terça-feira, julho 08, 2008

por Bernardo Veiga


Se sonho, a natureza faz-me rei;

Acordo desejando a profecia

– Sem ter de recorrer ao que dormia –

De ser em tal futuro o que já sei.



E imploro que outro ser permute a lei,

Que salve o meu destino por magia,

Que faça por meu nome o que eu faria

Se fosse tão valente quanto amei.



Espero no que passa como eterno

E morro sem, contudo, ter a vida,

Mas vivo pelo amor que faz morrer.



Descanso na mentira concebida

De quem se mostra o céu, mas traz inferno

E faz da minha fé um falso crer.



_________________________________________




Quando a sorte do mundo descontenta

E o mudo pensamento implora um guia,

Invoco na memória a fantasia

De nunca no futuro ter tormenta.



Mas, eis, que a Providência me apresenta

Num vale da desgraça ou cada dia

Um doce amor que muito é tirania

E ao pobre coração me violenta.



Ó doce amor, tirano e piedoso,

Macula e causa dor de sepultura

E deixas infeliz o não ditoso;



E assim tudo é movido à formosura

Co’efeito de gemido doloroso

E ao pobre coração lhe nega cura.

..........

Esses dois poemas, sem título, são de meu amigo Bernardo Veiga. Bernardo tem um sítio, onde disponibiliza suas poesias, peça de teatro e notas de filosofia.

Para contato, seu endereço de email é bvoa@hotmail.com.

Nenhum comentário: