terça-feira, julho 24, 2007

Saite ( ou sítio ) Língua Brasil

Adicionei na lista de links ao lado o site Língua Brasil, desenvolvido por Maria Lucia Piacentini. Lá se pode tirar várias dúvidas de português. Vou até dar uma olhada para saber se essa última frase está correta.

A escrita de Otto Maria Carpeaux

por José Carlos Zamboni, como parte do ensaio Amigos e inimigos do Carpeaux ( ver em http://br.geocities.com/jc.zamboni/ )

Se o estilo é o homem, e por ele se conhece o autor, a escrita enxuta de Carpeaux, admiravelmente limpa de retórica, não poderia ser opção de um homem moralmente desqualificado: há outras alternativas estilísticas para esse tipo de gente.

João Ribeiro, grande escritor e não menor caráter, afirmava que “o verdadeiro estilo, o estilo do homem de gênio, em certa maneira é falho e pobre de beleza e de outros agrados; porque no estilo é cousa muito principal o caráter e é raro que um homem de caráter seja de trato amável. Assim o estilo. Cícero escrevia excelentemente, mas não há estilo seu, porque é fora de dúvida que foi um mau caráter e um bandoleiro político. Tácito, ao contrário, não tem a pompa de Cícero, os seus períodos são breves e atalhados como que de cólera: mas deixou um estilo e era ao mesmo tempo grande homem de caráter.” (Páginas de estética)

quinta-feira, julho 19, 2007

O fim da experiência poética

No orkut, uma das opcções para a pessoa escolher como visão religiosa é: "Tenho um lado espiritual independente das religiões." É preciso tomar cuidado com isso, às vezes a pessoa diz isso porque tem um sentimento religioso forte, mas não tem fé verdadeira. Como disse Daniela Gouvea, em podcast no site portodoceu.com.br, a pessoa tem um lado espiritual, e o outro lado, é o quê? Oco? o Papa João Paulo II alertava para esse traço característico do brasileiro que é o de ter muito sentimento, e pouca fé. Fé é confiança, não é crença. Se você não gosta de uma religião, não concorda com sua doutrina, desgosta do que o padre fala, não precisa deixar de acreditar em Deus. Bruno Tolentino, o grande poeta que faleceu recentemente, disse que começou a se converter ao cristianismo quando um ex-aluno seu, que havia virado monge, disse-lhe que faltava integridade. Bruno era um homem pela metade. Ele procurava as coisas, não pelo valor delas mesmas, mas para usá-las de alguma forma, para servir-se delas de algum modo. Na entrevista concedida ano passado, reproduzida em vídeo e que pode ser acessada no site O indivíduo, ele se penitenciava do erro de longos anos, quando, respondendo à pergunta de para quê servia a poesia, disse que ela não servia para nada. Não é para ser usada. É para te levar a viver determinadas experiências, que, digamos assim, te enriquecem, te enriquecem espiritualmente. Menos do que isso, acresecentaria eu, não é poesia, é poesia pela metade. Dividir um todo qualitativo em partes não coordenadas é acabar com o todo. É o fim da experiência poética enfim.

sábado, julho 14, 2007

O general profetizou

"Ponha-se na presidência qualquer medíocre, louco ou semi-analfabeto e vinte e quatro horas depois a horda de aduladores estará à sua volta, brandindo o elogio como arma, convencendo-o de que é um gênio político e um grande homem, e de que tudo o que faz está certo.

Em pouco tempo transforma-se um ignorante em um sábio, um louco em um gênio equilibrado, um primário em um estadista. E um homem nessa posição, empunhando as rédeas de um poder praticamente sem limites, embriagado pela bajulação, transforma-se num monstro perigoso."

MOURÃO FILHO, Olympio. Memórias: a verdade de um revolucionário. Porto Alegre, L&PM, 1978. Pag. 16

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Olympio Mourão Filho foi o general que deu início ao movimento de 64, pondo em marcha em direção ao Rio de Janeiro, então capital de fato do país, as tropas sob seu comando em Minas Gerais. O movimento vitorioso derrubou o governo João Goulart, iniciando-se na sequência uma ditadura militar que durou vinte anos.

quinta-feira, julho 12, 2007

O filme que mais me faz pensar

Scent of a Woman

"Take like, and I don't want to push Scent of a Woman, but Scent of a Woman is the book of Ecclesiastes. Now, how many Christians will stay away from that movie because there is cursing and he sleeps with a hooker? That is the book of Ecclesiastes. The man who says, 'All is vanity, all is lost, I have no hope.' It is the love of a boy, the love of a child, God incarnate through a boy, comes in and says, 'I love you,' and it changes his life." (Director Tom Shadyac, interviewed for Catholic Exchange, May 2, 2003).
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Sobre o filme Perfume de mulher. Disponível no site metaphilm.com

quarta-feira, julho 11, 2007

O contrato de casamento

por Stephen Kanitz

Na semana passada comemorei trinta anos de casamento. Recebemos dezenas de congratulações de nossos amigos, alguns com o seguinte adendo assustador: "Coisa rara hoje em dia". De fato, 40% de meus amigos de infância já se separaram, e o filme ainda nem terminou. Pelo jeito, estamos nos esquecendo da essência do contrato de casamento, que é a promessa de amar o outro para sempre. Muitos casais no altar acreditam que estão prometendo amar um ao outro enquanto o casamento durar. Mas isso não é um contrato.

Recentemente, vi um filme em que o mocinho terminava o namoro dizendo "vou sempre amar você", como se fosse um prêmio de consolação. Banalizamos a frase mais importante do casamento. Hoje, promete-se amar o cônjuge até o dia em que alguém mais interessante apareça. "Eu amarei você para sempre" deixou de ser uma promessa social e passou a ser simplesmente uma frase dita para enganar o outro.

Contratos, inclusive os de casamento, são realizados justamente porque o futuro é incerto e imprevisível. Antigamente, os casamentos eram feitos aos 20 anos de idade, depois de uns três anos de namoro. A chance de você encontrar sua alma gêmea nesse curto período de pesquisa era de somente 10%, enquanto 90% das mulheres e homens de sua vida você iria conhecer provavelmente já depois de casado. Estatisticamente, o homem ou a mulher "ideal" para você aparecerá somente, de fato, depois do casamento, não antes. Isso significa que provavelmente seu "verdadeiro amor" estará no grupo que você ainda não conhece, e não no grupinho de cerca de noventa amigos da adolescência, do qual saiu seu par. E aí, o que fazer? Pedir divórcio, separar-se também dos filhos, só porque deu azar? O contrato de casamento foi feito para resolver justamente esse problema. Nunca temos na vida todas as informações necessárias para tomar as decisões corretas.

As promessas e os contratos preenchem essa lacuna, preenchem essa incerteza, sem a qual ficaríamos todos paralisados à espera de mais informação. Quando você promete amar alguém para sempre, está prometendo o seguinte: "Eu sei que nós dois somos jovens e que vamos viver até os 80 anos de idade. Sei que fatalmente encontrarei dezenas de mulheres mais bonitas e mais inteligentes que você ao longo de minha vida e que você encontrará dezenas de homens mais bonitos e mais inteligentes que eu. É justamente por isso que prometo amar você para sempre e abrir mão desde já dessas dezenas de oportunidades conjugais que surgirão em meu futuro. Não quero ficar morrendo de ciúme cada vez que você conversar com um homem sensual nem ficar preocupado com o futuro de nosso relacionamento. Nem você vai querer ficar preocupada cada vez que eu conversar com uma mulher provocante. Prometo amar você para sempre, para que possamos nos casar e viver em harmonia". Homens e mulheres que conheceram alguém "melhor" e acham agora que cometeram enorme erro quando se casaram com o atual cônjuge esqueceram a premissa básica e o espírito do contrato de casamento.
O objetivo do casamento não é escolher o melhor par possível mundo afora, mas construir o melhor relacionamento possível com quem você prometeu amar para sempre. Um dia vocês terão filhos e ao colocá-los na cama dirão a mesma frase: que irão amá-los para sempre. Não conheço pais que pensam em trocar os filhos pelos filhos mais comportados do vizinho. Não conheço filho que aceite, de início, a separação dos pais e, quando estes se separam, não sonhe com a reconciliação da família. Nem conheço filho que queira trocar os pais por outros "melhores". Eles aprendem a conviver com os pais que têm.

Casamento é o compromisso de aprender a resolver as brigas e as rusgas do dia-a-dia de forma construtiva, o que muitos casais não aprendem, e alguns nem tentam aprender. Obviamente, se sua esposa se transformou numa megera ou seu marido num monstro, ou se fizeram propaganda enganosa, a situação muda, e num próximo artigo falarei sobre esse assunto. Para aqueles que querem ter vantagem em tudo na vida, talvez a saída seja postergar o casamento até os 80 anos. Aí, você terá certeza de tudo.

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Publicado na revista Veja, do dia 29 de Setembro de 2004 e disponível no site do autor: www.kanitz.com

terça-feira, julho 10, 2007

Neve em Buenos Aires

Nevou ontem em Buenos Aires. Faz 90 anos que isso não acontecia na cidade. Pena que estava aqui no Rio de Janeiro. Como prêmio de consolação, posso dizer que assisti à maior chuva de granizo da minha vida na cidade, ano passado. Adoraria disponibilizar o vídeo que mandaram para mim da neve caindo na esquina das ruas San Juan e Boedo, mas como não sou expert em computador, ainda não aprendi a utilizar essa ferramenta. Fica para uma próxima oportunidade. Não é incrível ter nevado em Buenos Aires?
um abraço ao leitor.

domingo, julho 08, 2007

Burrice nacional


Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.

Darcy Ribeiro.

Segundo Darcy Ribeiro, as crianças brasilerias são analfabetas, os índios não foram salvos, a universidade brasileria não é séria e o Brasil não se desenvolveu autonomamente. A presente dissertação pretende discutir o primeiro e terceiro argumentos; em relação ao segundo e quarto, far-se-ão apenas observações, pois o autor do texto não tem uma visão geral do assunto.

Noventa e cinco por cento das crianças brasileiras estão nas escolas, para gáudio de burocratas. Mas as crianças realmente sabem ler, ou apenas escrevem seus nomes no papel? Recentemente, competição internacional envolvendo estudantes de vários países colocou os brasileiros entre os últimos lugares. Ano passado, pesquisa apontou que quinze por cento dos universitários do Rio de Janeiro jamais leram um livro não didático. Nos dados oficiais, consta baixo número de crianças analfabetas. Porém, quantas das crianças alfabetizadas segundo o governo passariam em um teste sério de compreensão de texto, que não apontasse seu analfabetismo funcional?

A universidade brasileira, sobretudo a pública, é, com raras exceções, um antro de esquerdismo militante. Os estudantes da Idade Média que criaram a universidade com o propósito de adquirir conhecimento devem corar de vergonha ao ver que no Brasil sua idéia foi transformada em centro de propagação de ideologia de massa. Com exceção dos cursos profissionalizantes, os quais, por sua própria natureza, não têm o condão de enriquecer a cultura, a universidade brasileira não é séria.

Salvas ou não, muitas tribos indígenas conseguiram demarcar reservas e exploram as riquezas minerais aí presentes.

Venceu o Brasil a burrice coletiva. Nelson Rodrigues já nos anos 70 dizia que os burros, antes tímidos e calados, ameaçavam ocupar o centro da cena intelectual, numa revolta da burrice. Trinta anos depois a profecia do dramaturgo jornalista se concretizou. O Brasil é governado por um homem absolutamente incapaz, que disse a seguinte frase, epítome do orgulho da burrice, e uma burrice em si: "Minha mãe nasceu analfabeta." Terá chegado o fundo do poço apontado por Darcy Ribeiro ou devemos esperar porque o buraco é mais embaixo?

sábado, julho 07, 2007

Chapolin contra o aborto

Notícia apresentada pelo usuário Leandro na comunidade do orkut Estamos com Alvaro Uribe, no dia 05 de abril.

O humorista mexicano Roberto Gómez Bolaños, conhecido como Chespirito, entrou na polêmica sobre o aborto no México, gravando uma mensagem de televisão contra a interrupção da gravidez. A mensagem de Chespirito, conhecido pelos personagens Chaves e Chapolin, foi transmitida na noite de terça-feira pela rede Televisa.

"Olá, sou seu amigo Chespirito. Quando eu estava no ventre da minha mãe, ela sofreu um acidente e ficou à beira da morte. O médico disse: 'você terá que abortar'. E ela respondeu: 'abortar, jamais'. Ou seja, defendeu a minha vida, e graças a isso estou aqui", disse Chespirito na mensagem.

A sociedade mexicana discute hoje um projeto em debate no Congresso da capital para descriminalizar o aborto. No domingo, grupos antiabortistas se manifestaram nas ruas da Cidade do México para protestar contra a iniciativa de legisladores esquerdistas, que propõem a descriminalização total. Atualmente o aborto só é permitido nos casos de risco de vida para a mãe, quando a gravidez é conseqüência de estupro ou se o feto apresenta má-formação. O prefeito da capital, Marcelo Ebrard, avisou que sancionará a lei, caso seja aprovada.

terça-feira, julho 03, 2007

"What life expects from you?"

Entrevista de Viktor Frankl dividida em uma, duas, três partes.
"Dispair = Suffering - meaning."
"Desespero = Sofrimento - sentido."

tradução do título: "O que a vida espera de você?"