them the real, modal and formal distinctions, all of them exist independently of the thought. To all of them opposes itself the conceptual distinction, which is of two classes: the onde grounded on the objects and the one with no ground, that means, totally elaborated by the thought." (Fuetscher, Acto y potencia, pág. 53).

THE COMMON BEING

Grounded in the avecinnian essence, Duns Scot establishes three states of the being:

1) in re, the essence on the singular real, is the physical state of the being; concrete scheme;

2) post rem, the essence conceived by the thought as an universal or a singular, contitutes its logical state: abstract-noetical scheme;

3) ante rem, the essence by itself, without any determination, is its metaphysical state: eidetical scheme, essential (therefore, ontological).

In this case, the univocity of the being belongs only to the metaphysical state. Put on the logical plan, it emerges with the determinations of singularity or universality, which engender relations of equivocity and analogy.

Understood this way, the polemic between scotists and thomist loses its raison d'être, becoming a steril dispute of schools, according to the unilarities of the respective perspectives.

The univocity, as belonging only to the essence in its metaphysical state, is understood as the beings of a same essence, as such, are univocals, because the essence, metaphysically considered, as such, is only what it is.

Well, considering so the matter, the scotist univocity in no way contradicts the thomist analogy, but even completes it. In the "Ontology", when we analyse decadialetically the analogy, this teme will become so clear that, we are sure, the controversy won't find fundamentals but in a mutual bad comprehension of both positivities, the thomist and the scotist, which perfectly know a dialectical concretion, as we shall see.

Those are divergences consequent of the two vectors already pointed out, which actualize themselves in the position more empirist and extroverted of Thomas Aquinas and in the position of Duns Scotus, more platonical and introverted, which accounts for a psychological explication to the controversy, allowing a dialetical conciliation by the concretion of the positivities, what we will do and demonstrate when the opportunity comes.

For Duns Scotus, therefore, the object of the metaphysics is the being in its metaphysical state, the pure essence.

The physicist would study the quidditas rei materialis, the quidditas of the material thing, the quidditas in re, while the metaphysician would study it in its metaphysical state, in quid.

The entitas, the entity, is the propriety of everything that possesses the being, in any sense and in any level; here a scotist maximum rule. The inteligibily (the capacity of being intelligible) always follows the entity. The being is the first object of the human intellect (this was the avicennian afirmative that Duns Scotus develops in its magistrals works). And as such, the intellect is able to know everything that "is", as long it is. Everybody comprehends the being when think the being. It is an adequate and proper object to the human intellect. And for being so, intelligible, as the same always, our knowledge so is "univocal".

But in what sense and what measure it is so, it is a theme, not only gnoseological but also ontological, that Duns Scot develops in marvellous pages of phlosophical subtlety in its most eminent sense. because it is not a subterfuge, a recourse, but a clearing of hues, which elevate the phylosophy to one of its highest tops.

Ii is the being the first in the reality. It is also the first notion which is conceived by our intellect, because every knowledge is a knowledge of the diversilly modified being. If to everything that we can attribute the being, the being is hereby univocally attributed, it is not, however, attributed in the same way to everything.

Everything that is intelligible includes the being, but includes it in two different ways: by virtue of the "primacy of the comunity of the being", and by virtue of the "primacy of the virtuality" of the being. The being is the first to everything that is common to it and to everything that it implicates. The being is atrributed as being of its essence.

But here are certain determinations of the being, which considered by themselves, are not the being, but only qualifies it. For example, act and potence are not beings, but in everything it is necessary both.

Act and potence are ultimate differences of the being (differentiae ultimae), while the "transcendentals", like the good, the true, and the beautiful are ultimate proprieties (propriae passiones entis). As to these differences that determinate the essence of the being qualifying it, the being is univocal only in relation to the primacy of the virtuality, because it implies them, while they, taken precisely as themselves, "are" not, as Gilson clarifies.

In this way, the being is not univocally predictable from its ultimate differences, because, if it was, they coudn't be its "differences", because they would essentially be the being and it would be necessary to add further determinations, which, not being univocally the being, would serve to differentiate it. As we can't back ad infinitum, there is, hence, the intelligible which is not directly the being, but is qualification, its determination. If they were univocals, and at the same time differents, we would fall to an absurd. And if so, we could only of the being that it is being, what would lead us to a total indetermination.

The concept of the being is a simple concept, because the being is only itself, therefore indefinable. To jump out of total indetermination, we would need a composed concept, a concept endowed with two concepts, forming a new unity. One would stay in front of another as in the relation of act and potence. One would represent the role of the determinant and the other of the determinable.

The concept of determinable is of the being that, by virtue of its universal community, doesn't contain by itself any determination: the potenciality. But for this determinable to fail being such, it requires a determinant, with which it composes itself, a determinant that is, by itself, as pure as that, but that immediatily is pure act, as that is immediatily potence. In this way, a concept that is not absolutely simple, must be combined and reductible to a determinable concept and to one determinant concept.

This resolution "must" stay in absolutely simple concepts, that is, an only determinable concept, that does not include anything of determinant, and an only determinant concept, that does not include any determinable concept.

The only determinable concept is the concept of being and the only determinant concept is the one of its ultimate difference. These are the concepts immediately distinct and one doesn't include the other: nulla differentia simpliciter ultima includit ens quidditative, quia est simpliciter simplex, (no only ultimal difference includes the quidditatively being, because it is simply simple).

Duns Scot calls concept simpliciter simplex the one that is not resoluble in multiple concepts, as the concept of being and the one of ultimate difference, he calls simplex the ones that can be redutible to diverse concepts, although concipi ab intellectu actu simplicis intelligentiae, although conceived by the intellect in a simple act of intelligence, as, for example, the concept of species.

If we have prolonged ourselves so far it was in order to show in what gound is the univocity of being founded upon to Duns Scot. We treat other aspects of this doctrine which suddenly invade the terrain of the being in the opportune places and works.

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From Mário Ferreira dos Santos's Teoria do Conhecimento (Theory of Knowledge)

The translation from portuguese is mine.

quarta-feira, maio 06, 2009

Lendo Mário Ferreira dos Santos

Apenas na mente do homem é possível fazer a distinção sobre a singularidade ou universalidade de um ente. A essência, antes de existir, tem a potencialidade de determinar, é um determinante possível, como pensamento de Deus, sem existir.

Uma vez que atualiza a matéria e passa a existir, a essência não ganha uma qüididade distinta, ao revés, ela continua sendo o que sempre foi, mas cumpre sua causa final, qual seja a de determinar a matéria. Ao fazê-lo, ela atualiza-se na matéria, e passa a existir na coisa concreta à qual dá o ser que faz dessa coisa o que ela é.

Uma vez determinada a coisa concreta, o homem pode distinguir essa essência de modo individual ou universal. Assim, Sócrates tem a racionalidade (universal) e a animalidade (universal), bem como a socraticidade (individual). O ato individualizante é condição para que a essência atualize a matéria, mas ele em si não é essência, pois se o fosse, determinaria outra espécie de ser, o que ele não faz, ele apenas traz a realidade última (ultima realitas entis) para a essência existir, é o filtro da essência, o "sopro de Deus" antes da essência existir determinando a matéria.

Como possível, antes da existência, a essência tem "natureza indeterminada quanto à individualidade, como quanto à universalidade, mas determinável por ambas", ou seja, quando ela sai do reino das possibilidades no ser e atualiza a matéria, ela pode, no pensamento racional -- e aí apenas -- ser distinguida como um universal -- a animalidade por exemplo -- ou como individual -- a socraticidade.

Não faz sentido dizer que a essência é singular ou universal. Ela o é sob certo aspecto, dependendo da análise de um ser racional que a pense como universal ou como individual, mas antes disso a essência existe como tal e é assim percebida por qualquer animal, racional ou não, o qual enxerga a humanitas de Sócrates, na qual se incluem as determinações universal e singular, imediatamente, sem necessidade da razão, a qual, por sua vez, servirá apenas para fazer as distinções formais da coisa. A essência humanitas de Sócrates tem consistência no ser antes de ser determinada na existência como ser individual e como um genérico da espécie animal racional. O pensamento referir-se-á ao mesmo objeto, a essência humanitas de Sócrates, porém a pensará como individual ou universal. Trata-se de uma distinção real, porque, além de fundada na coisa, deve sua distinção à própria coisa.

Outra seria a distinção quando dizemos que "Sócrates é filósofo e guerreiro." Essa distinção foi feita por nós com base em atividades distintas de Sócrates, porém, referindo-nos a Sócrates como filósofo e guerreiro, não nos referimos a suas atividades, mas a ele mesmo, e portanto tratamos de uma única e mesma coisa. É uma distinção conceitual.

Mas chega de filosofês para não sair fumaça da cabeça.

Qualquer erro por favor me corrijam.

PS: Aviso aos desprevenidos. O texto teve por base o capítulo A posição gnoseológica de Duns Scot, do livro Teoria do Conhecimento, porém a ele não se ateve.

PS II: Além da correção de eventuais erros, contribuições positivas são muito queridas.