sexta-feira, abril 19, 2013

Autores mortos e perfeição

Não me parece a melhor maneira de estudar um autor, ou o assunto que ele propõe, considerando-o "morto". Salvo se ele for repressivo, intimidativo, então matá-lo é  uma defesa compreensível, sente-se mais livre para trabalhar em cima do que ele disse sem querer adaptar-se a seu pensamento. Mas sua vozinha poderá vir puxar a perna do inconsciente à noite, "olha, eu não penso isso, você está achando errado", bom mesmo é considerá-lo vivo, mesmo que seja para brigar ou manter-lhe distância, melhor se for alguém livre e disposto a ver novas possibilidades, com quem conversar, saber o que vai achar, isso tudo tem que ser imaginado a partir do que registrou, intuir-se o que ele acharia, trocar idéias com ele. Não que seja preciso concordar com ele, crescer com ele é que é bom. Sócrates nunca escreveu nada, mas os homens vêm dialogando consigo há mais de dois milênios. Sócrates é uma inspiração de busca da sabedoria, é um autor vivíssimo por causa disso, não fechou num sistema autoritário, ou você está comigo ou contra mim, seu pensamento, ao contrário, deu o impulso inicial, incentivou outros a que praticassem o que fazia, a busca de sabedoria. Enquanto busca, a sabedoria não pode ser capturada. Nem os valores, aliás, que são ideais. Eles são infinitos, nunca se os realiza por completo, daí porque o Livro de Urântia fala em perfeição de propósitos, ou seja, perfeição da busca e do quê buscar, do ato mesmo de querer os valores. A perfeição não seria portanto um estado. Seria uma busca eterna, não uma busca à toa, de algo que nunca se vai achar, mas algo que se revela sempre mais, o lado claro da lua anunciando que o escuro também está lá. Essa busca tem uma peculiaridade: Quanto mais se descobriu, mais se sabe que há algo por descobrir, os lados claro e escuro avançando concomitantemente.

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