sábado, abril 23, 2011

Fundação Ford na faculdade de direito da UERJ

"(Esta situação) envolve a organização de fortunas livres de tributos de financistas internacionais em fundações que serão usadas com objetivos educacionais, científicos, "e outros de interesse público." Há sessenta anos ou mais, a vida pública no Ocidente foi dominada pela influência de "Wall Street". Este termo nada tem que ver com o uso que os comunistas lhe impingem, de um industrialismo monopolista, mas, ao contrário, refere-se ao capitalismo financeiro internacional envolvido até o pescoço no padrão ouro, flutuações cambiais, flutuações de apólices com juros fixos e, em menor extensão, flutuação de ações da indústria nos mercados de ações. Este grupo, que nos Estados Unidos foi de todo dominado por J. P. Morgan e sua corporação dos anos 1880 até os 1930 era cosmopolita, anglófilo, internacionalista, pró-Ivy League*, tinha base de ação na costa leste, anglo-católico, e formado na cultura européia. Sua conexão com as universidades da Ivy League baseava-se no fato de que grandes doações a essas instituições deviam ser precedidas de uma consulta constante aos financistas de Wall Street (ou suas ramificações em State Street, Boston, e outros lugares) e se refletiu no fato de que essas doações, ainda em 1930, eram em bônus ao invés de bens imobiliários ou ações ordinárias. Como conseqüência dessas influências, até os anos 1930, J. P. Morgan e seus associados eram as figuras mais significativas nas diretrizes políticas de Harvard, Columbia, e, em menor extensão, Yale, enquanto os Whitneys eram significativos em Yale, e a Prudential Insurance Company (através de Edward D. Duffield) dominava Princeton." (QUIGLEY, Carroll. Tragedy and Hope, chapter 65. Tradução minha)

*Ivy League é o nome que se dá ao grupo de oito universidades de maior prestígio na costa leste dos Estados Unidos.

......

Alguns anos mais tarde, a influência das fundações se faria sentir também no resto do mundo.

Não deve surpreender, portanto, que no contexto da Aliança para o Progresso, nos anos 60, o Centro de Estudos e Pesquisas no Ensino de Direito (CEPED), ligado a faculdade de direito da UERJ, tenha recebido apoio da Agência de Desenvolvimento Internacional do governo dos EUA (USAID) e da Fundação Ford -- confira aqui, na seção História.

Assim se ajuda a explicar a ascendência do pensamento politicamente correto, ao modo do liberalismo norte-americano praticado nas universidades da Ivy League e apoiado pelas fundações bilionárias, sobretudo pela Ford, naquela instituição e, de resto, mundo afora.

sexta-feira, abril 15, 2011

Petização oca

Deve ocorrer com o PT -- se é que já não está ocorrendo -- um fenômeno peculiar que sucedeu ao partido fascista italiano. Como ele era o único partido do país, e porque se filiar a um partido pode aumentar suas oportunidades de emprego e negócios, pessoas que não eram fascistas ingressavam em suas fileiras, até o ponto em que havia mais indiferentes do que fascistas propriamente ditos no partido.

No Brasil, para fazer negócios com instituições estatais controladas por petistas, as quais já somam um número enorme, com freqüência é pedido carteirinha do partido. Se você não tem, não vai conseguir o contrato.

Bom, eu e nem você, leitor, quer ficar de fora dessa boquinha. Então filiar-se ao partido dos trabalhadores pode ser um bom negócio.

A petização do Brasil é evidenciada pela quantidade de bandeiras do Brasil que havia na posse de Dilma, muito baixa em comparação com o número de bandeiras do partido.

Na despedida de José Sarney da presidência, por exemplo, viram-se muitas bandeiras verde-amarelas. Elas andam em falta em Brasília!

quarta-feira, abril 13, 2011

Outro plebiscito?

Esse pessoal do desarmamento não sossega.

Rodrigo Pimentel, você é inteligente o bastante para achar que o desarmamento evitaria a tragédia de Realengo. O assassino adquiriu sua arma ilegalmente.

No vídeo abaixo, Alexandre Garcia comenta sobre um novo plebiscito no fim do ano.


terça-feira, abril 05, 2011

Amor aos fatos

A novela Amor e Revolução, do SBT, sobre o regime militar, e que estréia hoje, não começa bem. Ela mostrará um deputado que é preso -- até aí, tudo bem, realmente políticos eleitos sofreram perseguição e foram presos -- e torturado. Contra a dor física da tortura, o deputado inflaciona o ego: "Eu sou a voz do povo".

Não se sabe, porém, de nenhum deputado torturado durante o regime militar. Se algum foi, não contou. Eles foram obrigados, pelas circunstâncias, a se exilar, ou foram presos, mas nenhum foi torturado.


Qualquer novela que fale sobre o regime militar tem a obrigação de fazer uma pesquisa histórica acurada do período. Toda a verossimilhança da trama deve ser construída com base nos fatos, não o contrário.


Pode parecer bobagem, afinal, "é só uma novela". Acontece que o imaginário de um país sempre influencia sua política; e o passado militar brasileiro já é delicado o bastante para ser tratado de maneira leviana.

terça-feira, março 29, 2011

Saudade é a falta que nos faz algo bom. Pode ser um sorvete de doce de leite que costumávamos comer quando éramos crianças, um passeio pelo parque com alguém, ou uma pessoa, pelos momentos junto a ela de que nos lembramos com gosto.

segunda-feira, março 28, 2011

Conversando com colegas outro dia, tocamos no assunto pesquisa em plantas medicinais na Amazônia. Disseram que o governo precisava criar incentivos fiscais.

Se o governo cria incentivos, é o político quem está escolhendo qual será a atividade produtiva. Mas essa é uma tarefa do empresário, ele deve decidir que atividades desenvolver, não o político. Incentivo fiscal, se houver, deve vir a reboque da atividade empresarial, conseguido por lobbys dos empresários da área, não à sua frente.

domingo, março 20, 2011

É de se lamentar -- para não dizer que é uma vergonha -- que estudiosos de René Guénon não estudem o Livro de Urântia.

Jovem leitor do Livro, leia-o de trás para frente, comece pela parte IV -- ou pela parte III, se preferir --, até chegar à parte I. Consulte a introdução com freqüência para tirar dúvidas sobre conceitos.

Entre também em um grupo de discussão (veja o ELUB), para conhecer -- e quiçá depois compartilhar -- as experiências de colegas urantianos; e para tirar dúvidas, conforme você lê. Procure também um grupo de leitura.

Confie em seu amigo interior, o Ajustador do Pensamento, e converse com ele.

......

Atualização de 22/08/2011. Ler o livro de trás para frente foi como eu fiz, mas vários colegas percorreram o caminho habitual. Não vá por mim, faça como melhor se sinta.

segunda-feira, março 14, 2011

O refrigerante faz seu show particular, explodindo em fogos de artifícios. O garoto toma-o de um só gole. Sua barriga cresce, cresce, cresce, até arrotá-lo com gosto e alívio.

segunda-feira, fevereiro 28, 2011


"Les épines, ça ne sert à rien, c'est de la pure méchanceté de la part des fleurs!"

O piloto estava errado ao dizê-lo e o pequeno príncipe o corrigiu. As flores, na verdade, tinham espinhos para se defender.

Num país distante da Terra, também as flores têm espinhos. Elas são criadas pelas pessoas para defendê-las de vizinhos hostis, jamais para atacá-los. Estão de prontidão para qualquer eventualidade, e em dias de paz se comportam como damas da sociedade, servindo buquês às namoradas ou dando pólen a beija-flores. Sua estripulia é causar espirro às formigas.

Defendem a civilização construída por ratos-estadistas, elefantes-filósofos, pumas-poetas e cientistas sabugosos. E, de quebra, aspergem o ar com suas doces essências.

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

No livro A Educacão da Vontade, Jules Payot diz que "toda percepção, mesmo a elementar, é uma interpretação de determinados signos. Eu não vejo uma laranja;", diz ele, "apena julgo por determinados signos que deva ser uma laranja. Mas com o hábito, esta interpretação se torna instantânea e automática e, por conseguinte, não é facilmente atrapalhada."
No entanto, não é assim. A forma se nos apresenta para que a conheçamos. Mas como então chegamos a confundir uma laranja com uma tangerina? A forma da laranja, sua estrutura interna, não chegou a se nos apresentar, fomos informados apenas por certos signos seus, sobretudo por sua cor, os quais, muito parecidos com os da tangerina, não foram suficientes para distinguí-la.
Os signos que a forma disponibiliza podem com razoável grau de certeza indicá-la, mas ela, a forma, pode também vir a ser conhecida, desde que tenhamos, nós e a coisa, chegado a uma relação proporcionada em que ela consegue se nos mostrar e nós podemos e queremos percebê-la. Há uma diferença de fundamento, e não de mero grau, entre os signos que uma coisa disponibiliza e sua forma, aqueles se podem perceber na agitação útil do mundo, mas essa exige-nos solene respeito.
Ademais, o hábito de reconhecer algo por seus signos só pode acontecer porque já se conheceu uma vez sua forma.
O livro de Jules Payot, entretanto, tem sido muito bom. Já me ensinou como direcionar a atenção, não a deixando ao léu das dispersões pelos menores interesses.

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

É desligar o carro
e ver-me no silêncio da noite;

antes me fazia companhia
o motor.

Creiam-me! A noite me queria engolir
e o motor me foi fiel.

De resto, a fumaça do cigarro esvanece o breu,
ela contrariada, eu temeroso,
mas logo, conciliados, somos dois: na noite eu.

sábado, fevereiro 12, 2011

Quando o autor disser: "Os fatores econômicos determinam (...)", deixa passar, porque no mais o livro é bom, ou venda-o. Se precisar lê-lo, é porque ele é um fator econômico na sua vida.

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Cabelo cheio, dia para ir ao barbeiro,
recortam as medeixas tesoira e canivete
e eu a relaxar enquanto passa a charrete
lá fora. Pudesse cochilar, fá-lo-ia..
Pronto, toalha sacudida, espelho à nuca,
tome, pro café. Lembranças à dona Lia!

Agora um banho e depois namorar pela Urca.

Lá ra lá ra lá, mas se não tenho dinheiro?

Lá ra lá ra lá.

domingo, janeiro 16, 2011

Assalto na padaria da esquina,
a viatura sai em disparada!
Enquanto patrulha o local, a dupla
de tiras, no balcão, é agraciada:
servem-lhes café e pão com margarina.

quinta-feira, janeiro 06, 2011

Achava que tinha escrito algo de genial,
mas lhe falta a clareza de quem fala a um igual,
com intimidade e leveza.
Conversation Galante

by T. S. Eliot

I OBSERVE: “Our sentimental friend the moon!
Or possibly (fantastic, I confess)
It may be Prester John’s balloon
Or an old battered lantern hung aloft
To light poor travellers to their distress.”
She then: “How you digress!”

And I then: “Someone frames upon the keys
That exquisite nocturne, with which we explain
The night and moonshine; music which we seize
To body forth our own vacuity.”
She then: “Does this refer to me?”
“Oh no, it is I who am inane.”

“You, madam, are the eternal humorist,
The eternal enemy of the absolute,
Giving our vagrant moods the slightest twist!
With your air indifferent and imperious
At a stroke our mad poetics to confute—”
And—“Are we then so serious?”

......

The poet pictures a man who talks about moon, stars, those useless things which have nonetheless poetical appealings.

But the lady with whom he talks discredits his poetical images and divagations.

In the second stanza, he is already upset with her and drop a hint saying there is music which exists to fill "our own vacuity". She feigns attention to the hint, then he gets more and more impatience until in the third stanza he explicitly says she trivializes all, "You, madam, are the eternal humorist,/ The eternal enemy of the absolute," but she minimizes the talking: "Are we then so serious?"

quarta-feira, janeiro 05, 2011

Em geral tinha o corpo e o espírito moles, não indolentes, mas lassos, sempre com um sorriso a agradar e vaidoso de uma vida à parte em que seria um bon-vivant, a tocar seu violão e derreter corações, mas às vezes assumia um espírito de resistência, como se a outra pessoa -- em especial se um ente querido, porque mais próximo -- existisse para lhe interferir, e, quando pego de surpresa, um mero olhar seu era como uma patada, um olhar do qual se queria esconder, como do de Medusa, e responderia denodado e hostil -- porque desviada sua atenção -- a uma chamada inopinada.

domingo, janeiro 02, 2011

Fui ao turfe e escolhi belo alazão,
não contei que venceria o azarão,

na saída comprei um algodão-doce,
e ofereci-o a minha namorada,

estava ditoso, apesar do coice.

terça-feira, dezembro 28, 2010

Aproxima-se o carro na noite profunda,
o farol alto embaça a vista, chove fino,
o carro passa a pista sem ver o menino
e o atropela. Seu Lino desola, a perda inunda.

Voa, menino! Sim, pequenino! Pelo divino.