segunda-feira, janeiro 07, 2008

A filosofia de Sócrates

"Os medíocres vivem lúcidos
Somente eu aparento estar confuso"
(Lao-Tsé)

Acuado por opositores em julgamento que lhe poderia valer a morte, Sócrates contou a história de por que fazia perguntas incessantes às pessoas:

“O fato é, homens de Atenas, que adquiri essa reputação devido a nada além do que uma espécie de sabedoria. Que espécie de sabedoria é essa? Apenas a sabedoria humana. Talvez os homens de que estávamos falando sejam sábios em outra espécie de sabedoria, maior que a humana...”

“Não, não me interrompam, a palavra que falo sai da minha boca mas não fui eu em quem a disse, porém uma pessoa de peso: O próprio Oráculo de Delfos. Aqui está o irmão de Querofonte que não me deixa mentir. Ele pode testemunhar que seu irmão falecido foi a Delfos perguntar ao Oráculo se havia alguém mais sábio que eu. O Oráculo respondeu que não.”

“Ora, isso me deixou intrigado. 'O que será que esse deus quer dizer, como devo interpretar suas palavras? Pois sei que não sou sábio de modo algum. Mentindo o Oráculo não está, pois um deus não mente, mas então como ele pode ter declarado isso?' Fiquei espantado. Chegou o momento que decidi investigar o que o Oráculo dissera.”

“Fui conversar com uma dessas pessoas que as pessoas em geral dizem ser sábias. Minha intenção era descobrir alguém mais sábio que eu e então mostrar ao Oráculo que ele se enganara. Fui eu pois conversar com um homem, homem público de Atenas, e conversando com ele percebi que parecia bastante sábio para outras pessoas e até para si mesmo, mas não o era em realidade. Tentei-lhe então mostrar que pensava ser sábio sem o ser de verdade. Ele passou a me odiar, bem como muitas das pessoas ali reunidas. No caminho de volta fui pensando comigo mesmo: 'Esse homem pensa que é sábio, mas não é. Eu não sou sábio, nem penso que sou. Sou mais sábio que ele nesse respeito.”

“Segui minha jornada. Conversei com os poetas. Algumas poesias pareciam ser tão elaboradas que esperava encontrar neles a sabedoria que buscava. Para meu espanto, entretanto, os poetas não sabiam explicar bem a sua obra, e qualquer homem ali presente era capaz de explicá-la melhor que eles próprios. Então compreendi que o que os poetas compunham não o faziam por sabedoria, mas por uma inclinação natural e por uma inspiração do mesmo tipo que têm os profetas e as profetizas de oráculos, os quais também falam coisas magníficas, mas não têm idéia do que estão falando.”

“Por fim, entrevistei os artesãos. Pensava que ia encontrar homens que sabiam muitas coisas boas, e de fato não me decepcionei. Eles realmente sabiam muitas coisas boas. Porém, ó homens de Atenas, eles tinham o mesmo cacoete dos poetas. Porque praticavam bem a sua arte, criam ser muito sábios em todo e qualquer outro assunto.”

“Compreendi então o que o Oráculo dissera.”

......

Atualização de 11/08/2012.

Muitos comentaristas futebolísticos criticavam comentários de Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos. Alguns, espantados, chegaram a se perguntar se ele não entendia de futebol. Ora, como pode ser isso?

No caso, Pelé seria como os poetas com que Sócrates conversou. Sabe jogar futebol, mas não saberia como se o faz.

3 comentários:

Anônimo disse...

O que ele compreendeu exatamente?

Danielhenlou disse...

Ele compreendeu que era o homem mais sábio, pois os outros pensavam saber um monte de coisas mas na realidade não sabiam, enquanto ele sabia que não sabia esse monte de coisas.

"Sei que nada sei."

Anônimo disse...

Ele com preendeu que era um sábio,mais que todos tinha seu tipo de sabedoria cada um com sua idéia era sábio.