"Revoluções proletárias podem ser realizadas por massas não proletárias, elevadas para a tarefa por uma vanguarda ela própria formada por não proletários, desde que todos estejam imbuídos da teoria apropriada – a qual, por sua vez, é o produto de intelectuais não proletários." (James Gregor)
sexta-feira, janeiro 20, 2023
Marxismo chinês
segunda-feira, abril 11, 2022
Idos de Março II
"II A dama Clodia Pulcher, de sua vila em Baiae na baía de Nápoles, para o mordomo de sua casa em Roma.
terça-feira, fevereiro 08, 2022
Assisti ao vídeo de André Muniz, incorporado abaixo, sobre o Livro de Urântia. Comento-o.
2:55. Ele diz que o livro foi publicado em 1935. Foi em 1955.
3:00 Diz que seus autores são extraterrestres. Isso é tão verdade quanto dizer que o autor do Corão é extraterrestre. O arcanjo Gabriel não nasceu na Terra, logo é um extraterrestre. Só que, ao dizê-lo, André dá um tom depreciativo ao livro, porque, na imaginação das pessoas, ETs são tipos como o ET de Varginha. Não, os autores do livro não são do gênero do ET de Varginha. São do gênero do arcanjo Gabriel e outras ordens celestes. Portanto, dizer que os autores do livro são ETs é ludibriar o ouvinte.
4:00 André parece guardar uma zanga porque Jesus tem papel preponderante no livro, porque está num patamar acima ao de, por exemplo, Sidarta Gautama (ele é budista). E porque o livro segue um itinerário de ascensão espiritual semelhante ao do cristianismo: a alma ressuscita, passa por mundos e mundos e chega ao Paraíso.
4:50 Ele dá a entender que o EU SOU é uma figura central do Livro. Não é. Ao tratar de Deus, a noção central é a de Pai. E, a partir do Pai, as figuras do Filho, do Espírito, da Trindade. Novamente a zanga com a tradição judaico-cristã.
5:35 Jesus não é o Filho unigênito de Deus, existem milhares de Filhos de Deus. Sim, correto. Jesus é um Filho de Deus, o Pai Criador de nosso universo (há outros).
6:00 O Livro de Urântia é messianista. O messianismo é um tipo de milenarismo. Milenarismo é a aposta de que um evento, seja a aparição de um messias, a ação de um ser celestial, uma revolução política, marcará uma transformação fundamental da sociedade e inaugurará uma era dourada. Nada disso existe no Livro de Urântia, é completamente falso. Existe o anúncio da vinda de mais seres celestias e profetas, mas eles não farão uma transformação imediata e profunda na sociedade. Aliás, diz o Livro que transformação desse tipo quem desejou fazer foi o lado de lá, o trio Lúcifer-Satanás-Caligástia.
8:30 Diz que existe uma disputa dentro do movimento de Urântia para saber quem ou que grupo estaria autorizado a receber novas revelações. Não conheço estudioso do livro que acredite numa continuidade da revelação urantiana. Deve existir, porém.
10:00 No fim, comparações com vídeos toscos sobre ETs. É criar um espantalho e fazer troça dele. Tal como faziam com Jesus, ou Maomé, chamando-os de falsos profetas ou feiticeiros. Pode ser que o Livro de Urântia seja uma fraude, mas fazer gracejo com ETs não vai te ajudar a descobrir.
segunda-feira, outubro 18, 2021
Idos de março, parte 1
Pela primeira vez na minha vida pública estou inseguro. Minhas ações têm, até o momento, se conformado a um princípio que poderia chamar de superstição: eu não faço experimentos. Não inicio uma ação para ser instruído pelos seus resultados. Na arte da guerra e nas operações políticas eu nada faço sem uma intenção particularmente precisa. Se um obstáculo aparece, imediatamente eu elaboro um plano novo, e cada potencial conseqüência me é clara. Do momento em que vi que Pompeu relegou uma pequena porção de cada empreendimento ao acaso, eu sabia que seria o senhor do mundo.
Os projetos que agora batem à minha porta, no entanto, envolvem elementos de que não estou certo de estar certo. Para realizá-los devo ter claro na minha mente quais são os objetivos de vida do homem médio e quais são as capacidades do ser humano.
domingo, setembro 26, 2021
Os números são percebidos pelo fenômeno da repetição.
Sem a repetição, sem a percepção da identidade de duas coisas, que, enquanto tais, formam um grupo, tudo seria um. E o próprio um só pode ser percebido pelo seu desdobrar na multiplicidade.
Na multiplicidade, o um é percebido como o grupo mesmo dos múltiplos, que, sem isso, não poderiam ser contados. Também pode ser percebido como o aspecto idêntico que permite a contagem dos distintos.
quinta-feira, agosto 20, 2020
A unidade do Cristianismo
O Livro de Urântia prega a unidade do cristianismo, mas rejeita sua uniformidade. A tentativa de uniformidade foi o que causou sua divisão. Seria um sinal verde para o liberou geral, cada um acredita na sua versão do que Jesus significou, seja o Filho de Deus; um “Jesus histórico”, como se o Jesus que pregou a boa-nova, fez milagres, ressuscitou, não tivesse acontecido historicamente; uma figura espiritual especial, tal como Buda; um profeta, mas nada mais, etc? Não, não é isso. Se fosse, o LU não faria a menção, raríssima a uma figura depois de Cristo, a Santo Atanásio, que "levantou-se corajosamente para desafiar a assembléia, e tão destemidamente o fez que o concílio não ousou obscurecer o conceito da natureza de Jesus; pois a verdade mesma da auto-outorga havia estado em perigo de ser perdida para o mundo".
Então, a unidade do cristianismo não se daria ao preço de obscurecer a natureza e a verdade de Jesus e sua missão.
Os protestantismos que surgiram no século XVI não arriscariam, entretanto, essa verdade. Talvez o principal ponto de discordância entre católicos e protestantes seja o da natureza da Eucaristia. Neste ponto, porém, o LU é bem liberal. Ele diz que o sacramento da Eucaristia foi, ao longo do tempo, matematizado numa fórmula e perdeu seu significado simbólico-real original. “Essa ceia da lembrança”, diz o LU, “quando compartilhada por aqueles que são crentes dos Filhos e conhecedores de Deus, não precisa ter quaisquer das interpretações malfeitas e pueris dos homens ligadas ao seu simbolismo, a respeito do significado da divina presença, pois em todas essas ocasiões o Mestre está presente realmente”.
Cabe então distinguir o que são as verdades cuja negação comprometeria a natureza de Jesus e sua missão e o que são interpretações que não só não comprometeriam, mas enriqueceriam a simbologia de sua presença.
sábado, fevereiro 22, 2020
Uma nova idade média na Europa?
Aconteceria então o mesmo que se passou com o império romano, o qual, decadente, o cristianismo não pôde salvar.
Uma nova idade média na Europa?
Claro, em termos de política, comparar com o Brasil é sacanagem. A Alemanha tem mais de 90% de solução de homicídios.
Só que, espiritualmente, e por incrível que pareça, o Brasil deve ser mais promissor. Não temos religiões estatais.
Há igrejas na Suécia, por exemplo, cujos pastores são empregados do governo. São religiões estatais. Um legado ruim da reforma, e não que a Igreja Católica fosse muito melhor; a esse ponto, porém, não chegou. Tem casos de pastores que simplesmente se declaram ateus, e continuam lá, regiamente assalariados, com a igreja vazia.
O livre exame da fé só aconteceu mesmo nos EUA, depois que as guerras religiosas ceifaram a Europa, a Alemanha, em especial. Porque nas colônias americanas o governo era fraco, porque os religiosos já chegavam escapando de perseguição, e talvez não quisessem eles próprios perseguir, porque o eventualmente perseguido, ou descontente, podia pegar as malas e ir para o oeste, e por causa dos ideais maçônicos de tolerância. Nos EUA, a maçonaria evitou guerras de religião sem matar, como na França, a religião mesma. Embora católicos fossem mal vistos.
Tolerância religiosa e despersonalização de Deus
Porque a tolerância acaba fazendo um mínimo comum, e Deus é o máximo, ele é ainda maior do que a maior coisa em que você consegue pensar, como dizia Santo Anselmo. Só que isso já é um pouco de filosofia, na realidade a conversa de Santo Anselmo com Deus.
Deus é reduzido a uma noção filosófica, o criador, a razão, o grande arquiteto, ou a um de seus atributos, como o Poder etc, e se perde a noção máxima de sua personalidade, com quem podemos nos relacionar, conversar, brigar etc.
Isso para não ofender, para esvaziar as emoções, as quais podem, sim, descambar em guerrinhas religiosas, mas também são um componente da fé em Deus Pai; mais o pensamento que a emoção, mas tá no meio.
Na relação com o Islam a coisa ainda se complica, e fica mais interessante, por outro lado, porque para o muçulmano a noção de Deus pai é errada, se não absurda. Até Deus como pessoa tem muçulmano que aceita, tem muçulmano que não, ele é apenas a divindade única, não é pessoa, para esse.
Por outro lado, a tolerância é essencial a quem acredita em livre-arbítrio. A pessoa tem que acreditar, ou não acreditar, ou acreditar nisto e não naquilo, por seu livre e espontâneo pensamento. Não ser forçada.