Malgrado a metáfora utilizada pelo autor Leonardo Boff que dá nome ao livro e percorre suas páginas ser válida, o mesmo não se pode dizer da linguagem empregada, que é sempre de uma simplicidade irritante, como se tratasse o leitor como criancinha. Ao que veremos, não condiz com o intuito do autor de transformar homens-galinha em homens-águia. As dimensões galinha e águia estão presentes em todos os homens, mas em alguns se destacam uma ou outra, sendo a galinha a dimensão cotidiana, prática e terrestre, enquanto a águia representa a visão de futuro e espiritual.
No primeiro parágrafo o autor já mostra suas credenciais marxistas, analisando a vida e obra de dois ganenses que se defrontaram contra a ocupação britânica de seu país, ressaltando a frase de N'Krumah ao tonar-se primeiro-ministro: "Sou socialista, sou marxista, sou cristão."
No quinto capítulo, Leonardo Boff demonstra conhecimentos de física citando as mudanças de paradigmas teóricos no século XX, fazendo uma comparação com a física praticada por Newton e Galileu em séculos anteriores. No fim do capítulo ele, que até então fizera distinções razoáveis entre a águia e a galinha, entrega-se ao discurso fácil de afirmar que falta ao homem atual a dimensão águia, devendo esse dedicar-se à luta contra o jugo dos dominadores. Eis aí a síntese da religião boffeana, cujo outro nome é revolta. Até mesmo o irmão de Leonardo Boff se deu conta que a teologia que dá primazia ao pobre sobre Deus não tem valor algum. A pobreza é uma qualidade acidental de um ser humano, é algo que chega e pode passar. O pobre não é uma realidade em si. Leonardo Boff abraça uma quimera confortável contra a difícil tarefa de entender o mundo, suas relações de poder, e a existência de Deus face a essas dificuldades. É tão simples o mundo de Leonardo Boff: há pessoas que não têm dinheiro porque os ricos, por serem maus, não querem deixar. Pensava eu assim quando tinha quatorze anos. O senhor Luiz Longuini, que ministrou a disciplina de Ética e cidadania para mim nas faculdades Moraes Júnior, acredita nisso.
Quando o senhor Longuini afirmou em sala de aula que a colonização era uma forma de exploração, retorqui dizendo que nem toda colonização envolve exploração, algo de uma obviedade ululante. Para citar um exemplo, os italianos que colonizaram o sul do Brasil vieram com o intuito de plantar uvas, não de expulsar indígenas ou portugueses de terras. O senhor Longuini disse que eu tinha mente de colonizado, no que foi respondido em tom firme com as mesmas palavras em seguida. E pensar que o homem tem doutorados mundo afora. Ou mái Gódi!
terça-feira, julho 01, 2008
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