segunda-feira, julho 21, 2008
Sensação de violência
Fora à locadora alugar um filme. Na rua ouviram-se tiros. Pá, pá, pá. O senhor que vinha na direção contrária fez cara de consternado. Continuou andando e dobrou na esquina. Novos tiros, pá, pá, pá. Vinham da direita, parecia. Da direita e do alto; do morro, por certo. Nas lojas, os vendedores saíam para espiar o que acontecia. Algumas senhoras e moças paravam na calçada, sem saber se continuavam andando ou se procuravam abrigo. Ele sentia medo, porém seguia andando. Na sua direção agora vinha um negro de sorriso aberto. Do que será que ele ria? Alguns idiotas gostam da intimidação. Novos tiros, pá, pá, pá. Entrou na locadora, pegou o filme e foi para casa. Lembrou da moça do churrasco que dissera que a sensação de violência é maior que a violência. Nesse momento, caiu um trovão e não pensou mais. O carro de polícia passou com os fuzis apontados para o lado de fora. Chegou em casa, cumprimentou no elevador o senhor que mora em frente. Abriu a porta, ligou a TV, onde se discutia segurança no programa Sem Censura. A Lêda entrevistava dois sociólogos que tinham críticas à formação dos seguranças. Mudou de canal e ficou assistindo ao Cháves. Uma canção antiga encontrou freqüência em seu cérebro: "Eu só quero ser feliz, andar tranqüilamente na favela onde eu nasci."
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