quinta-feira, outubro 27, 2011

Soneto

por Targélia Barreto de Meneses

Em vão tentais nos ocultar a chama
Que o vosso peito alastra e que o devora,
Nós, as mulheres, fracas, muito embora,
Sabemos ler no olhar do homem que ama

No lábio que, agitando-se, descora,
Traduzimos a frase que se inflama!
E muita vez no gelo se derrama
Fogo que o peito de afeição vigora

O homem é assim inconsciente,
Sempre ostentando aquilo que não sente:
Quando jura um afeto está fingindo;

Quando se diz liberto está cativo!
Ironia cruel! Por que motivo
Há de um homem viver sempre mentindo?

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