quarta-feira, janeiro 04, 2012

Tropas de Elite 1 e 2

A interpretação do personagem Nascimento no segundo é melhor, até porque Wagner Moura já o conhecia há mais tempo, e pode trabalhá-lo bastante depois da repercussão do primeiro filme.

A consciência imediata de questões comportamentais no primeiro, em meio à sucessão torrencial de pressões do trabalho e da vida pessoal, que faz a riqueza do primeiro filme, esvazia-se numa consciência política no segundo. Não me venham dizer que o amor filial no segundo mantém a tonalidade da consciência em meio a esquemas e brigas políticos, porque o amor filial é quase um instinto. Não, a epígrafe do primeiro filme, uma sugestão, tendência, torna-se, no segundo, uma tese. Nascimento é um joguete de forças político-sociais, mesmo que queira combatê-las. Sua vida pessoal, seus questionamentos morais, como a vontade de recuperar o corpo -- reclamado pela mãe -- do fogueteiro torturado pelo Bope, e morto em seguida por traficantes, apaga-se na acachapante consciência política. Nascimento cresce como ser político, mas como homem perde. Nunca é uma boa troca. A vida política é louvável, mas não deveria cobrar a desistência de questões comportamentais que toda hora nos surpreendem.

O impressionante personagem André também não terá mais vida pessoal nem dilemas morais. Ele se torna apenas o capitão dedicado do Bope. Onde estão suas questões pessoais?

A situação social era o teatro do homem no primeiro, no segundo a circunstância se destaca e o homem vira paisagem, a relação se inverte. Conquanto incensado o segundo, o primeiro Tropa de Elite é melhor.

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