Ateísmo não existe. As pessoas acham que são atéias porque não acreditam na representação de Deus que lhes foi introjetada. Ou se revoltam contra as dificuldades que a crença no Ser Supremo pode trazer, uma vez que o crescimento pessoal do fiel não se faz sem uma luta. Nos casos extremos, de revolucionários socialistas rebelados contra a autoridade divina, e de praticantes de satanismo, não se trata de uma descrença na existência de Deus, mas numa descrença em sua pessoa, da mesma forma que alguém pode desconfiar de outra pessoa.
O maior conceito que o homem já concebeu para a realidade divina foi o de um Pai, como tal amoroso para com seus filhos. Mas trata-se, ainda assim, de uma representação, adequada apenas ao relacionamento que o homem pode travar com Deus. Por exemplo, para um anjo, falar que Deus é Pai, não fará muito sentido, porque ele não teve um progenitor. A imagem de um pai ele só a pode entrever colocando-se no lugar de outros seres, o que não é o mesmo que vivenciá-la. Deus é muito mais que qualquer representação que dele possamos fazer, é aquela realidade melhor que sabemos que existe.
O que não implica, porém, que as representações para nada sirvam. Os mitos sempre abrirão à mente humana uma gama de possibilidades vivenciais que o mero reconhecimento, por assim dizer, metafísico, pode esterilizar. A boa filosofia, sabia-o Platão e melhor ainda Lao-Tsé, transita pelas intuições lógicas e pelas phantasias.
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