O credor e a viúva na peça de Tchekov
O teatro Sesc Ginástico, na rua Graça Aranha, 187, aqui no Rio de Janeiro abrigou até domingo a peça Farsa, uma coletânea de quatro peças cômicas breves. Duas peças me chamaram atenção, O urso, de Tchekov (que se lê Tchêrrav em russo, tendo sido mal traduzido para o alfabeto latino), e Os ciúmes de um pedestre, de Martins Penna. Na primeira, um grosseiro fazendeiro exige que uma viúva pague as dívidas de seu marido e recusa-se a arredar pé de sua casa enquanto a dívida não for paga. Entre discussões e acusações contra as mulheres, o credor rude diz que chamaria a viúva para um duelo se ela não fosse mulher. A viúva indignada não se faz de rogada, e mesmo sem nunca ter manejado uma arma aceita o embate. O fazendeiro cheio de ódio no coração enxerga na viúva uma mulher com força e disposição para enfrentá-lo e cai de amores por ela. Na segunda peça, um capitão-do-mato se vê às voltas com a traição de sua esposa. Imaginando haver cometido crimes contra a esposa e seu amante o capitão-do-mato interna-se num convento. Nas duas peças, há a presença do homem durão e violento. A diferença é que na primeira o homem violento redime-se e na segunda ganha um prêmio de consolação. Tchekov se preocupa bastante com o homem violento da primeira peça enquanto Martins Penna utiliza o homem violento como bode expiatório. A peça de Tchekov é cheia de vai-e-vens, amores e ódio. Engraçadíssima. A peça de Martins Penna tira sua graça da tapeação do capitão-do-mato violento.
segunda-feira, janeiro 28, 2008
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