O estamento burocrático-empresarial, de que fazem parte blógues sujos, jornalistas comprados nas redações da PIG, donos de veículos de mídia conchavadores, movimentos sociais que não arrecadam dinheiro da sociedade, todos estes assediadores moral-psicológicos, precisa ser destruído.
segunda-feira, agosto 17, 2015
terça-feira, abril 21, 2015
Vida de casado
Findo o almoço, relaxava tomando um café e lendo um conto de Machado de Assis.
Ela entra na sala e sobressalta: "Ai, credo"!
-- O que foi?
-- Tem uma lagartixa na parede.
-- Ah é, tem mesmo.
Fez menção de voltar-se consigo no sofá.
-- !?!! -- porém ela olhou-o até que ele desse por isso.
-- Ah, deixa para lá, daqui a pouco ela vai embora.
Saiu resignada, contrariada. Triste um pouco.
Ele se acomodaria mais uma vez, tornou a ler, inclusive, mas não foi longe. Pousou o livro.
Daí tomou um gole de café e foi ver a lagartixa.
Ela entra na sala e sobressalta: "Ai, credo"!
-- O que foi?
-- Tem uma lagartixa na parede.
-- Ah é, tem mesmo.
Fez menção de voltar-se consigo no sofá.
-- !?!! -- porém ela olhou-o até que ele desse por isso.
-- Ah, deixa para lá, daqui a pouco ela vai embora.
Saiu resignada, contrariada. Triste um pouco.
Ele se acomodaria mais uma vez, tornou a ler, inclusive, mas não foi longe. Pousou o livro.
Daí tomou um gole de café e foi ver a lagartixa.
quinta-feira, março 12, 2015
O Corão à luz do Livro de Urântia
Jesus, o Filho do Homem, foi o último profeta de Israel porque o sinédrio judaico o rejeitou, não porque ele seria a coroação da longa lista de profetas. Já havia rejeitado outros, é certo, mas o Filho do Homem, e da maneira que foi, descredenciava a nação a segurar a tocha da profecia em Urântia.
Digo isso porque muita gente não entende o que é que Maomé foi fazer, por que é que foi entrar na história e fundar uma religião, uma vez que Jesus já tinha aparecido e concluído sua missão.
Essa uma questão que pessoas relutantes a acreditarem na possibilidade do Livro de Urântia ser uma revelação também levantam.
Jesus veio e concluiu sua missão, mas isso não significa que nenhuma outra revelação vai acontecer. Vai e ainda serão várias.
Quer dizer então que o Corão é uma revelação? Se não for, como pode o profeta iletrado ter dito aquelas coisas todas?
O Corão se insere e confirma a mitologia profética judaica, criada por escribas no séc. VI antes de Cristo de uma história sagrada de seu povo, a qual, já vimos, não é histórica, não aconteceu realmente. Israel não tinha doze tribos, por exemplo, algo que o Corão reafirma.
Mas então todo o livro é algo saído da mente de Maomé, não uma inspiração profética? Será que sua mente estava em erro, da mesma maneira que mentes em transe que pretendem dizer coisas profundas também estão?
Não.
Ele é tanto uma revelação como a Bíblia o é, com a diferença de que o discurso dos profetas judaicos não foi copiado quase que ipsis litteris, como o de Maomé.
O discurso dos profetas judaicos passou pela mediação dos escribas.
Não se pode alegar que o discurso de Maomé foi alterado, desvirtuado pelos escribas, o que está no Corão foi o que ele disse mesmo.
Então, se Maomé não é um falso profeta, realmente não acredito nisso, nem sua mente está em erro ("Não refletem no fato de que seu companheiro não padece de demência alguma? Que não é mais do que um elucidativo admoestador"?), me surgiram essas linhas de investigação:
Me ocorreu antes que Maomé poderia ter revelado tudo o que escutou, mas segundo o que foi capaz de lembrar, da mesma maneira que o pastor a quem foi sussurrado o salmo 23; isso explica desvirtuamentos menores, que pouco ou nada comprometem o sentido do discurso.
Mas não explicaria a história que contou dos patriarcas, a qual é a versão dos escribas judaicos, não a que realmente aconteceu. Não se trata de desvirtuamentos menores, trata-se de outro discurso.
Poderia ser que Maomé tenha revelado a seu povo aquilo que eles tinham condição de ouvir, de receber, da mesma maneira que fizera antes Moisés, guardando para si aquilo que ele sabia que eles não eram capazes de receber. Se assim fosse, o Corão não é a expressão cuspe e giz de revelações proféticas, ele é a reelaboração de Maomé daquilo que ficou sabendo.
Essa explicação é ótima, mas vai de encontro à tradição islâmica que diz que Maomé repetiu ipsis litteris as revelações.
Mas pode ser que Gabriel mesmo tenha confirmado o mito da história de Abraão e Moisés. Não é o LU que nos diz que as teorias sobre o cosmos que nos revelou deverão num prazo que eles chamam de curto ser reelaboradas em face de novas descobertas?
Os próprios reveladores do LU nos dizem que nos revelaram o que estávamos prontos a saber naquele momento e que nosso conhecimento deverá ser expandido sob um novo quadro de referência depois de algum tempo. Pode ser que Gabriel mesmo tenha feito o papel de Moisés, narrando a história do mundo de um modo que os povos arábicos pudessem reconhecê-la e aceitá-la naquele momento, um modo que depois precisaria ser revisto. A diferença é que a advertência dos reveladores de Urântia diz respeito a uma teoria sobre o cosmos, não sobre eventos históricos. A diferença, claro, é que eles nos advertiram.
Mas nem toda revelação corânica acontece com uma pessoa, Gabriel, dizendo a Maomé algo que ele deveria repetir, como num telefone sem fio. Não. Wahy podia acontecer-lhe a partir dessa experiência que ele metaforiza como o dobrar do sino ou mesmo confiada diretamente a seu coração. (Introdução, Maariful Quran)
Ora, em sendo assim, a revelação deveria acontecer ao superconsciente de Maomé. Sua mente então poderia interpretá-la dentro do contexto de tradições judaicas subconscientizadas. Fiel e sinceramente.
Como o Ajustador do Pensamento falando para ouvindo moucos como os nossos.
O Corão nunca se autorizou como o verbo de Allah, ele autoriza Jesus como o verbo de Allah; o Corão se autoriza como Livro de Allah, da mesma maneira que autoriza o Pentateuco como Livro de Allah.
Essa explicação tem conseqüências profundas para o Islam. Significa que ele pode e deve evoluir.
A tradição de considerar todo o Corão como a palavra do arcanjo Gabriel meramente repetida por seu mensageiro Maomé foi estabelecida pelo próprio Maomé?
Estudar as origens do Corão me fez querer estudar mais as origens do próprio LU.
Todo mundo sabe sobre o sujeito adormecido, que o casal de doutores William e Lena Sadler foi visitar no andar de baixo de seu apartamento provisório em Chicago tão logo sua esposa bateu em sua porta pedindo avaliação médica para o estranho estado de seu marido enquanto dormia.
Quem era o sujeito adormecido, ninguém sabe. Seria bom investigar os moradores dos andares de baixo dos prédios em que moraram o casal Sadler entre 1906 e 1911.
O sujeito adormecido é o mesmo que a personalidade de contato?
No excelente livro "Dr. Sadler and the Urantia Book", Sioux Oliva argumenta que William Sadler era o sujeito adormecido.
A hipótese é plausível, mas implica que Sadler tenha mentido sobre a origem do LU, algo em que não acredito. Mas também é difícil de acreditar que nenhum membro do Fórum não tenha xeretado os encontros da Comissão de Contato para descobrir quem era seu sétimo membro, o sujeito adormecido. Será então que o contato através do sujeito adormecido se deu até o início das revelações dos documentos em 1924, quando então Sadler passou a ser a personalidade de contato? Isso manteria a palavra de Sadler, de ter visitado em 1911 o sujeito adormecido, depois de ser acordado no meio da noite por sua preocupada esposa.
Curioso notar que os estudiosos que procuraram padrões de escrita em documentos do LU para identificar seu autor humano, não fizeram o mesmo para confirmar se dois documentos assinalados ao mesmo autor celeste foram realmente escritos pela mesma pessoa. O método científico vai às cucuias.
Tanto no Corão quanto no Livro de Urântia parece ter sido necessária a intermediação de um ser humano para a elaboração do livro. Se a materialização dos documentos de Urântia não precisou de uma mão humana para escrevê-los (Bill Sadler, filho do casal William e Lena, acreditava que se fosse possível ver a materialização dos documentos, ver-se-ia um lápis escrevendo sozinho no papel), as criaturas intermediárias responsáveis diretas pela revelação realmente usaram um ser humano em seu projeto. A pergunta que fica é: Esse ser humano serviu apenas de contato das personalidades celestes com as humanas ou de alguma maneira sua mente foi usada para que conceitos fossem vertidos para a compreensão humana?
O LU não está ligado diretamente a um homem, não existe um profeta, um guru. A mente humana tem um papel mínimo na revelação do LU, algo que nem na revelação de Jesus de Nazaré ocorreu. Quem quer que haja sido o sujeito adormecido, ele não foi um profeta, a não ser que atribuamos a William Sadler ou à Comissão de Contato a autoria do livro, o que eles negam peremptoriamente.
Adendo: A maneira com o que o profeta fica sabendo as coisas que sabe é intrigante. A própria vida de Jesus, não esqueçamos que Jesus não nasceu sabendo quem era; Jesus ouviu claramente alguém lhe dizendo: "Sua hora chegou", quando ia a Jerusalém aos doze anos. Ou João Batista. De que maneira ele soube que devia preparar o caminho para o Libertador, que inclusive era seu primo? Quem lhe disse? Como ficou sabendo o que fazer e o que dizer? Será que disse bem (o que lhe foi dado dizer)?
Adendo: A maneira com o que o profeta fica sabendo as coisas que sabe é intrigante. A própria vida de Jesus, não esqueçamos que Jesus não nasceu sabendo quem era; Jesus ouviu claramente alguém lhe dizendo: "Sua hora chegou", quando ia a Jerusalém aos doze anos. Ou João Batista. De que maneira ele soube que devia preparar o caminho para o Libertador, que inclusive era seu primo? Quem lhe disse? Como ficou sabendo o que fazer e o que dizer? Será que disse bem (o que lhe foi dado dizer)?
sábado, novembro 08, 2014
O alvorecer da humanidade e a primeira família humana
Livro de Urântia - II Ciclo de encontros.
O alvorecer da humanidade e a primeira família humana.
Organização dos encontros: Ricardo Ramos, Daniel Henriques Lourenço e Luiz Amorim.
Palestra realizada por Daniel Henriques Lourenço dia 09/10/2014, no departamento de sociologia do IFCS da UFRJ, a quem agradecemos a cessão das salas.
Agradecimento a Urszula Macińska pela gravação do vídeo.
sábado, junho 14, 2014
Kfourada
O motivo desse texto é uma discussão havida no facebook aqui, dela sendo desenvolvimento. Bom, só se fala nisso no Brasil hoje. A epígrafe das vaias de quinta poderia ser a observação cirúrgica de Joaquim Barbosa no dia anterior: "A República não pertence ao senhor nem a seu grupinho".
Ele faz pose de neutralidade superior pontificando sobre o preconceito da ímpar platéia. Mas Juca Kfouri é a elite branca, assim como Michael Moore é um stupid fat white man. Sua opinião vale tanto quanto a dos torcedores. Seus colegas de ESPN Brasil não vão dizer nada, seja porque concordam genuinamente com ele, porque não têm essa convicção toda, ou porque, sem concordar, não vão mexer com o medalhão da redação. Juca é um cínico, claro, mas talvez sequer seja falta de caráter, é um distúrbio cognitivo-afetivo, desenvolvido lá atrás e jamais solucionado. No regime militar era fácil pertencer ao partido dos bons contra os ditadores maus. O regime caiu, mas o cérebro ficou lá. O imperativo categórico de ser contra o regime, sob cujo prisma tudo o mais é avaliado, desautoriza de pronto as vaias. Dilma, a ditadora dos movimentos sociais, é a amiga que lutou contra o regime.
Juca Kfouri, jornalista talentoso e lúcido, é um idiota, e dá pena que ele seja.
Poderia simplesmente dizer que não concorda com as vaias, que acha o governo de Dilma bom, se não bom, que gosta dela, que a prefere a outros presidenciáveis, seria honesto, normal e até corajoso.
Nessa história toda, a falta de caráter está em não refletir sobre suas interpretações delirantes e, num segundo momento, sobre a idéia prevalente que lhas subjaz e as elabora.
Juca Kfouri, jornalista talentoso e lúcido, é um idiota, e dá pena que ele seja.
Poderia simplesmente dizer que não concorda com as vaias, que acha o governo de Dilma bom, se não bom, que gosta dela, que a prefere a outros presidenciáveis, seria honesto, normal e até corajoso.
Nessa história toda, a falta de caráter está em não refletir sobre suas interpretações delirantes e, num segundo momento, sobre a idéia prevalente que lhas subjaz e as elabora.
domingo, junho 08, 2014
Vista do Sumaré
Noivos, casavam-se em três meses, era preciso comprar casa para morarem. Contactaram a corretora, olharam um, olharam outro, nada muito interessante; o último do dia era na Maria Amália, subindo a ladeira. Um que lhes encheu os olhos, três quartos, varandão, cozinha espaçosa, como ele queria, mas a vista, a vista, sim, tinha um pontinho de favela. Pequeno, é certo, mas estava lá. Um apartamento tão bom, que pena.
Comentou com a tia ao chegar a casa. Falou como era bom, e que tinha esse pequeno detalhe. A tia falou que ia ver com eles na semana seguinte. Ela ficou excitada. "Você não precisa morar lá sempre, dali a cinco anos vocês vendem, preço bom, uma oportunidade ímpar".
Compraram. Subia a pé a ladeira, os lances de escada, chegava, botava suas coisas do trabalho, se espreguiçava, beijava a esposa, cuidava do filho.
Sábado, foram a um churrasco na casa da tia na Barra. Ele, olhando para o céu pensativo, com o filho no braço, ela lhe pergunta: "O que você tem que está pensando"? Gusmão: "Não sei".
Final de semana, em mangas de camisa, debruçou os braços sobre o parapeito da janela e fumou um cigarro. Ao fundo o morro verde do Sumaré; à direita, porém, o ponto, pequeno, discreto: favela.
Dali a cinco meses venderam e foram morar na rua Guaxupé.
sábado, abril 05, 2014
Responsabilidade de João Goulart pelo golpe de 1964
João Goulart pegou uma rabeira depois do “no show” de Jânio Quadros, com quem disputa o título de pior presidente da história do Brasil. Ele jamais deveria ter desafiado a hierarquia militar, e todo mês deveria ter feito um discurso anti-comunista, mesmo que fosse para manter as aparências. Não aprendeu com seu padrinho político, Getúlio Vargas, que isso era necessário.
O político deve servir ao seu país, mesmo que isso signifique ir contra si mesmo, engolindo sapo atrás de sapo.
Quando as tropas de Olímpio Mourão Filho desciam para o Rio, conta Pedro Simon, o general Amaury Kruel disse que as interceptaria se o presidente desse uma declaração anti-comunista. “Ah, vou ficar desmoralizado”. O saudoso Itamar Franco, que disputa o título de melhor presidente da história do Brasil, não tinha esses melindres pessoais.
domingo, fevereiro 02, 2014
Os shudras do capitalismo
Os shudras podem ser divididos em subcastas. há os trabalhadores técnicos, com formação técnica, a classe média, há o lumpemproletariado, que é mais propriamente o sentido clássico de proletariado, etc. Os shudra podem economizar, podem ter papel ativo dentro do capitalismo. Eles poupam para que alguém com uma idéia de exploração comercial lhes tome emprestado. Médicos, engenheiros, administradores, embora próximos da casta intelectual, porque se formaram em instituições mantidas pela casta intelectual, não são intelectuais. São profissionais liberais, profissionais especializados, só o cultivo de um cultura humanista em cursos livres lhes franqueará acesso aos bens espirituais da casta intelectual genuína. Esses bens espirituais, justamente porque são o bem, estão franqueados a todos os membros da sociedade, a despeito de sua casta, ou sub-casta. Ele perpassa todas as castas, e na realidade, ninguém é seu dono, mesmo seus soi-disant guardiões não têm poder de barrar seu acesso último, porque está presente em cada um, pelo Ajustador do Pensamento. Não se acha num livro, embora o livro possa facilitar seu acesso. O contato dos shudras com os bens espirituais, em nosso planeta, se pode dar através dos sermões de padres, sacerdotes, etc. Ou da leitura de livros.
Cientistas, pesquisadores, etc, classificaria como uma sub-casta que fica nas franjas da casta intelectual, quase num limite com as castas militar-política ou empresarial. Embora longe de discursarem sobre bens essenciais ou aparentes do homem e da sociedade, têm um nítido trabalho intelectual. Trabalham com as ciências úteis, ao contrário das inúteis. O produto de seu trabalho, mais que importantíssimo, é da essência do avanço do capitalismo e do poderio militar. É o tipo de profissional mais difícil de classificar na sociologia das castas.
Dinesh D'Souza não disse, mas os fundadores dos EUA, ao inverter a equação segundo a qual os brâmanes tinham todo o status e os empresários não eram lá bem vistos, eram de segunda classe, de terceira, no caso, ao inverter esse modelo, sem deixar no entanto de investir na espiritualização de seu empresariado, seja na rotina dominical de ir à igreja, de frequentar uma maçonaria leal a seus propósitos de devoção ao espírito, seja na generosidade comum de bater à porta do vizinho e perguntar como ele vai, eles, pelo cultivo dessas virtudes, permitiram de quebra a desproletarização dos shudras. Segundo o princípio da irmandade dos homens, ignorante e bárbaro, embora, esse homem que trabalha para mim é um irmão, que pode e deve ser educado. E uma vez educado pode se alçar como um vaixa de pleno direito. Se não se lançar, poderá contribuir para o conforto material da sociedade poupando aquilo que não precisa consumir.* Poderá, sobretudo, ser uma cidadão pacato e bom, ciente de seus deveres perante Deus e os homens.
No Brasil, a atividade industrial de pequenos empreendedores desenvolvia-se subterrânea, longe da atenção de políticos e intelectuais, que só quiseram enxergar a ação comercial de latifundiários, seja para apoiá-la ou criticá-la do ponto de vista nacional-desenvolvimentista, que não notava que a alternativa industrial estava a mão e não dependeria do fortalecimento do governo. Se a notavam, descartavam-na como atividade reles no momento mesmo em que no antigo continente o capitalismo ganhava status aristocrático, embora, lá como cá, preconceitos tenham continuado.**
Direi mais: a única saída para a nossa época planetária capitalista é a espiritualização dos vaixas, é que o motor principal de sua atividade seja melhorar a vida do próximo ao invés de enriquecer. Sei que liberais vão chiar, mas, fazer o quê? Elites devem ser responsáveis, devem saber que sua riqueza foi adquirida por um homem em meio a homens.
O proletariado mental e a servidão voluntária continuam, porém. Só vão ser abolidos se o homem, além de investir nos bens do espírito, começar a selecionar seus semelhantes, sim, estou falando de eugenia, como isso será feito, não me arrisco a dizer, apresentem-se geneticistas e biólogos. Dava para começar esterilizando doentes mentais, algo que a época de glorificação da patologia sentirá como um escândalo.
* Nos anos 70, Peter Drucker notou que os principais fundos de investimentos eram de trabalhadores. Poupando, o trabalhador pode emprestar a juros baixos para que o empreendedor pegue o invento de um cientista e o acabe num produto cuja utilidade consegue mostrar e disponibilizar a um monte de gente.
** Com todos os vícios do bárbaro que aportou em nossas terras, o brasileiro tem um sentimento de aventura que, educado como vontade de descoberta do desconhecido, ao invés de caotizado como compulsão, deve ser incentivado, não tolhido.
quarta-feira, janeiro 15, 2014
A fatia do bolo, o jogo de soma zero, o virtuoso e a autoridade
"Most economic fallacies derive from the tendency to assume that there is a fixed pie, that one party can gain only at the expense of another." -- Milton Friedman
A teoria econômica socialista adverte que economia é um jogo de soma zero, que ter muito significa que alguém tem pouco.
Esse raciocínio está certo, por um lado, e por outro, errado.
Por quê?
Como já dissemos, dinheiro é um direito. A reunião de todos os direitos significa o direito de aquisição de todos os bens à venda. Ora, quem tem uma porção maior desse todo, tem direito a adquirir mais bens. Ele tem direito a adquirir uma fatia maior do bolo, o que equivale a dizer que outra pessoa terá uma fatia menor. Maior e menor são conceitos correlativos perfeitamente aplicáveis ao caso.
A economia seria, portanto, um jogo de soma zero. Alguém tem mais porque outro tem menos.
Mas, qualquer troca voluntária de bens implica um ganho de satisfação. Ninguém troca dez por nove, como dizia Donald Stewart. Ou seja, ninguém vai trocar, ou doar, algo, se não for para aumentar seu grau de satisfação, seja material ou moral. A idéia do melhor, que permeia toda atitude humana, nas trocas voluntárias está presente de maneira bilateral. Alguém quer trocar comigo uma maçã por uma laranja porque vai se satisfazer mais com uma laranja. Se eu achar que uma maçã vale mais para mim do que uma laranja, eu troco, se não, nada feito.
As trocas voluntárias implicam necessariamente um jogo de soma positiva. Ambos saem, a seus olhos, ganhando. O historiador brasileiro costuma achar que o português que dava espelhinhos em troca de informações sobre a localização do ouro estava explorando o índio. Mas o índio não pensava assim. Ouro, para ele, não valia muita coisa. Do ponto de vista de cada um, e mesmo que cada um achasse o outro um otário, houve um ganho mútuo de satisfação.
Só faz sentido falar em bolo quando se pensa em dinheiro, em direito. Porque o dinheiro absorveu em si todas as possibilidades de troca. Ele categorizou a troca, universalizou-a como compra-e-venda. Por isso o o dono do dinheiro pode adquirir bens por definir, os quais, enquanto indefinidos, enquanto bens, genericamente, se podem simbolizar como um bolo. O dinheiro dá a sensação de que o bolo é dado, embora seja preparado. Direitos dão a sensação de ser grátis.
No exemplo que usamos antes, a pessoa que troca uma maçã pode, lá atrás, ter pego a semente de uma maçã caída, plantado uma macieira, cuidado dela, até que desse frutos, os quais, agora, satisfeita sua vontade de comer maçãs, entrega as muitas que ainda tem de bom grado a outras pessoas em troca de um pedaço do bolo. Há um fundamento moral para que esse vendedor de maçãs tenha direito a um pedaço do bolo. Se ele produziu e vendeu, não algumas dúzias de maçãs, mas boas e grandes safras, se com elas ainda fez geléias que caíram no gosto de alguns, ou de muitos, tanto melhor, mais ele satisfez o próximo e mais justo é que tenha uma fatia de bolo maior.
A semente que nosso colega do exemplo pegou para plantar sua primeira macieira ele a achou caída. Todo e qualquer bem material tem origem física numa matéria, num recurso natural que ninguém criou. "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma." Esse recurso material não é de ninguém. Isso significa que, para que alguém o use, é preciso que ele lhe seja assinalado por um autoridade, a ser exercida por mútuo consentimento, pela mera força, etc, tanto faz para o que queremos dizer. Se alguém estava sentindo falta de que mencionássemos governo, ordem, etc, aqui está. A propriedade precisa de uma autoridade que a garanta, a definição de propriedade é precisamente essa, faculdade garantida de usar algo mesmo que outra pessoa a reclame para si.
Se definimos, de maneira subjetivíssima*, o direito como a faculdade de agir não sujeita a uma coação posterior, a única ação que poderia ser considerada um direito que nenhum homem tem a capacidade de destruir por completo, é o pensamento espiritual. O homem pode sofrer lavagem cerebral, pode ser reduzido a um estado vegetativo por outro homem, pode ser morto, mas a cidadela do espírito sobrevive, continua. Aqui chega o poder da casta político-militar. Daqui em diante só o poder da genuína casta intelecto-espiritual tem acesso. Ela, porém, não age pela força física, pela intimidação mental, age pela atração do espírito. O único direito, portanto, que não dependeria de autoridade física alguma, é esse. Todos os outros, sim.
Bom, e o que isso tem a ver com o governo? Tem a ver que os recursos naturais, por não serem de ninguém, os quais nenhum homem criou, deverão ser assinalados a cada qual por uma autoridade; trata-se de uma incipiente justiça distributiva de Aristóteles.**
O que isso significa eu não sei, também não sei se deve alguém se sentir devedor porque o fruto de seu trabalho foi antes semente que achou. Mas ser grato à ordem política no qual a semente que achou, as árvores que plantou e cuidou, podem ser suas, e não de ninguém, não é mal algum.
Voltando ao bolo, e sobre a epígrafe desse texto, é muito fácil perceber que, embora seja sempre um, ele não tem o mesmo tamanho nem qualidade em todos os momentos. Quanto mais e melhor, ou menos e pior, se produz***, melhores, ou piores, serão os ingredientes e o cozinheiro do bolo.
Usando a metáfora caríssima de ministros petistas, se virmos o filme, não apenas a foto, a fatia de bolo pode hoje ter um tamanho bem diferente do que tinha noutro período. Minha fatia poderá continuar maior que a de outros, mas a deles pode ter crescido bastante, pode estar muito grande. É por isso que um canadense pobre pode ter um padrão de vida que muitos brasileiros remediados sonhariam em ter.
No exemplo que usamos antes, a pessoa que troca uma maçã pode, lá atrás, ter pego a semente de uma maçã caída, plantado uma macieira, cuidado dela, até que desse frutos, os quais, agora, satisfeita sua vontade de comer maçãs, entrega as muitas que ainda tem de bom grado a outras pessoas em troca de um pedaço do bolo. Há um fundamento moral para que esse vendedor de maçãs tenha direito a um pedaço do bolo. Se ele produziu e vendeu, não algumas dúzias de maçãs, mas boas e grandes safras, se com elas ainda fez geléias que caíram no gosto de alguns, ou de muitos, tanto melhor, mais ele satisfez o próximo e mais justo é que tenha uma fatia de bolo maior.
A semente que nosso colega do exemplo pegou para plantar sua primeira macieira ele a achou caída. Todo e qualquer bem material tem origem física numa matéria, num recurso natural que ninguém criou. "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma." Esse recurso material não é de ninguém. Isso significa que, para que alguém o use, é preciso que ele lhe seja assinalado por um autoridade, a ser exercida por mútuo consentimento, pela mera força, etc, tanto faz para o que queremos dizer. Se alguém estava sentindo falta de que mencionássemos governo, ordem, etc, aqui está. A propriedade precisa de uma autoridade que a garanta, a definição de propriedade é precisamente essa, faculdade garantida de usar algo mesmo que outra pessoa a reclame para si.
Se definimos, de maneira subjetivíssima*, o direito como a faculdade de agir não sujeita a uma coação posterior, a única ação que poderia ser considerada um direito que nenhum homem tem a capacidade de destruir por completo, é o pensamento espiritual. O homem pode sofrer lavagem cerebral, pode ser reduzido a um estado vegetativo por outro homem, pode ser morto, mas a cidadela do espírito sobrevive, continua. Aqui chega o poder da casta político-militar. Daqui em diante só o poder da genuína casta intelecto-espiritual tem acesso. Ela, porém, não age pela força física, pela intimidação mental, age pela atração do espírito. O único direito, portanto, que não dependeria de autoridade física alguma, é esse. Todos os outros, sim.
Bom, e o que isso tem a ver com o governo? Tem a ver que os recursos naturais, por não serem de ninguém, os quais nenhum homem criou, deverão ser assinalados a cada qual por uma autoridade; trata-se de uma incipiente justiça distributiva de Aristóteles.**
O que isso significa eu não sei, também não sei se deve alguém se sentir devedor porque o fruto de seu trabalho foi antes semente que achou. Mas ser grato à ordem política no qual a semente que achou, as árvores que plantou e cuidou, podem ser suas, e não de ninguém, não é mal algum.
Voltando ao bolo, e sobre a epígrafe desse texto, é muito fácil perceber que, embora seja sempre um, ele não tem o mesmo tamanho nem qualidade em todos os momentos. Quanto mais e melhor, ou menos e pior, se produz***, melhores, ou piores, serão os ingredientes e o cozinheiro do bolo.
Usando a metáfora caríssima de ministros petistas, se virmos o filme, não apenas a foto, a fatia de bolo pode hoje ter um tamanho bem diferente do que tinha noutro período. Minha fatia poderá continuar maior que a de outros, mas a deles pode ter crescido bastante, pode estar muito grande. É por isso que um canadense pobre pode ter um padrão de vida que muitos brasileiros remediados sonhariam em ter.
O fato de querer satisfazer o próximo, para que ele aceite trocar comigo o que eu quero, incrementa a qualidade do bolo, se não seu tamanho.
Na fábula, alguém terá uma fatia maior do bolo porque contribuiu melhor na sua preparação, porque produziu mais e com maior êxito de satisfação das necessidades alheias. As suas necessidades ele buscará agora no bolo, ele que tantas fatias já assou e entregou.
Alguém é mais amado quanto mais amável se mostra.
* Subjetivíssima porque não considera a relação homem a homem, ignora-a por princípio.
** "Os seres de livre-arbítrio que se consideram iguais, a menos que mutuamente se entendam como sujeitos a alguma supra-soberania, ou alguma autoridade sobre e acima deles próprios, mais cedo ou mais tarde serão tentados a experimentar a sua capacidade de ganhar poder e autoridade sobre as outras pessoas e grupos. O conceito de igualdade nunca traz a paz, exceto no caso do reconhecimento mútuo de alguma influência supracontroladora da supra-soberania."
* Essa produção deve ter algum êxito de satisfação própria ou alheia. Fazer algo que ninguém deseje, por exemplo, construir uma máquina que ainda não funcione, que seu dono jogará fora, embora mantenha o projeto, essa máquina não é um bem que satisfaz ninguém, ela não faz parte do bolo.
* Subjetivíssima porque não considera a relação homem a homem, ignora-a por princípio.
** "Os seres de livre-arbítrio que se consideram iguais, a menos que mutuamente se entendam como sujeitos a alguma supra-soberania, ou alguma autoridade sobre e acima deles próprios, mais cedo ou mais tarde serão tentados a experimentar a sua capacidade de ganhar poder e autoridade sobre as outras pessoas e grupos. O conceito de igualdade nunca traz a paz, exceto no caso do reconhecimento mútuo de alguma influência supracontroladora da supra-soberania."
* Essa produção deve ter algum êxito de satisfação própria ou alheia. Fazer algo que ninguém deseje, por exemplo, construir uma máquina que ainda não funcione, que seu dono jogará fora, embora mantenha o projeto, essa máquina não é um bem que satisfaz ninguém, ela não faz parte do bolo.
domingo, janeiro 05, 2014
A surpresa de Jesus
Uma passagem curiosa do LU é quando Jesus, embora já sabendo quem é, de onde vem, não domina ainda totalmente o uso de seus poderes. Ele fica surpreso com o que é capaz de acontecer. Num lapso de segundo desejou algo, não decidiu, simplesmente desejou, que, pronto, se realizou.
Foi no casamento em Caná.
"O pai do noivo havia providenciado bastante vinho para todos os convidados listados para a festa do casamento, mas como poderia imaginar que o casamento do seu filho iria transformar-se em um evento tão intimamente ligado à esperada manifestação de Jesus como o Libertador messiânico? Ele estava encantado de ter a honra de poder contar com o célebre galileu entre os seus convidados, mas, antes que a ceia do casamento tivesse terminado, os serviçais trouxeram a ele a notícia desconcertante de que estava faltando vinho. No momento em que a ceia formal havia acabado e os convivas estavam perambulando no jardim, a mãe do noivo confidenciou a Maria que o suprimento de vinho tinha acabado. E Maria confiantemente disse: “Não te preocupes — vou falar com o meu filho. Ele vai ajudar-nos”. E assim ela ousou falar-lhe, apesar da reprovação de poucas horas antes.
Durante um período de muitos anos, Maria sempre se voltara a Jesus para pedir-lhe ajuda em cada crise da vida de seu lar, em Nazaré, e por isso era tão natural para ela pensar nele nesse momento. Essa mãe ambiciosa, entretanto, tinha ainda outros motivos para apelar ao seu filho mais velho nessa ocasião. Jesus estava sozinho, em um canto do jardim, e sua mãe aproximou-se dele dizendo: “Meu filho, eles não têm mais vinho”. E Jesus respondeu: “Minha boa mulher, o que tenho eu a ver com isso?” E Maria disse: “Mas eu acredito que a tua hora é chegada; não podes ajudar-nos?” Jesus replicou: “De novo eu declaro que não vim para fazer nada nesse sentido. Por que me perturbas de novo com essas questões?” E então, desmanchando-se em lágrimas, Maria suplicou: “Mas, meu filho, eu prometi a eles que tu irias ajudar-nos; por favor, farás alguma coisa por mim?” E então Jesus falou: “Mulher, por que tinhas de fazer tais promessas? Que não as faças de novo. Em todas as coisas devemos aguardar a vontade do Pai nos céus”.
Maria, a mãe de Jesus, ficou abatida, atordoada mesmo! Enquanto ela permanecia ali, imóvel diante dele, com as lágrimas caindo em seu rosto, o coração humano de Jesus ficou dominado de compaixão pela mulher que o tinha concebido na carne; e, inclinando-se para a frente, ele colocou a sua mão ternamente na cabeça dela, dizendo: “Espera, espera, Mãe Maria, não sofras pelas minhas palavras aparentemente duras, pois eu já não te disse muitas vezes que eu vim apenas para cumprir a vontade do Pai celeste? Eu faria de bom grado o que me pediste, se fosse uma parte da vontade do Pai” — e Jesus logo parou, hesitando. Maria pareceu sentir que alguma coisa estava acontecendo. Num pulo, ela jogou os braços em volta do pescoço de Jesus, beijou-o e correu para a sala dos serviçais, dizendo: “Fazei o que quer que o meu filho tenha pedido”. Contudo, Jesus não havia dito nada. Mas agora ele compreendia que havia já dito demais — ou melhor, que havia imaginado — , desejando por demais.
Maria dançava de júbilo. Ela não sabia como o vinho seria produzido, mas confiante acreditava que finalmente conseguira persuadir o seu primeiro filho a afirmar a sua autoridade, a ousar dar um passo adiante e reivindicar a sua posição, e a exibir o seu poder messiânico. E, por causa da presença e da coligação de certos poderes e personalidades do universo, das quais todos os presentes ignoravam totalmente, ela não ficaria decepcionada. O vinho, que Maria desejara e que Jesus, o Deus-homem, fez por aspirar humana e compassivamente, estava sendo produzido.
À mão estavam seis grandes potes de pedra, cheios de água, em cada um cabendo quase oitenta litros. Essa água estava ali para ser usada nas cerimônias da purificação final da celebração do casamento. A agitação dos serviçais por causa desses vasos imensos de pedra, sob o comando ativo da sua mãe, atraiu a atenção de Jesus que, indo até lá, observou que eles estavam tirando vinho delas, com jarras repletas.
Gradativamente Jesus tomava consciência do que acontecera. De todos aqueles que estavam presentes à festa de casamento de Caná, Jesus era o mais surpreso. Os outros vinham aguardando que ele fizesse algo prodigioso, mas isso era exatamente o que ele tinha como propósito não fazer. E, então, o Filho do Homem lembrou-se da advertência que o seu Ajustador Personalizado do Pensamento lhe tinha feito nas colinas. Ele lembrou-se de como o Ajustador o havia prevenido sobre a incapacidade, que qualquer poder ou personalidade tinha, de privá-lo das suas prerrogativas de criador, na independência do tempo. Nessa ocasião, os transformadores do poder, os seres intermediários e todas as outras personalidades imprescindíveis estavam reunidos perto da água e de outros elementos necessários e, em presença do desejo expresso do Soberano Criador do Universo, não havia como evitar o aparecimento instantâneo do vinho. E essa ocorrência fez-se duplamente certa, pois o Ajustador Personalizado tinha sinalizado que a execução do desejo do Filho não era em nada uma contravenção à vontade do Pai."
terça-feira, dezembro 31, 2013
Discurso que eu faria na assembléia geral da ONU
O estado taxou, controlou, regulou e até violou as vidas das pessoas. A única solução para isso é um governo mundial.
Soberania nacional é imoral. Toda soberania tende ao poder ilimitado. A única soberania moralmente legítima é a do governo mundial.
Imediatamente o estado poderia aposentar suas forças armadas.
A idéia de um governo mundial está na cabeça do homem há mais de um século. Mas ele nunca falou sobre isso abertamente. Está na hora de fazê-lo.
Soberania nacional é imoral. Toda soberania tende ao poder ilimitado. A única soberania moralmente legítima é a do governo mundial.
Imediatamente o estado poderia aposentar suas forças armadas.
A idéia de um governo mundial está na cabeça do homem há mais de um século. Mas ele nunca falou sobre isso abertamente. Está na hora de fazê-lo.
As Nações Unidas não são o bastante. O governo mundial é necessário, o governo mundial é bom. Ele vai diminuir o fardo do estado, vai nutrir a confiança entre os povos, vai se conciliar com os amantes da liberdade.
O que é o mercado?
Mercado é o processo pelo qual os desejos de trocar a propriedade de um bem ou de um direito, dinheiro inclusive, uns pelos outros, fazem-se a côrte, eventualmente se comprometendo.
Não existem mão invisível ou forças impessoais do mercado. Existem pessoas tentando trocar seus bens e direitos por outros bens e direitos. E para isso precisam precificá-los da maneira mais justa possível, além de criar o desejo alheio de adquirí-los. Esse desejo pode já estar latente na pessoa, bastando que ela tome notícia de que o bem que quer esteja em negociação por um preço razoável, sentindo-se confortável com seu negociante, para concretizá-lo. Caso o bem ou direito seja produto novo, informar-lhe de sua real praticidade é fazer-lhe um bem.
Inventar necessidades, criar artificialmente desejos, porém, é atitude espertalhona, que não pode entretanto ser combatida pela força física, leia-se, pelo direito, porque ato indiscriminável, intenção subjetivíssima; pela cultura, porém, pode.
Empresário, você existe para descobrir e suprir as necessidades das pessoas, de seus funcionários, você existe para produzir, gerar riqueza. Você existe para servir.
Não existem mão invisível ou forças impessoais do mercado. Existem pessoas tentando trocar seus bens e direitos por outros bens e direitos. E para isso precisam precificá-los da maneira mais justa possível, além de criar o desejo alheio de adquirí-los. Esse desejo pode já estar latente na pessoa, bastando que ela tome notícia de que o bem que quer esteja em negociação por um preço razoável, sentindo-se confortável com seu negociante, para concretizá-lo. Caso o bem ou direito seja produto novo, informar-lhe de sua real praticidade é fazer-lhe um bem.
Inventar necessidades, criar artificialmente desejos, porém, é atitude espertalhona, que não pode entretanto ser combatida pela força física, leia-se, pelo direito, porque ato indiscriminável, intenção subjetivíssima; pela cultura, porém, pode.
Empresário, você existe para descobrir e suprir as necessidades das pessoas, de seus funcionários, você existe para produzir, gerar riqueza. Você existe para servir.
A influência de Olavo de Carvalho
A influência de Olavo de Carvalho é menor porque limitada pelo fato de não ter controle dos meios de ascensão profissional de ninguém. Dele ninguém depende para seu diploma, aprovação em bancas de concurso de professor, etc. Isso diminui sua influência, como dissemos. Por outro lado, seu pensamento pode atrair apenas com base em seu valor intrínseco, o que lhe dá consistência, ou submissão psicológica.
O carisma ajuda, claro.
Mas se Carvalho fosse agraciado com um título, mesmo que post mortem, de doutor honoris causa em filosofia, que é merecido, sua influência seria maior.
sábado, dezembro 28, 2013
Draft of a letter I'll send someday to Stefan Molyneux
Mr. Molyneux,
I've watched with interest to your debate with Mr. Safatle on Brazil on 2011.
I can see that a social action is voluntary cooperation. A state action, perhaps you will agree, is an action that physically imposes a behavior regardless of somebody's will. That means, when the state tax, one has to pay, even if one does not
want to.
You argue the state is the coercive attitude of one or
several people toward others. It the pointing gun demanding one’s behavior or
good. Let us figure out there is no state. People will freely associate according
to their wills, they will profit exchanging goods, etc.
Not everybody in the world will want to enter in voluntary
cooperation. Some will try to take by force what one has achieved by his skill
and work. If one defends himself, in a legitimate defense, he is practicing an
act of coercion against the person who wants to take away by force the product
of his work. If he succeeds, he has prevailed by force against the will of this
person. He has coerced her. I mean, if a pickpocket intercepts a person in the
street menacing her to give out her money, tries to punch her, and is
frustrated in his will by the karate technique of the target person, even if
the karate person has not hurt her, she has physically prevailed over her, she
has prevented her from fulfilling his will out of his physical superiority. This
action is a state action, it is not a social action, for it does not involve
two people cooperating voluntarily, it involves a person obliging the other to
obey her will by physical force.
This state action, the legitimate defense, is a good action.
It is not a necessary evil. It is a good action. One does not need to strike back
the aggression, one just need to prevent the offender to fulfill his will. One who
stops a person from hurting him just putting his hand on her face, while the other
punches the air in vain, is coercing the person. In a good way, if the person
unjustly wants to punch her.
My point is: not all acts of coercion are immoral, on the
contrary they can be very moral, even demand loyalty to values, like discipline
or prudence, from the person who performs them. You very well know William James, who in the paper the moral substitute for war argued for a way of promoting these kind of values aroused in war outside of war.
In this sense, while there are people not willing to
voluntarily cooperate, but offensively to coerce others, the state action, the
defensive action of force, should and will exist.
State is a dimension of the person, her readiness to physically prevent an offensive act.
Also, when you say there are rights previous to the state that the very state violates, I think there is a misconception. Rights are the creation of the state. Right is a guaranteed demand one can make to others. The word guarantee here means there is a third person who guarantees it. The moral sentiment of justice is a moral sentiment, not a right. To be a right means to be physically enforceable. Means coercion.
I don't want to talk about rights, though, I can picture a society where the trade is based on the good will of people; as we say in Brazil, on the wisp of the moustache, on the trust of receiving what was one's promised when there is no good reason not to.
You argue the state is the greater perpetrator of immoralities, through it, yes, plenty of immoralities are committed. But would be otherwise without a state? Man would become virtue without a state? Man would just use force in self-defense, never against his neighbor? I mean, we had an anarchy state of affairs when the roman empire dissolved, the state was not, was it good? Was feudalism good? You will say there was a kind of state in each feud, ok, but would there be no defensive militia in an anarchy society? What would prevent this militia from saying, well, let us start to take away from the ones that produce goods? Then you would call them a state, right? Good. So, your view of the state is it is the structure formed on the basis of man's immorality propension of physically abusing his neighborhood's will. I'm against this state too.
However, if we say state is the extrapolation of the state dimension of man then it is not bad. It is amoral, just an structure to accommodate his state dimension.
When the state is perpetrating immorality, we can say it is being misused. Then it is not the state that is bad, it is people who are acting bad through it.
Let us say people find new land. It can be equally distributed in size, but let us say two want the same piece. Who will decide? I mean, they can both go to the elder and trust him to decide, as the women had Salomon to decide for them who was the baby's mother, you allow me a Bible reference, don't you? But then, if one of them refuses to accept the arbitrage of the elder, or of any other fellow, how it would be? Any one of them who entitled himself to the land, would he be coercively attacking the other or self-defending? You can't say.
When there are no agreed rules upon which to say who owns the land, we can't say who would be acting in an unjust way. On this case; in others, even without forced or agreed rules, we could say it. For example, if one points a gun to your head to take your wallet, he is the offender, you are the defender. But in the case of the land dispute, no one can legitimately claim it.
You can say the person who does no accept any authority to decide the issue is acting unjust, therefore the land should be granted to the one that accepts the authority. But then you would be willing to coerce her. To coerce her to accept an authority she has not agreed upon.
To deny forced coercion is to get to the ultimate data where it can't be decided what is from whom.
At this point, the sole force would be tempted to prevail, rejecting to be used just as an accessory in the aftermath of a value-grounded discretion of an authority, whether agreed upon or not.
So, to have or not to have coercion is not a matter of choice, whether it be a clearly aggressive, a defensive in response to the first, or one no one can say of what kind is, it will happen.
I know you say that to go to an anarchy society man would have to be better, less dependable on state, than he is now. When questioned how it would be without a state, you said that didn't matter, as the state is immoral, it didn't matter, as long as it was not, just as people didn't know how it would be once slavery was over. But slavery was over because somebody would enforce it. Would slavery be over had people said to each other, well, slavery is bad, immoral, let us drop it aside, without any government action coercing its practice? Left to their own discretion, slavery wouldn't be over in Brazil, or in America, cause somebody, even thinking it to be an immoral behavior, would still make use of it. And you couldn't forbid her to.
You're arguing against an immorality, the coercion, but to be coercive, a coercion one initiates, is not all the times immoral. I'll repeat to make it clear: Not all initiated coercion is immoral. If due to an ultimate data, it is amoral, maybe also moral.
So the state does not need to be.
We have to reformulate our notion that the state dimension of man is founded upon his readiness to defend himself from an aggression. This is not his state dimension, let us call it his self-defense dimension. The state dimension is his necessity to have an authority to point what is from whom when you come to an ultimate data. My life is my life, nobody needs to say this to me, even the offender knows it, but the ball the baseball player hit and is hold both by me and by another person, and no one wills to let it go, or there is no agreement to jointly have its property, this is a situation of an ultimate data, to be decided by the discretion of an outside authority, agreed upon or not, or by force only. This is the situation out of which the state amorally appears.
From this it comes a law. An authority will always be, whether it is agreed upon or not.
In the example of the baseball, the two persons could agree they would decide who would take the ball playing the odds, heads or tails. But then they agreed to the authority they both perform together. If they had taken the advice of an elder, he could have told them to decide on heads and tails, with the winner paying ten game tickets to the loser. Then they would have agreed to the authority of this elder.
Had they not agreed to any authority, whether something they would have decided in between or with the assistance of somebody else, the police, seeing they were about to start a mess among the fans, takes them apart and to the chief. He would decide for them who would get the ball. A third person coercively sets the dispute.
The last option is, they don't agree to any authority, there is nobody to come and coercively set who is to take the ball, in this situation, if no one gives up, pure force would make its way.
So authority will always be.
It can be of four kinds: the dispute is resolved between the disputers, by a third person they agree to decide what is from whom, by a third person whose decision they are forced to accept, or by one of them.
Authority will always be, the question is to know how it will be. And by whom.
Ubi societas, ibi jus.
To not have an authority is not to relate. If one does not want any authority, any shared authority, or one agreed upon, or coercively acted over him, he will have to be the authority.
Let us say people find new land. It can be equally distributed in size, but let us say two want the same piece. Who will decide? I mean, they can both go to the elder and trust him to decide, as the women had Salomon to decide for them who was the baby's mother, you allow me a Bible reference, don't you? But then, if one of them refuses to accept the arbitrage of the elder, or of any other fellow, how it would be? Any one of them who entitled himself to the land, would he be coercively attacking the other or self-defending? You can't say.
When there are no agreed rules upon which to say who owns the land, we can't say who would be acting in an unjust way. On this case; in others, even without forced or agreed rules, we could say it. For example, if one points a gun to your head to take your wallet, he is the offender, you are the defender. But in the case of the land dispute, no one can legitimately claim it.
You can say the person who does no accept any authority to decide the issue is acting unjust, therefore the land should be granted to the one that accepts the authority. But then you would be willing to coerce her. To coerce her to accept an authority she has not agreed upon.
To deny forced coercion is to get to the ultimate data where it can't be decided what is from whom.
At this point, the sole force would be tempted to prevail, rejecting to be used just as an accessory in the aftermath of a value-grounded discretion of an authority, whether agreed upon or not.
So, to have or not to have coercion is not a matter of choice, whether it be a clearly aggressive, a defensive in response to the first, or one no one can say of what kind is, it will happen.
I know you say that to go to an anarchy society man would have to be better, less dependable on state, than he is now. When questioned how it would be without a state, you said that didn't matter, as the state is immoral, it didn't matter, as long as it was not, just as people didn't know how it would be once slavery was over. But slavery was over because somebody would enforce it. Would slavery be over had people said to each other, well, slavery is bad, immoral, let us drop it aside, without any government action coercing its practice? Left to their own discretion, slavery wouldn't be over in Brazil, or in America, cause somebody, even thinking it to be an immoral behavior, would still make use of it. And you couldn't forbid her to.
You're arguing against an immorality, the coercion, but to be coercive, a coercion one initiates, is not all the times immoral. I'll repeat to make it clear: Not all initiated coercion is immoral. If due to an ultimate data, it is amoral, maybe also moral.
So the state does not need to be.
We have to reformulate our notion that the state dimension of man is founded upon his readiness to defend himself from an aggression. This is not his state dimension, let us call it his self-defense dimension. The state dimension is his necessity to have an authority to point what is from whom when you come to an ultimate data. My life is my life, nobody needs to say this to me, even the offender knows it, but the ball the baseball player hit and is hold both by me and by another person, and no one wills to let it go, or there is no agreement to jointly have its property, this is a situation of an ultimate data, to be decided by the discretion of an outside authority, agreed upon or not, or by force only. This is the situation out of which the state amorally appears.
From this it comes a law. An authority will always be, whether it is agreed upon or not.
In the example of the baseball, the two persons could agree they would decide who would take the ball playing the odds, heads or tails. But then they agreed to the authority they both perform together. If they had taken the advice of an elder, he could have told them to decide on heads and tails, with the winner paying ten game tickets to the loser. Then they would have agreed to the authority of this elder.
Had they not agreed to any authority, whether something they would have decided in between or with the assistance of somebody else, the police, seeing they were about to start a mess among the fans, takes them apart and to the chief. He would decide for them who would get the ball. A third person coercively sets the dispute.
The last option is, they don't agree to any authority, there is nobody to come and coercively set who is to take the ball, in this situation, if no one gives up, pure force would make its way.
So authority will always be.
It can be of four kinds: the dispute is resolved between the disputers, by a third person they agree to decide what is from whom, by a third person whose decision they are forced to accept, or by one of them.
Authority will always be, the question is to know how it will be. And by whom.
Ubi societas, ibi jus.
To not have an authority is not to relate. If one does not want any authority, any shared authority, or one agreed upon, or coercively acted over him, he will have to be the authority.
So, aren't you saying anarchism is the very best form of government were men virtuous, not more or less virtuous, or virtue and immoral, but tested virtuous, respecting in each and every circumstance one another's free-wills and willingly to surrogate its autonomy to an outside arbiter when he enters in a relation where a matter will come to dispute?
Bu then it is not anarchism anyway. It is the free will which agrees to have an administration.
Were it the case, well, then this administration would be good. Aren't you saying that immorality comes from the state when it comes from man himself, as virtue comes from him too?
All your argument, Mr. Molyneux, is based on the immorality of violence. But violence will be when the motive of liberty is the self-assertiveness of oneself. Whether out of this self-assertiveness or to preclude it. The way out of it is not not to have a state, it is to have mature people.
Bu then it is not anarchism anyway. It is the free will which agrees to have an administration.
Were it the case, well, then this administration would be good. Aren't you saying that immorality comes from the state when it comes from man himself, as virtue comes from him too?
All your argument, Mr. Molyneux, is based on the immorality of violence. But violence will be when the motive of liberty is the self-assertiveness of oneself. Whether out of this self-assertiveness or to preclude it. The way out of it is not not to have a state, it is to have mature people.
quarta-feira, dezembro 18, 2013
L'homme qui a arreté d'exister
Er spricht für einen Bürokrat, pour remplir un rôle social, enquanto falava, piscava os olhos; um dia seu corpo começou a piscar também, falava, falava, até que uma hora não piscou mais.
sábado, dezembro 07, 2013
O liberalismo pró Estado
Contrapondo-se ao Estado, que é o símblo aglutinador da força física, o liberalismo pega antipatia das pessoas com vocação marcial, das pessoas que se preocupam com segurança, etc. Se assumisse sua inserção dentro da ordem estatal, se assumisse que precisa do Estado, que é uma política, não um dado da natureza perseguido por forças artificiais como o Estado, teria muito mais chance de êxito histórico. As pessoas não gostam do liberalismo porque o identificam com permissividade, moral inclusive, às vezes, mas principalmente física, pela falta de coerção a bandidos. O liberalismo tem que dizer que reforça o poder do Estado. Que a polícia terá mais meios de se distinguir, porque terá mais dinheiro. Se não, vão continuar perdendo.
sexta-feira, novembro 15, 2013
Natureza do dinheiro -- parte 3
Imagine-se um ponto circundado pelos mais variados bens comercializados.
Como o crédito é um direito a um bem definido, representamo-lo como um segmento de reta ligando o centro a um dos bens na circunferência.
Uma vez executado, o crédito desaparece.
Uma vez executado, o crédito desaparece.
O dinheiro, no entanto, é um direito a um bem por determinar. Ele deve ser representado pelo ponto, o ente que tem todas as dimensões e nenhuma extensão. O dinheiro é o direito de aquisição de um bem indeterminado, mas determinável, à venda. Igualmente, o ponto não tem qualquer determinação, mas é o fulcro de todas elas.
Efetuado o contrato de compra-e-venda, o proprietário do dinheiro abre mão de sua possibilidade indefinida em favor do bem escolhido.
Dentre as dimensões possíveis, realizou-se a que o liga ao bem escolhido.
O dinheiro, uma vez usado, apenas troca de mãos.
Não apenas a moeda deve ser divisível, o dinheiro o é necessariamente. O conjunto de todo o dinheiro, a reunião dos direitos de aquisição de bens indeterminados, equivale ao direito de aquisição de todos os bens à venda.
A soma de todos os dinheiros, portanto, equivale ao direito de aquisição de todos os bens, da mesma maneira que a aposta lotérica em todas as combinações de números possíveis equivale à certeza do recebimento do prêmio.*
Uma fração do todo de dinheiro, porém, é o que tem cada pessoa que tenha dinheiro; trata-se do direito de aquisição de um bem indeterminado. Mas esse bem indeterminado não é qualquer bem dentre os bens à venda.
Segundo a fração que uma pessoa tem em relação ao todo de dinheiro, ela poderá adquirir um ou mais bens dentro de um conjunto inserido no universo total de bens à venda.
Explica-se: um pedinte que economizou cem reais em duas semanas tem o direito de aquisição, por exemplo, de um celular, mas não de um carro. Ele pode comprar um celular, mas não dois, pode comprar, ao invés de um celular, uma lixeira metálica, uma toalha, camisa e ainda sobra para almoçar.
Com a fração do todo de dinheiro documentada em cem reais ele pode comprar celular, lixeira metálica, toalha, camisa e almoço; com cem reais ele tem um raio de escolha que chega ao celular.
Mas ele não poderá comprar o celular mais a lixeira mais a toalha. Dentro desse conjunto restrito de bens, poderá escolher entre algumas combinações, não entre todas.
*Ou numa rifa com prêmios pequenos para cada um dos participantes, alguém que compre todos os bilhetes teria a certeza de receber todos os brindes sorteados.
domingo, outubro 27, 2013
Por que ser pobre no Brasil é ruim?
Porque você:
-- demora mais de uma hora para chegar ao trabalho; você perde o tempo que teria para si se o período de deslocamento fosse menor. Tivessem jogado Sim City quando crianças, os gestores públicos brasileiros teriam construído um trem cortando a Av. das Américas, na Barra da Tijuca, em direção ao centro. O metrô, melhor transporte público, atende parte pequeníssima da população.
-- vive com medo de ser assaltado, você não pode caminhar tranqüilo à noite. Cariocas e paulistanos não sabem como isso pode ser bom.
-- seus vizinhos são animais que berram enquanto escutam pagode alto, se bem que isso não é exclusividade de vizinhos de pobres. Brasileiro é um favelado.
terça-feira, outubro 22, 2013
Natureza do dinheiro -- parte 2
Definição: a moeda é o documento do dinheiro, que é o direito de aquisição de um bem indeterminado comercializado.
Lei: aumentar a quantidade de moeda não aumenta a quantidade de dinheiro.
A pessoa que, além de assinar um contrato de trabalho, ainda tem o carimbo na sua carteira, tem dois documentos do direito de receber pelo serviço que presta a seu empregador. Ela tem dois documentos de um mesmo direito, isto é, tem dois comprovantes de um mesmo contrato, não de dois. Tampouco irá trabalhar duas vezes, recebendo o dobro do estabelecido em um contrato.
Aumentar a quantidade de moeda não aumenta a quantidade de dinheiro, embora possa parecer aumentá-lo. A quantidade de bem compráveis continuará a mesma diminua ou aumente a quantidade de moeda. Não faz sentido uma nação aumentar a quantidade de moeda para ficar mais rica. A moeda é apenas a medida relativa pela qual se troca um bem atual pela faculdade de compra de um futuro. Uma nação que tenha muitíssimo ouro no seu tesouro mas cuja produção global seja mais baixa em relação a outra com menos ouro enganar-se-á caso se considere mais rica. Considerando que ambas as nações se ignoram comercialmente, uma pouca quantidade de ouro na segunda compra muito mais bens que na primeira nação.
Não faz sentido, portanto, uma nação aumentar sua quantidade de moeda para ficar mais rica. Mas para o emissor da moeda faz. Porque ele comprará bens pelo seu preço atual, antes que as pessoas percebam a maior quantidade de moeda em circulação e reajustem seu preço. Ele comprará mais para que os últimos a receberem a moeda que emitiu comprem menos. Se é o governo quem emite moeda, aumentar sua quantidade em circulação é nada mais nada menos do que cobrar um tributo, que as pessoas costumam chamar de imposto inflacionário.
Geralmente, a moeda tem um valor de uso desprezível. Isso vale para o ouro, como demonstra a fábula trágica de Midas, o papel-moeda ou o número escriturado em sua conta bancária. Mas por que, dentre essas três, o ouro é o material da moeda mais confiável? Porque é o que opõe mais resistência ao aumento de sua circulação. A quantidade de ouro em circulação no mundo não pode aumentar de uma hora para a outra. No mínimo, seria preciso extraí-lo de uma mina por explorar. Imprimir papel-moeda é mais fácil, escrever um número na conta bancária mais fácil ainda. O ouro obriga o emissor de moeda a engolir em seco seu desejo de aumentar a quantidade em circulação.
......
Dinheiro é a riqueza de que se abre mão para se obter um meio de troca, fungível porque portável e durável. É o crédito impagável que o comerciante assume para poder trocar mais facilmente seus bens. É o acordo entre as castas militar-política e empresarial.
Uma diferença do crédito para o dinheiro é que aquele só pode ser cobrado de quem o emitiu, esse pode ser oposto a qualquer comerciante.
Atualização de 01/08/2014: Dinheiro é o desejo, a desejabilidade que um bem inspira na medida em que é usado como troca por outro bem.
É da essência do dinheiro se manifestar num bem, sem se confundir com ele.
Quando é usado como moeda de troca, um bem se dinheiriza, isto é, assume essa qualidade.
segunda-feira, outubro 21, 2013
Adamson pensando em Ratta
Era uma vergonha ter pais assim. Sou seu primogênito, por que fizeram isso? Claro, eu sei que a tarefa era difícil, se sentiam solitários, mas não pensaram em nós? Minha família foi para Edêntia, meus filhos brincariam nas escolas edênicas, ririam, jogariam, e agora? Agora vivo num lugar de que não gosto, não quero morrer aqui. Não sei se vou ter outros filhos, minhas irmãs me amam, eu as amo, mas não como um homem ama uma mulher, há algo mais que preciso fazer. O que será?
Lembro Van me contando histórias, como eu gostava delas. Onde será que ficam as terras de onde veio? Por que não vieram todos com ele para o jardim?
Lembro Van me contando histórias, como eu gostava delas. Onde será que ficam as terras de onde veio? Por que não vieram todos com ele para o jardim?
......
Seis meses depois
Meu pai tem estado mais feliz ultimamente, minha mãe também, aceitaram seu destino. Já têm ajustadores do pensamento, resignaram-se, perdoaram-se. O meu destino? Às vezes me pergunto o que estou fazendo, eu não sei bem, mas sei. Não é leviandade, é incerteza. Incerteza.
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