Tem umas três semanas, visitei uma fazenda majestosa em Vassouras. Perguntei ao dono por que a fazenda entrou em forte decadência quando a escravidão foi abolida. Será que o fazendeiro não poderia ter dado uns terreninhos para os ex-escravos constituírem casa no local, os que quisessem permanecer? Ele disse que não era a cultura, que o barão não conseguia pensar assim.
Agora vejam que interessante este trecho sobre a abolição gradual da escravidão em Roma:
"Encontramos os escravos romanos vivendo em uma senzala; mas os servos da época carolíngia vivem nos casarios (mansus servilis), na terra prestada pelo senhor, como pequenos lavradores (...). O servo foi devolvido à família, e com a família se apresenta, lado a lado, a propriedade pessoal."
Max Weber praticamente não entra nos méritos do cristianismo sobre este processo, ele trabalha com a hipótese de que a oferta de escravos escasseava, uma vez que o império romano, fincando fronteiras, diminuía as expedições guerreiras e a conseqüente captura de escravos.
No caso brasileiro, os ex-escravos poderiam dar um passa-fora em seus antigos donos e tocar a vida noutro lugar, o que deixou de ser uma opção para o camponês romano quando o feudalismo ganhou contornos jurídicos.
Mas é interessante conjecturar como a escravidão brasileira poderia ter terminado com menos traumas, seja para o ex-escravo, que se via corporalmente livre, mas sem perspectiva, seja para seu antigo senhor, cuja engenharia econômica perdia mão-de-obra fundamental, sobretudo para aqueles que teimaram em não mecanizar a produção.
segunda-feira, outubro 22, 2018
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