quarta-feira, setembro 26, 2012

O Leitor

O filme O Leitor conta a história de um rapaz e uma moça vinte anos mais velha que vivem um caso amoroso. Ele tem o entusiasmo e a identificação pelo ser amado que o primeiro amor produz. Ela o ama e gosta que ele leia seus livros prediletos para ela.


Parênteses: aos dezesseis anos, o rapaz lia Homero em grego. No Brasil não existe uma escola, uma mísera escola onde se ensine latim e grego para os jovens. Como o Brasil quer ser país de primeiro mundo se não consegue sequer formar uma elite? Elite, aqui, claro, nada tem a ver com dinheiro, como as classes política e universitária dominantes de hoje, isto é, PT e quejandos, gosta de se referir aos endinheirados (como a zelite).

Se você não viu o filme, advirto para parar por aqui.



Ela se muda sem dar notícia e o romance termina. Ele vai fazer faculdade de direito dali a alguns anos e a encontra de novo em situação inusitada. Ela está no banco dos réus por ter sido guarda de um campo de concentração nazista. No julgamento, as outras guardas a acusam de ter sido a chefe de um massacre, o que é falso, mas ela prefere aceitar a acusação ao invés de fazer um teste de caligrafia. O rapaz, naquele momento, entende que ela era analfabeta. E que tinha vergonha. Quer ir falar-lhe na prisão, mas desiste. Ela decidira não revelar que era analfabeta.

Um dos momentos mais bonitos do filme é ela aprendendo a ler na prisão a partir das fitas cassete que ele lha manda declamando a Odisséia de Homero e outros livros. Esse é o único contato que há entre os dois. Eles não se vêem durante esses anos.

Imagino como deve ter sido difícil ter amado uma mulher que foi uma carrasca nazista. Ao mesmo tempo, ela obedecia a ordens, não ordenou a morte de ninguém. Sua responsabilidade não é simples de ver. Quem sofre com o recolhimento do rapaz, já homem, é sua filha. Ela não entende por que é ensimesmado e acha que pode ser algo consigo. "Como você está enganada, filha". Mas ele quer explicar para ela. O filme termina com ele levando-a para visitar o túmulo de Hanna, onde lhe contará sobre sua história de amor.

Ponto fraco do filme é o encontro de Michael com uma sobrevivente do campo nazista a quem Hanna quis legar o dinheiro que guardou. O diálogo não foi bom, e Ralph Fiennes poderia ter desenvolvido melhor a cena.

sexta-feira, setembro 14, 2012

Completamente à revelia do povo brasileiro, oitenta por cento do qual acha que a atual legislação sobre aborto deve ser mantida, o projeto de lei que criaria o novo código penal quer permití-lo até três meses de gestação.

O projeto de lei proíbe o terrorismo, mas se o autor for um movimento social está isento de punição. Não estou inventando. Está lá:

"Art. 239.........................................
 .......................................
§ 7º. Não constitui crime de terrorismo a conduta individual ou coletiva de pessoas movidas por propósitos sociais ou reivindicatórios, desde que os objetivos e meios sejam compatíveis e adequados à sua finalidade."

Não acabou. O projeto de lei extingue o crime de rufianismo, isto é, cafetinagem, o que, conjugado com o fato de que fazer sexo com maior de doze anos não é mais crime, torna liberado o uso do maior de doze anos (sim, doze anos) para a prostituição.

O senhor, José Sarney, é responsável por esse projeto de lei. Você, Sarney, quis ser responsável por essa estrovega. O senhor se vendeu para a vaidade de terminar a presidência do Senado com um feito marcante, dando ouvidos a grupinhos idiotas de pressão. O senhor me envergonha. Desapareça, DESAPAREÇA da vida pública brasileira.