quarta-feira, março 28, 2012

Oratio Gettysburgensis

octoginta et septem annos abhinc nostri patres ferrerunt hoc continente novam nationem, concepta in libertate, et dicata ad propositionem ut omnes viri pariuntur aequalibus.

nunc committimur magno civile bello, quod temptat si illa natio, vel cuijavis natio, sic concepta et dicata, potest multe perferre. congredimur in magna acie illius belli. venimus dicare portionem illius aciei sicut terminalis stativa pro illis quibus dauerunt huc suas vitas ut illa natio possit vivere.

atque, prae amplior significatione, non possumus dicare, non possumus consecrare hanc tellem. valorosi viri, vivi et mortui, qui bellaverunt huc, consacraverunt eam, longe supra nostram pauperem potestatem adjunctu vel detractu. mundus vix contemplabit neque multum memoret qui huc dicamus, sed is nunquam potest oblivisci quod ei huc facerunt. ad nos vivi potius est noster officium dicemus nos ipsos huc infecto labori quem ei qui pugnaverunt adhuc tam animose procedere. ad nos potius est noster officium dicemus nos ipsos huc magno labori manendus ante nos -- ita ex his honorati mortui capissimus auctem studium illa causa cui ei daverunt proxumam plenam mensuram studii -- ita eminenter cernimus hos mortuos nequiquam non moriti -- ita haec natio, sub Deum, tenebit novam origem libertatis -- et ita rectio populi, ab populo, pro populo, non concidet de tellure.

Abraham Lincoln.

......

Complace non cunctare me corrigere.

quinta-feira, março 22, 2012

"Si politici possunt me iterdicere ut permaneam sicut imperator, abdicabo et permanebo sicut voluntarius patriae." (Petrus Secundus, imperator Brasiliae)

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Petista lê um artigo de Olavo de Carvalho e vai pensando:
-- Será que eu fiz isso tudo mesmo?
Olavo em sua cabeça:
-- Fez.
Admirado:
-- Puxa, como eu sou bom.
E sai todo pimpão.

quinta-feira, janeiro 26, 2012

I and my godly friend debate
endeavoring to get things straight.

quarta-feira, janeiro 04, 2012

Tropas de Elite 1 e 2

A interpretação do personagem Nascimento no segundo é melhor, até porque Wagner Moura já o conhecia há mais tempo, e pode trabalhá-lo bastante depois da repercussão do primeiro filme.

A consciência imediata de questões comportamentais no primeiro, em meio à sucessão torrencial de pressões do trabalho e da vida pessoal, que faz a riqueza do primeiro filme, esvazia-se numa consciência política no segundo. Não me venham dizer que o amor filial no segundo mantém a tonalidade da consciência em meio a esquemas e brigas políticos, porque o amor filial é quase um instinto. Não, a epígrafe do primeiro filme, uma sugestão, tendência, torna-se, no segundo, uma tese. Nascimento é um joguete de forças político-sociais, mesmo que queira combatê-las. Sua vida pessoal, seus questionamentos morais, como a vontade de recuperar o corpo -- reclamado pela mãe -- do fogueteiro torturado pelo Bope, e morto em seguida por traficantes, apaga-se na acachapante consciência política. Nascimento cresce como ser político, mas como homem perde. Nunca é uma boa troca. A vida política é louvável, mas não deveria cobrar a desistência de questões comportamentais que toda hora nos surpreendem.

O impressionante personagem André também não terá mais vida pessoal nem dilemas morais. Ele se torna apenas o capitão dedicado do Bope. Onde estão suas questões pessoais?

A situação social era o teatro do homem no primeiro, no segundo a circunstância se destaca e o homem vira paisagem, a relação se inverte. Conquanto incensado o segundo, o primeiro Tropa de Elite é melhor.

sexta-feira, dezembro 23, 2011

O choro dos norte-coreanos

Se o choro dos norte-coreanos não é ensaiado, então é o choro do escravo que só pode dar vazão à sua tristeza junto com a tristeza do seu senhor. Simone Weil explica isso no seu ensaio sobre a Ilíada.

"E o que é preciso para o escravo chorar? O infortúnio de seu senhor, seu opressor, espoliador, saqueador, do homem que arrasou seu país e matou seus parentes e amigos debaixo de seu nariz. Este homem ou sofre ou morre; então as lágrimas do escravo vêm. Ora, e por que não? Esta é a única ocasião em que as lágrimas lhe são permitidas, em que são mesmo obrigatórias. Um escravo sempre vai chorar quando puder fazê-lo impunemente - sua situação mantém as lágrimas em suspenso.

Ela falou, chorando, e as mulheres gemiam,
Usando o pretexto de Pátroclo para lamentar seus próprios tormentos.

Como o escravo não tem licença para expressar qualquer coisa que não seja simpática a seus senhor, procede que a única emoção que pode tocá-lo ou animá-lo um pouco, que pode chegar a ele na desolação de sua vida, é a emoção do amor por seu senhor. Não há outro canal pelo qual manifestar a dádiva do amor; (...)".

domingo, dezembro 11, 2011

Para um final alternativo do filme O Cheiro do ralo

Lourenço construía seu pai-frankestein; num momento em que algo não dava certo, olhava para ele e pregava-o de tiros, em seguida ia ao banheiro fedido e enfiava-o privada abaixo dando descarga. O cheiro do ralo desaparecia. Ele contatava a garçonete e tateavam um relacionamento.

A cena -- magnífica -- da bunda seria assim: ele diz que gosta dela, ela diz que ele só gosta da sua bunda.

(Nervosa) -- Você quer ver minha bunda, você quer ver minha bunda? Eu mostro para você, não precisa pagar não.

Então ela mostra. Ele a beija (a bunda), agarra e abraça chorando, tal como no filme.

Ela o entende, e eles tateiam um relacionamento.

terça-feira, dezembro 06, 2011

segunda-feira, dezembro 05, 2011

Céu e inferno de minha preferência

Um amigo me perguntou pelo Formspring quais são o céu e o inferno de minha preferência. Respondi assim:

"Inferno, Marcio:

A selva, de Ferreira da Castro, onde os desejos sexuais flamejavam, o calor era brabo, os mosquitos infernizavam. A civilização e o sangue não são páreos para eles. Praticamente sucumbem ante a lassidão da terra onde o tempo não passa. Uma imagem é eles passeando de canoa pelas matas na época das chuvas, bonita. Rousseau achava lindo o bom selvagem, lá de sua monarquia europeia.

Freud, porque revolve, como ele mesmo cita de Virgílio, os infernos da mente humana. Mexe nas merdas que há na mente.

O céu é o Livro de Urântia. Lembro agora o salmo 23, que o pastorzinho não conseguiu reproduzir com exatidão, mas que originalmente era assim.

Os Deuses são os meus guardiães; eu não me perderei;
Lado a lado, conduzem-me pelos belos caminhos e na glória revigorante da vida eterna.
E, nessa divina presença, não terei fome de alimento nem sede de água.
Ainda que eu desça ao vale da incerteza ou ascenda aos mundos da dúvida,
Ainda que caminhe na solidão ou com os meus semelhantes,
Mesmo que eu triunfe nos coros da luz ou titubeie nos locais solitários das esferas,
O Vosso bom espírito ministrará a mim, e o Vosso anjo glorioso confortar-me-á.
Ainda que desça às profundezas da escuridão e da própria morte,
Não duvidarei de Vós, nem Vos temerei,
Pois sei que, na plenitude dos tempos e na glória do Vosso nome,
Vós me elevareis, para que eu me assente Convosco nas fortificações das alturas.


Mas o Livro de Urântia, pelo excesso de espiritualidade, que minha própria carne não pode suportar, é um inferno também, um inferno de espiritualidade."

sábado, novembro 05, 2011

Descansa, revolta.

Brasileiro se revolta contra a corrupção (ah, eu nunca vou perder o sono por causa de corrupção financeira de político) e chama a isso de consciência política. Como disse Luiz Felipe Pondé no programa Painel da Globo News, não é preciso, brasileiro, se indignar a todo tempo com tudo. A vida segue ainda que o político tenha embolsado um dinheirinho, que seu vizinho aguarde quem dará o primeiro passo - se ele ou o policial - ao ser parado em blitz no trânsito, que você jogue lixo na praia (essa, sim, me indigna). Mas, que tal ficar chateado com o Fernanidnho Beira-Mar, que corrompe para as drogas? Sim, claro, ele não é o corrupto habitual, talvez seja até mais direito que o político, afinal o dinheiro que esse rouba evitaria a morte de criancinhas em hospital. OK, então, por que não, por exemplo, criar uma agravante para o crime do político? Ou, como queria um ex-professor, julgá-lo num tribunal de júri, julgamento pelo povo, como em caso de homicídio?

Fernandinho Beira-Mar acha graça de tudo isso, ele, o herói, a quem o jornal um dia estampou na capa com a manchete "Tá tudo dominado."

O político roubou, mas o espírito continua à procura de homens que o Filho Eteno chama à sua órbita. Por que fazer tanto caso deles? A vida segue, eles terão seu galardão um dia, no pós-dia, e você também. Sossega e peça para ele correr atrás do Beira-Mar.

terça-feira, novembro 01, 2011

Brasileiro não gosta de política, brasileiro só gosta de corrupção.

segunda-feira, outubro 31, 2011

Dominação

A melhor maneira de dominar alguém é fazer algo de que a própria pessoa duvidará que você tenha feito, e, se ela chegar a acreditá-lo, não conseguirá comunicá-lo a outros, seja por vergonha de ter participado naquilo, seja porque as outras pessoas não lhe acreditarão, e ela não quer passar por doida mentirosa. Então o que aconteceu subsistirá como uma erva daninha dentro de si, corroendo sua base de confiança num mundo que descrê na possibilidade de que algo do tipo lhe tenha ocorrido.

Faz-se daí a cumplicidade dominada do paciente ao sujeito da ação.

domingo, outubro 30, 2011

Blecaute

A velinha sua em bicas
criando raízes ao prato;
quisera admirá-la mais,
entanto me dói a vista.

Em breve a luz volta, alás,
e então eu a apago, grato.

sexta-feira, outubro 28, 2011

Capitulo 182 de Quincas Borba

J. Apolodoro, colega de letras a quem Machado de Assis entregara uma versão de Quincas Borba para que revisse e opinasse, propôs-lhe a seguinte alteração no capítulo 182:

"(...)

Um deles, muito menor que todos, apegava-se às calças de outro, taludo. Era já na Rua da Ajuda. Fosse o delírio com Jesus, Rubião teria parado e dito: "Deixai vir a mim as criancinhas." Mas, como o Nazareno aí não tinha parte alguma, tão logo ouviu a surriada, Rubião supôs que eram aclamações, e fez uma cortesia de agradecimento. (...)

(...)"

quinta-feira, outubro 27, 2011

Soneto

por Targélia Barreto de Meneses

Em vão tentais nos ocultar a chama
Que o vosso peito alastra e que o devora,
Nós, as mulheres, fracas, muito embora,
Sabemos ler no olhar do homem que ama

No lábio que, agitando-se, descora,
Traduzimos a frase que se inflama!
E muita vez no gelo se derrama
Fogo que o peito de afeição vigora

O homem é assim inconsciente,
Sempre ostentando aquilo que não sente:
Quando jura um afeto está fingindo;

Quando se diz liberto está cativo!
Ironia cruel! Por que motivo
Há de um homem viver sempre mentindo?

segunda-feira, outubro 10, 2011

Monarquia

A monarquia é o favorecimento pessoal legalizado, com a vantagem dos belos jardins, dos homens de fraque, garbo e elegância, e das histórias de princesa. Se é para ter corrupção financeira, por que a gente escolheu a República mesmo?

quinta-feira, outubro 06, 2011

Que é a dúvida? - II

Dúvida é a alternância entre duas ou mais opções de ação, as quais não têm atratividade o bastante para que por uma delas se decida finalmente.

Que é a dúvida?

"A dúvida é uma espécie de pensamento que varia por ambas as alternativas [de um dilema], de maneira que se pensa 'Isto talvez seja assim; talvez não seja assim.'" (Yoga-Bhashya, tradução minha da tradução de James Haughton Woods)

quarta-feira, outubro 05, 2011

domingo, setembro 25, 2011

Amor & Cia

O filme Amor & Cia, que só hoje vi, na TV Brasil, de cara lembrará um romance brasileiro famoso. Godofredo é atormentado pela idéia de que seu sócio, MACHADO, o tenha traído com sua esposa, Ludovina.

Ele, porém, gosta muito dela e não sossegará até tê-la de volta depois da separação. E mais, deseja saber o que aconteceu. Que cartas duvidosas eram aquelas? Que criança foi parida durante a temporada de Ludovina em Minas?

O Brasil não é feito apenas de cínicos ou de observadores à margem como o diplomata Aires, há também os fortes que agem; obrigado a Eça de Queiroz, autor da história (Alves & Cia) que sem querer é um acerto de contas com Machado de Assis, e, por tê-la filmado, ao diretor Helvécio Ratton.