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Segue uma palinha:
Fernando
mastigava pães de queijo gordos na padaria da esquina. Ao mesmo tempo, lia a
apostila deitada sobre a bancada de vidro. Não podia se desgrudar dela agora.
Raspou uma mão contra a outra para tirar as migalhas, passou o guardanapo nelas
e na boca, e, desinstalando-se, agradeceu o atendente. Caminhou alguns passos
com os olhos baixados na apostila. Ninguém esbarrou nele. Então, guardou-a na
bolsa e subiu para o escritório.
“O libelo de
Lúcifer dizia que não tinha pai do paraíso algum, que era tudo uma sacanagem
dos anciãos dos dias para se imiscuir em seu governo soberano. Deve ser muito
difícil para um ser incrível como Lúcifer ver um bostinha como eu tendo a
chance de ir mais longe que ele, de ver o pai e depois voltar. Lúcifer não tem
esta oportunidade, está preso a seu universo, será que se sente diminuído,
rebaixado?, me pergunto. Com certeza se sente rebaixado. Van diz que a
auto-admiração dominou Lúcifer. Ele era bom demais para não saber de algo ou
para ser supervisionado de fora.
"Você é
livre", dizia-me Caligástia. “Livre.” Me senti cheio de vigor, questionei
quem estivesse entre mim e todos meus desejos. Era o que me eriçava os sentidos
ouvindo Caligástia. Abbadon estava conosco, ele traduzia o "mestre",
como o chamava, realçando melodicamente suas propostas. Sentia sua presença me
envolver. Era uma sensação de poder, de liberdade e de cansaço.
De descontentamento
por não ser pleno, absoluto. Aí senti um vago desapreço por Deus, por Michael.
Estava
Caligástia certo? Estavam eles entre mim e a exaltação de mim mesmo, entre mim
e a realização total de meus desejos?
Segui para casa
desalentado e tonto, tropeçando em mim, chutando pedrinhas. Com raiva, me
sentindo estranho. Eles queriam continuar na semana seguinte.”
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