sábado, julho 12, 2008
Apocalypto
Apocalypto é um filme excelente, muito bem filmado, que mostra o fim da civilização maia, não pela chegada dos espanhóis, como era de se supor, mas pela luta e determinação de um jovem guerreiro de uma das tribos que os maias perseguiam e escravizavam para serem sacrificados aos seus deuses sedentos de sangue.
Não sou lá entendido de técnicas de cinema, mas a impressão com que fiquei foi de que o filme consegue tirar o máximo de cada cena, filmando a nu os passos de Jaguar Paw, um jovem que vê sua tribo ser exterminada pelos maias e depois é levado até o centro do império para ser sacrificado. Na batalha de sua tribo contra os maias, Jaguar Paw consegue esconder sua esposa e filho dentro de um buraco, do qual no entanto eles não conseguem mais sair depois. O filme narra portanto a luta de Jaguar para voltar à floresta e salvar sua esposa e filho.
Um filme eletrizante, que, pela quantidade de cenas feitas dentro da floresta, fez-me lembrar do romance A selva, do português Ferreira de Castro, o qual conta as agruras de um português que foi morar no coração da selva amazônica.
A direção é assinada por Mel Gibson, bem como o roteiro, em companhia de Farhad Safina. Não se pode deixar de lembrar também a história da conquista do império Azteca por Hernán Cortez, o qual foi ajudado por tribos vizinhas que eram escravizadas há séculos pelos aztecas. A história da colonização da América não é exatamente como contam para a gente na escola.
Ah, e quando virem o filme, atenção à genial cena da menina profetiza. Os aztecas também tinham uma profecia de que um dia chegaria um deus vindo do leste para derrotar seu império.
Apocalypto é um filmaço.
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5 comentários:
Olá, Daniel. Estou conhecendo o seu blog hoje. Ainda não tenho o meu, mas brevemente pretendo criar um.
Sobre o filme Apocalypto, registro o que li em outros blogs a respeito de uma suposta falha cometida por Mel Gibson na cena final. Supõem esses articulistas que a inclusão da cena com os espanhóis é um anacronismo, tal como aconteceu em Coração Valente, também de Gibson.
Ora, é justamente o contrário. Os maias não se extinguiram enquanto povo antes da chegada dos espanhóis. Aliás, nem mesmo encerraram a sua civilização antes do segundo milênio da Era Cristã, como se pensa (veja-se a fase de esplendor de Chichén Itzá, no século XIII).
No século XVI, após a conquista de Tenochtitlan, os espanhóis desembarcaram na península de Yucatán, entrando em contato com cidades maias ainda vivas, embora já em franca decadência. Impressionante como Mel Gibson atentou para isso, ao invés de ceder à idéia popular (e equivocada) de um total desaparecimento maia, séculos antes da chegada dos espanhóis; idéia cara aos adeptos das teorias de conspiração ou esotéricas (tem uma que alega uma abdução em massa por uma frota de discos voadores ..rs..). Perfeito, pois, o filme, fiel ao seu mote de que uma civilização é vencida por dentro antes de o ser por fora.
Um adendo: você tem toda a razão ao afirmar que a história da conquista das civilizaçõs pré-colombianas não é precisamente a contada nas escolas. Esta, via de regra é de um acentuado marxismo, como todo o resto, frise-se. É notável como os autores dos livros escolares são escravos de sua ideologia esquerdista a ponto de não observarem a redução simplista da história quando contada exclusivamente sob o viés marxista, fazendo toda a motivação humana derivar de um mecanismo de eternos conflitos de classe.
No caso dos maias, astecas, incas e incluamos os tupis brasileiros, a ótica marxista elege um oprimido - os indígenas, em geral, sempre - e um opressor - o conquistador europeu, normalmente referido como "invasor". À dita "invasão" acrescentam a cegueira anti-religiosa, parcialíssima quando se trata do Cristianismo. Quer um exemplo? Observe que os mesmos autores que tanto reportam-se a inquisições, cruzadas e o que eles dizem ter sido um "massacre cultural" dos nativos americanos pelso missionários cristãos são os mesmos que relativizam às pampas a crueldade das práticas religiosas dos povos pré-colombianos, que colocam todos os desmandos das inquisições no pé.
Natural, então, que os europeus fossem ajudados por povos que odiavam aqueles que os sacrificavam e impunham-lhes pesados tributos. Foi o que se deu com os tlaxcaltecas e Cortez, no altiplano mexicano. E os tupiniquins e portugueses aqui no Brasil.
Por último: não tenho formação acadêmica em história, mas leio muito sobre o assunto.
Eduardo, a frase do historiador de filosofia Will Durant, epígrafe do filme Apocalypto, é: Uma grande civilização não é conquistada desde fora antes de se ter destruído a si mesma por dentro.
Obrigado pelos comentários, muito pertinentes e proveitosos.
Um abraço.
Meu caro: Eu comprei o dvd após ter visto o filme no cinema. A cena da menina profetiza não só é genial como é de arrepiar. Assim como é de arrepiar o momento em que ela meio que se transfigura segundos antes de começar a proferir aquele discurso.
Realmente, Jessé, é um ótimo filme. Não recordo exatamente a cena da menina transfigurando-se, mas revi no youtube seu discurso. É de arrepiar, como você disse.
Também penso na cena final, quando Jaguar Paw e seus perseguidores protram-se na areia, fascinados com os espanhóis que chegam. Como será ver algo absolutamente inusitado? Jaguar Paw lembrou-se dos seus e saiu do estado paralisante.
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