quarta-feira, julho 28, 2010

Semana passada uma colega me disse que a construção crescente de presídios nos Estados Unidos da América responde a uma política de segregação do negro, tido como inferior. Pior: disse que consiste numa visão de direita, o que não poderia ser mais falso, uma vez, por exemplo, que Salvador Allende escreveu em sua tese de doutorado que a raça judaica ou cigana inclinava os indivíduos a si pertencentes para a prática de crimes, ou que Karl Marx advogava o extermínio eugênico de raças inferiores. A evidência de se discernir raças entre os homens, e o mau uso que disso se pode fazer, o que constitui o racismo precisamente, são compartilhados por esquerda e direita.

A política estadunidense de construir mais presídios visa a alojar criminosos, sejam eles brancos ou negros. Se os negros cometem mais crimes, é óbvio que eles serão a população carcerária majoritária. Não ignoro o fato de que negros possam ser condenados a prisão em processos que em algum momento foram movidos segundo um automatismo racista, não obstante, valendo-me aqui da teoria realeana sobre o direito, o fato não implica o valor, tampouco a norma. Dificilmente se pode dizer que a construção de presídios se inclui dentro de uma política de segregação do negro. Talvez ainda não seja uma realidade a 'post-racial America', sobretudo em estados do Sul, porém as baterias da Administração Pública estadunidense estão menos voltadas contra que a favor do negro.

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