domingo, maio 20, 2012

Colegas, compartilho com vocês aqui mensagem de Wagner M. Andrade (apresentando texto de Douglas Campos Frazão) no fórum do ELUB, acrônimo para estudantes do Livro de Urântia no Brasil. Ela fala sobre os fracassos e como eles podem ajustar e afinar nossa percepção da realidade, e utiliza um exemplo marcante de vida. Foi embasada nos discursos de Rodam de Alexandria, filósofo da escola que daria um Clemente no século seguinte. Bom, enjoy.

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Coloco aqui pra vocês, uma daquelas pérolas que guardo com muito carinho dos nossos companheiros de jornada.  É um estudo feito pelo Douglas Campos Frasão. Ele postou no facebook uns 20 dias atrás, salvei e consegui ler somente agora, depois entro lá e dou um "curtir" rsrsrs. Ele colocou um pouco de sua alma neste texto, talvez seja por isso que me tocou também na alma. Então vamos a mensagem:

“Deixe-me compartilhar com vocês a história da vida de alguém.
Era um homem que:
Faliu no negócio com 31 anos de idade.
Foi derrotado numa eleição para o Legislativo com 32 anos.
Faliu outra vez no negócio aos 34 anos.
Superou a morte de sua namorada aos 35.
Teve um colapso nervoso quando tinha 36 anos.
Perdeu uma eleição com a idade de 38.
Perdeu nas eleições para o Congresso aos 43, 46 e 48.
Perdeu uma disputa para o Senado com a idade de 55.
Fracassou na tentativa de tornar-se vice-presidente aos 56 anos.
Perdeu uma disputa senatorial aos 58 anos.”

Depois de agradável colóquio aqui neste grupo sobre as maravilhas do documento 140 e as excelências do 160, resolvi reler o documento 160 do LU e, ao meditar no trecho abaixo, imediatamente relembrei o que havia lido alhures na minha adolescência, no livro “Poder Sem Limites” de Anthony Robbins (sim, é um livro de P.N.L) a respeito do homem acima descrito. O trecho ao qual me refiro do livro de Urantia no documento 160 é o seguinte:

*160:4.13 “A vida, contudo, transformar-se-á em uma carga existencial, a menos que aprendais como fracassar airosamente. Existe na derrota uma arte que as almas nobres sempre adquirem; deveis saber como perder sem perder a alegria; não deveis ter temor ao desapontamento. Nunca hesiteis em admitir o fracasso. Não tenteis disfarçar o fracasso por baixo de sorrisos justificativos ou, mesmo, de decepção ou de otimismo irradiantes. Soa bem clamarmos pelo sucesso, sempre; mas os resultados finais podem ser consternadores. Tal técnica leva diretamente à criação de um mundo de irrealidade e ao choque inevitável da desilusão final”.*

Aqueles de nós que cresceram em meio a traumas que esmagaram a auto-estima e o amor próprio, trazendo para a vida adulta os desafios de antanho, no mínimo se sentem agradavelmente surpresos com a afirmativa do LU acima. Eu pelo menos me senti. Nunca me foi ensinada quando mais precisei a sabedoriadessa realidade que é o ‘crescimento em sabedoria através do fracasso’. Essa ‘arte’ como o Livro traz é vital para a sedimentação de uma personalidade saudável, que sabe rir dos próprios erros, que não tem medo de fracassar porque o fracasso é um aprendizado tanto quanto o sucesso. Ou mais (?). E sobretudo, a pessoa que cresce nessa arte não tem medo de tentar, não tem medo de arriscar, não tem medo de colocar a cara a tapa para a vida e pagar o preço para vencer, a si mesma e aos desafios, porque sabe que:

*160:4.14 “O êxito pode gerar coragem e proporcionar autoconfiança, mas a sabedoria advém somente das experiências de ajustamento aos resultados dos fracassos. Os homens que preferem as ilusões otimistas à realidade nunca se tornam sábios. Somente aqueles que enfrentam de frente os fatos, ajustando-os aos ideais, podem alcançar a sabedoria. A sabedoria inclui tanto os fatos, quanto o ideal e, por conseguinte, salva os seus devotos dos dois extremos estéreis da filosofia — o do homem cujo idealismo exclui os fatos; e o do materialista que é desprovido de abertura espiritual. As almas tímidas, que só mantêm a luta pela vida com a ajuda de falsas ilusões continuadas de sucesso, estão fadadas a sofrer fracassos e a experimentar a derrota quando, finalmente, acordarem do mundo de sonhos da sua própria imaginação”.*

Eu vi aqui palavras que cresceram aos meus olhos: ajustamento, enfrentar os fatos, ajustar os fatos aos ideais... Quem pilota sabe que o curso tem de ser permanentemente ajustado para que o desiderato final seja atingido. Por isso o bom piloto não dispensa a orientação de um navegador. Esse ajuste, essa adaptação evolutiva, traz experiência e se a experiência for bem aplicada, advém a sabedoria prática. Todavia, o mais fascinante nessa experiência é que o nosso destino final não é aleatório. Temos um pré-destino (ou seja, um alvo final previamente designado) sabiamente escolhido por Ele mesmo, o autor da Vida em pessoa, sendo ele mesmo nosso alvo maior, nosso escopo! Por isso, podemos concordar com o que o LU traz:

*160:4.15 “E, nesse afã de encarar os insucessos, e de ajustamento à derrota, é que a visualização de longa distância, na religião, exerce a sua suprema influência. O malogro é simplesmente um episódio educacional — um experimento cultural na aquisição da sabedoria — , na experiência do homem que busca a Deus e que embarcou na aventura eterna da exploração de um universo. Para tais homens a derrota não é senão um novo instrumento para a realização de níveis mais elevados de realidade no universo”.*

Essa aventura eterna da exploração pressupõe que quedas, desacertos, malogros e demais desafios ocorram sim, porque daí surge o aprendizado necessário como alicerce para a construção de novas experiências, em novos níveis, em cada vez mais refinadas zonas espaço-tempo dimensionais por enquanto só imaginadas, e ainda assim tão parcamente. Mas até que esse destino possa ser atingido, a caminhada em si já é um somatório de oportunidades para rápidos ‘encontros’ com o Destino Inicial/Final/Inicial de todos nós, ainda que tudo aparentemente seja fracasso e miséria. Por isso o Livro de Urantia arremata:

*160:4.16 “A carreira de um homem que busca a Deus pode ser um grande êxito à luz da eternidade, ainda que toda a empresa da vida temporal possa parecer um completo malogro, cada fracasso na vida deve ser colhido como um complemento para se alcançar a cultura da sabedoria e do espírito. Não cometais o erro de confundir conhecimento, cultura e sabedoria. Eles estão relacionados entre si na vida, mas representam valores espirituais bastante diferentes: a sabedoria sempre domina o conhecimento e sempre glorifica a cultura”.*

Pois bem: conhecimento+experiência(de sucessos e principalmente fracassos)=sabedoria. Penso que o conhecimento seja estático, a sabedoria dinâmica. O conhecimento é potencial, a sabedoria é ato. E mais do que isso, a sabedoria é quem manda! Rsrsrs. Ela deve dominar o conhecimento, e não o contrário. E só ela pode glorificar a cultura. O conhecimento, se o faz, faz sem autoridade moral... E a sabedoria só vem da maturidade oriunda de uma experiência que alberga conhecimentos do sucesso e do fracasso.

Voltando um pouco no texto do documento 160, Rodam, o alexandrino, faz importantes e fulcrais questionamentos:

*“160:3.1 O esforço na direção da maturidade exige trabalho; e trabalho requer energia. De onde viria o poder para realizar tudo isso? * * As coisas materiais poderiam ser visualizadas como algo garantido e, sobre isso o Mestre disse bem: “Nem só de pão vive o homem”. * * Garantida a posse de um corpo normal e com saúde razoavelmente boa, devemos em seguida procurar pelas atrações que atuarão como estímulo para despertar as forças espirituais adormecidas do homem. Jesus ensinou que Deus vive no homem; * * então, como podemos induzir os homens a liberar esses poderes, de divindade e de infinitude, de dentro das suas almas? * * Como induzirmos os homens a liberar o Deus de dentro de si, para que possa Ele refrescar as nossas próprias almas; e para que, manifestando-se fora de nós, possa Ele, assim, servir ao propósito de iluminar, elevar e abençoar outras incontáveis almas?* * Como posso eu, da melhor maneira, despertar tais poderes latentes, adormecidos nas vossas almas, para o bem? * * De uma coisa estou seguro: a excitação emocional não é o estímulo espiritual ideal. A excitação não aumenta a energia; antes exaure os poderes, tanto da mente, quanto do corpo.* * De onde vem então a energia para fazer as grandes coisas? * * Vede o vosso Mestre. Ainda agora, está longe nas montanhas, enchendo — se de energias, enquanto nós estamos aqui, gastando energia. O segredo de toda essa questão está guardado na comunhão espiritual, na adoração. Do ponto de vista humano, é uma questão de combinação entre meditação e relaxamento. A meditação faz o contato da mente com o espírito; o relaxamento determina a capacidade de receptividade espiritual. E esse intercâmbio, de força por fraqueza, de coragem por medo, da vontade de Deus pela vontade da mente do ego, constitui em si a adoração. Pelo menos, esse é o modo pelo qual o filósofo a vê”.*

É curioso isso: as pessoas confundem excitação emocional com estímulo espiritual. Mas por sua própria natureza (e Rodam já havia analisado isso antes) emoções e sentimentos se manifestam em gangorra que acabam por quedar a pessoa que vive em função deles, fazendo o contrário do que se deveria que é fazer os sentimentos e emoções viverem em função do todo maior que é a pessoa. Vemos isso nas religiões mais diversas, sobretudo as mais populares. Contudo, Rodam afirma que* “O segredo de toda essa questão está guardado na comunhão espiritual, na adoração. Do ponto de vista humano, é uma questão de combinação entre meditação e relaxamento. A meditação faz o contato da mente com o espírito; o relaxamento determina a capacidade de receptividade espiritual”.*

O recolhimento em si para comunhão individual com o Pai que habita em nós desperta em ondas cada vez maiores e melhores, que trazem à tona a força espiritual necessária para ajustar a realidade ao ideal, para reajustar o curso, para recomeçar de novo pela 9.999 vez uma forma nova de não se fazer a lâmpada. E essa é a força desejável para se ir em frente. Como diriam os publicitários agora: JUST DO IT!

Ah, lembram-se do fracassado do início dessas linhas? Anthony Robbins conclui a história dele assim:

“Foi eleito presidente dos Estados Unidos aos 60 anos. O nome do homem era Abraham Lincoln. Poderia ele ter se tornado presidente se tivesse visto suas perdas nas eleições como fracassos?”

Pensem nisso. Bom final de semana e um grande beijo, no Bem, no Belo e no Verdadeiro que há em vocês.

D.’.

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Abraham Lincoln, numa época em que no interior do país professores eram quem quer que sabia ler e escrever melhor, no total só teve um ano de educação formal. Mas não andava sem um livro debaixo do braço.

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