sexta-feira, agosto 20, 2010

Lirilizando a política

"Embora chames burguesa,
ó poeta moderno, à rosa,
não lhes tira a beleza.

A tua sanha imprevista
contra a vítima formosa,
é um mero ponto de vista.

Pode a sanha ser moderna,
pode ser louvada, a glosa:
mas sendo a Beleza eterna,

que vos julgue o Tempo sábio:
entre os espinhos, a rosa,
entre as palavras, teu lábio.

(Meirelles, Cecília. Metal Rosicler, 35)

......

"Eu nada entendo da questão social.
Eu faço parte dela, simplesmente...
E sei apenas do meu próprio mal,
Que não é bem o mal de toda a gente,

Nem é deste Planeta... Por sinal
Que o mundo se lhe mostra indiferente!
E o meu anjo da Guarda, ele somente,
É quem lê os meus versos afinal...

E enquanto o mundo em torno se esbarronda,
Vivo regendo estranhas contradanças
No meu vago País de Trebizonda...

Entre os Loucos, os Mortos e as Crianças,
É lá que eu canto, numa eterna ronda,
nossos comuns desejos e esperanças!...

(Quintana, Mario. A Rua dos Cataventos, IV)

Nenhum comentário: