Imagine-se um ponto circundado pelos mais variados bens comercializados.
Como o crédito é um direito a um bem definido, representamo-lo como um segmento de reta ligando o centro a um dos bens na circunferência.
Uma vez executado, o crédito desaparece.
Uma vez executado, o crédito desaparece.
O dinheiro, no entanto, é um direito a um bem por determinar. Ele deve ser representado pelo ponto, o ente que tem todas as dimensões e nenhuma extensão. O dinheiro é o direito de aquisição de um bem indeterminado, mas determinável, à venda. Igualmente, o ponto não tem qualquer determinação, mas é o fulcro de todas elas.
Efetuado o contrato de compra-e-venda, o proprietário do dinheiro abre mão de sua possibilidade indefinida em favor do bem escolhido.
Dentre as dimensões possíveis, realizou-se a que o liga ao bem escolhido.
O dinheiro, uma vez usado, apenas troca de mãos.
Não apenas a moeda deve ser divisível, o dinheiro o é necessariamente. O conjunto de todo o dinheiro, a reunião dos direitos de aquisição de bens indeterminados, equivale ao direito de aquisição de todos os bens à venda.
A soma de todos os dinheiros, portanto, equivale ao direito de aquisição de todos os bens, da mesma maneira que a aposta lotérica em todas as combinações de números possíveis equivale à certeza do recebimento do prêmio.*
Uma fração do todo de dinheiro, porém, é o que tem cada pessoa que tenha dinheiro; trata-se do direito de aquisição de um bem indeterminado. Mas esse bem indeterminado não é qualquer bem dentre os bens à venda.
Segundo a fração que uma pessoa tem em relação ao todo de dinheiro, ela poderá adquirir um ou mais bens dentro de um conjunto inserido no universo total de bens à venda.
Explica-se: um pedinte que economizou cem reais em duas semanas tem o direito de aquisição, por exemplo, de um celular, mas não de um carro. Ele pode comprar um celular, mas não dois, pode comprar, ao invés de um celular, uma lixeira metálica, uma toalha, camisa e ainda sobra para almoçar.
Com a fração do todo de dinheiro documentada em cem reais ele pode comprar celular, lixeira metálica, toalha, camisa e almoço; com cem reais ele tem um raio de escolha que chega ao celular.
Mas ele não poderá comprar o celular mais a lixeira mais a toalha. Dentro desse conjunto restrito de bens, poderá escolher entre algumas combinações, não entre todas.
*Ou numa rifa com prêmios pequenos para cada um dos participantes, alguém que compre todos os bilhetes teria a certeza de receber todos os brindes sorteados.