quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Os números e a realidade

Ontem assisti a uma reportagem que dizia que o número de mortos por parada cardíaca no Brasil alcançava o número de 200.000 pessoas. O telespectador pode ficar alarmado com esse número. Mas será que essa é uma atitude inteligente? A reportagem não dizia qual seria um número razoável de mortos no universo dos quase 190 milhões de brasileiros. Faltou um termo de comparação. Sem ele, os números não dizem nada e podem trazer um alarme injustificado. A reportagem poderia dizer que em outros países o número de mortos por parada cardíaca por cem mil habitantes é tanto, e então comparar com a taxa brasileira. Mas sem um ponto de referência não podemos saber se os 200.000 brasileiros mortos por parada cardíaca são um número baixo, dentro da normalidade ou alto. As medidas em geral têm a característica de não bastar por si para descrever uma realidade. Por exemplo, pode-se dizer que o estado do Paraná é um estado grande, pois é maior do que países europeus como a Suiça por exemplo. Mas em comparação com o estado do Amazonas, o Paraná é um estado de médio porte. Também as sensações do frio e do calor têm essa característica. A temperatura que faz um alemão sentir frio é mais baixa que a temperatura que faz um carioca sentir frio. Grande, pequeno, frio, calor, precisam de um termo de comparação para fazerem sentido real. Quando se diz que uma pessoa é alta, deve-se entender que ela é mais alta que a maioria das pessoas dentro de um universo-pode ser falso ou verdadeiro o enunciado, mas seu sentido é esse. Dentro de outro universo, porém, talvez ela não fosse alta. Assim, certo mesmo é dizer que uma pessoa é mais alta que outra. O Oscar Schmidt é mais alto que o Pelé, isso é real, visível e inegável.

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