sábado, novembro 08, 2014
O alvorecer da humanidade e a primeira família humana
Livro de Urântia - II Ciclo de encontros.
O alvorecer da humanidade e a primeira família humana.
Organização dos encontros: Ricardo Ramos, Daniel Henriques Lourenço e Luiz Amorim.
Palestra realizada por Daniel Henriques Lourenço dia 09/10/2014, no departamento de sociologia do IFCS da UFRJ, a quem agradecemos a cessão das salas.
Agradecimento a Urszula Macińska pela gravação do vídeo.
sábado, junho 14, 2014
Kfourada
O motivo desse texto é uma discussão havida no facebook aqui, dela sendo desenvolvimento. Bom, só se fala nisso no Brasil hoje. A epígrafe das vaias de quinta poderia ser a observação cirúrgica de Joaquim Barbosa no dia anterior: "A República não pertence ao senhor nem a seu grupinho".
Ele faz pose de neutralidade superior pontificando sobre o preconceito da ímpar platéia. Mas Juca Kfouri é a elite branca, assim como Michael Moore é um stupid fat white man. Sua opinião vale tanto quanto a dos torcedores. Seus colegas de ESPN Brasil não vão dizer nada, seja porque concordam genuinamente com ele, porque não têm essa convicção toda, ou porque, sem concordar, não vão mexer com o medalhão da redação. Juca é um cínico, claro, mas talvez sequer seja falta de caráter, é um distúrbio cognitivo-afetivo, desenvolvido lá atrás e jamais solucionado. No regime militar era fácil pertencer ao partido dos bons contra os ditadores maus. O regime caiu, mas o cérebro ficou lá. O imperativo categórico de ser contra o regime, sob cujo prisma tudo o mais é avaliado, desautoriza de pronto as vaias. Dilma, a ditadora dos movimentos sociais, é a amiga que lutou contra o regime.
Juca Kfouri, jornalista talentoso e lúcido, é um idiota, e dá pena que ele seja.
Poderia simplesmente dizer que não concorda com as vaias, que acha o governo de Dilma bom, se não bom, que gosta dela, que a prefere a outros presidenciáveis, seria honesto, normal e até corajoso.
Nessa história toda, a falta de caráter está em não refletir sobre suas interpretações delirantes e, num segundo momento, sobre a idéia prevalente que lhas subjaz e as elabora.
Juca Kfouri, jornalista talentoso e lúcido, é um idiota, e dá pena que ele seja.
Poderia simplesmente dizer que não concorda com as vaias, que acha o governo de Dilma bom, se não bom, que gosta dela, que a prefere a outros presidenciáveis, seria honesto, normal e até corajoso.
Nessa história toda, a falta de caráter está em não refletir sobre suas interpretações delirantes e, num segundo momento, sobre a idéia prevalente que lhas subjaz e as elabora.
domingo, junho 08, 2014
Vista do Sumaré
Noivos, casavam-se em três meses, era preciso comprar casa para morarem. Contactaram a corretora, olharam um, olharam outro, nada muito interessante; o último do dia era na Maria Amália, subindo a ladeira. Um que lhes encheu os olhos, três quartos, varandão, cozinha espaçosa, como ele queria, mas a vista, a vista, sim, tinha um pontinho de favela. Pequeno, é certo, mas estava lá. Um apartamento tão bom, que pena.
Comentou com a tia ao chegar a casa. Falou como era bom, e que tinha esse pequeno detalhe. A tia falou que ia ver com eles na semana seguinte. Ela ficou excitada. "Você não precisa morar lá sempre, dali a cinco anos vocês vendem, preço bom, uma oportunidade ímpar".
Compraram. Subia a pé a ladeira, os lances de escada, chegava, botava suas coisas do trabalho, se espreguiçava, beijava a esposa, cuidava do filho.
Sábado, foram a um churrasco na casa da tia na Barra. Ele, olhando para o céu pensativo, com o filho no braço, ela lhe pergunta: "O que você tem que está pensando"? Gusmão: "Não sei".
Final de semana, em mangas de camisa, debruçou os braços sobre o parapeito da janela e fumou um cigarro. Ao fundo o morro verde do Sumaré; à direita, porém, o ponto, pequeno, discreto: favela.
Dali a cinco meses venderam e foram morar na rua Guaxupé.
sábado, abril 05, 2014
Responsabilidade de João Goulart pelo golpe de 1964
João Goulart pegou uma rabeira depois do “no show” de Jânio Quadros, com quem disputa o título de pior presidente da história do Brasil. Ele jamais deveria ter desafiado a hierarquia militar, e todo mês deveria ter feito um discurso anti-comunista, mesmo que fosse para manter as aparências. Não aprendeu com seu padrinho político, Getúlio Vargas, que isso era necessário.
O político deve servir ao seu país, mesmo que isso signifique ir contra si mesmo, engolindo sapo atrás de sapo.
Quando as tropas de Olímpio Mourão Filho desciam para o Rio, conta Pedro Simon, o general Amaury Kruel disse que as interceptaria se o presidente desse uma declaração anti-comunista. “Ah, vou ficar desmoralizado”. O saudoso Itamar Franco, que disputa o título de melhor presidente da história do Brasil, não tinha esses melindres pessoais.
domingo, fevereiro 02, 2014
Os shudras do capitalismo
Os shudras podem ser divididos em subcastas. há os trabalhadores técnicos, com formação técnica, a classe média, há o lumpemproletariado, que é mais propriamente o sentido clássico de proletariado, etc. Os shudra podem economizar, podem ter papel ativo dentro do capitalismo. Eles poupam para que alguém com uma idéia de exploração comercial lhes tome emprestado. Médicos, engenheiros, administradores, embora próximos da casta intelectual, porque se formaram em instituições mantidas pela casta intelectual, não são intelectuais. São profissionais liberais, profissionais especializados, só o cultivo de um cultura humanista em cursos livres lhes franqueará acesso aos bens espirituais da casta intelectual genuína. Esses bens espirituais, justamente porque são o bem, estão franqueados a todos os membros da sociedade, a despeito de sua casta, ou sub-casta. Ele perpassa todas as castas, e na realidade, ninguém é seu dono, mesmo seus soi-disant guardiões não têm poder de barrar seu acesso último, porque está presente em cada um, pelo Ajustador do Pensamento. Não se acha num livro, embora o livro possa facilitar seu acesso. O contato dos shudras com os bens espirituais, em nosso planeta, se pode dar através dos sermões de padres, sacerdotes, etc. Ou da leitura de livros.
Cientistas, pesquisadores, etc, classificaria como uma sub-casta que fica nas franjas da casta intelectual, quase num limite com as castas militar-política ou empresarial. Embora longe de discursarem sobre bens essenciais ou aparentes do homem e da sociedade, têm um nítido trabalho intelectual. Trabalham com as ciências úteis, ao contrário das inúteis. O produto de seu trabalho, mais que importantíssimo, é da essência do avanço do capitalismo e do poderio militar. É o tipo de profissional mais difícil de classificar na sociologia das castas.
Dinesh D'Souza não disse, mas os fundadores dos EUA, ao inverter a equação segundo a qual os brâmanes tinham todo o status e os empresários não eram lá bem vistos, eram de segunda classe, de terceira, no caso, ao inverter esse modelo, sem deixar no entanto de investir na espiritualização de seu empresariado, seja na rotina dominical de ir à igreja, de frequentar uma maçonaria leal a seus propósitos de devoção ao espírito, seja na generosidade comum de bater à porta do vizinho e perguntar como ele vai, eles, pelo cultivo dessas virtudes, permitiram de quebra a desproletarização dos shudras. Segundo o princípio da irmandade dos homens, ignorante e bárbaro, embora, esse homem que trabalha para mim é um irmão, que pode e deve ser educado. E uma vez educado pode se alçar como um vaixa de pleno direito. Se não se lançar, poderá contribuir para o conforto material da sociedade poupando aquilo que não precisa consumir.* Poderá, sobretudo, ser uma cidadão pacato e bom, ciente de seus deveres perante Deus e os homens.
No Brasil, a atividade industrial de pequenos empreendedores desenvolvia-se subterrânea, longe da atenção de políticos e intelectuais, que só quiseram enxergar a ação comercial de latifundiários, seja para apoiá-la ou criticá-la do ponto de vista nacional-desenvolvimentista, que não notava que a alternativa industrial estava a mão e não dependeria do fortalecimento do governo. Se a notavam, descartavam-na como atividade reles no momento mesmo em que no antigo continente o capitalismo ganhava status aristocrático, embora, lá como cá, preconceitos tenham continuado.**
Direi mais: a única saída para a nossa época planetária capitalista é a espiritualização dos vaixas, é que o motor principal de sua atividade seja melhorar a vida do próximo ao invés de enriquecer. Sei que liberais vão chiar, mas, fazer o quê? Elites devem ser responsáveis, devem saber que sua riqueza foi adquirida por um homem em meio a homens.
O proletariado mental e a servidão voluntária continuam, porém. Só vão ser abolidos se o homem, além de investir nos bens do espírito, começar a selecionar seus semelhantes, sim, estou falando de eugenia, como isso será feito, não me arrisco a dizer, apresentem-se geneticistas e biólogos. Dava para começar esterilizando doentes mentais, algo que a época de glorificação da patologia sentirá como um escândalo.
* Nos anos 70, Peter Drucker notou que os principais fundos de investimentos eram de trabalhadores. Poupando, o trabalhador pode emprestar a juros baixos para que o empreendedor pegue o invento de um cientista e o acabe num produto cuja utilidade consegue mostrar e disponibilizar a um monte de gente.
** Com todos os vícios do bárbaro que aportou em nossas terras, o brasileiro tem um sentimento de aventura que, educado como vontade de descoberta do desconhecido, ao invés de caotizado como compulsão, deve ser incentivado, não tolhido.
quarta-feira, janeiro 15, 2014
A fatia do bolo, o jogo de soma zero, o virtuoso e a autoridade
"Most economic fallacies derive from the tendency to assume that there is a fixed pie, that one party can gain only at the expense of another." -- Milton Friedman
A teoria econômica socialista adverte que economia é um jogo de soma zero, que ter muito significa que alguém tem pouco.
Esse raciocínio está certo, por um lado, e por outro, errado.
Por quê?
Como já dissemos, dinheiro é um direito. A reunião de todos os direitos significa o direito de aquisição de todos os bens à venda. Ora, quem tem uma porção maior desse todo, tem direito a adquirir mais bens. Ele tem direito a adquirir uma fatia maior do bolo, o que equivale a dizer que outra pessoa terá uma fatia menor. Maior e menor são conceitos correlativos perfeitamente aplicáveis ao caso.
A economia seria, portanto, um jogo de soma zero. Alguém tem mais porque outro tem menos.
Mas, qualquer troca voluntária de bens implica um ganho de satisfação. Ninguém troca dez por nove, como dizia Donald Stewart. Ou seja, ninguém vai trocar, ou doar, algo, se não for para aumentar seu grau de satisfação, seja material ou moral. A idéia do melhor, que permeia toda atitude humana, nas trocas voluntárias está presente de maneira bilateral. Alguém quer trocar comigo uma maçã por uma laranja porque vai se satisfazer mais com uma laranja. Se eu achar que uma maçã vale mais para mim do que uma laranja, eu troco, se não, nada feito.
As trocas voluntárias implicam necessariamente um jogo de soma positiva. Ambos saem, a seus olhos, ganhando. O historiador brasileiro costuma achar que o português que dava espelhinhos em troca de informações sobre a localização do ouro estava explorando o índio. Mas o índio não pensava assim. Ouro, para ele, não valia muita coisa. Do ponto de vista de cada um, e mesmo que cada um achasse o outro um otário, houve um ganho mútuo de satisfação.
Só faz sentido falar em bolo quando se pensa em dinheiro, em direito. Porque o dinheiro absorveu em si todas as possibilidades de troca. Ele categorizou a troca, universalizou-a como compra-e-venda. Por isso o o dono do dinheiro pode adquirir bens por definir, os quais, enquanto indefinidos, enquanto bens, genericamente, se podem simbolizar como um bolo. O dinheiro dá a sensação de que o bolo é dado, embora seja preparado. Direitos dão a sensação de ser grátis.
No exemplo que usamos antes, a pessoa que troca uma maçã pode, lá atrás, ter pego a semente de uma maçã caída, plantado uma macieira, cuidado dela, até que desse frutos, os quais, agora, satisfeita sua vontade de comer maçãs, entrega as muitas que ainda tem de bom grado a outras pessoas em troca de um pedaço do bolo. Há um fundamento moral para que esse vendedor de maçãs tenha direito a um pedaço do bolo. Se ele produziu e vendeu, não algumas dúzias de maçãs, mas boas e grandes safras, se com elas ainda fez geléias que caíram no gosto de alguns, ou de muitos, tanto melhor, mais ele satisfez o próximo e mais justo é que tenha uma fatia de bolo maior.
A semente que nosso colega do exemplo pegou para plantar sua primeira macieira ele a achou caída. Todo e qualquer bem material tem origem física numa matéria, num recurso natural que ninguém criou. "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma." Esse recurso material não é de ninguém. Isso significa que, para que alguém o use, é preciso que ele lhe seja assinalado por um autoridade, a ser exercida por mútuo consentimento, pela mera força, etc, tanto faz para o que queremos dizer. Se alguém estava sentindo falta de que mencionássemos governo, ordem, etc, aqui está. A propriedade precisa de uma autoridade que a garanta, a definição de propriedade é precisamente essa, faculdade garantida de usar algo mesmo que outra pessoa a reclame para si.
Se definimos, de maneira subjetivíssima*, o direito como a faculdade de agir não sujeita a uma coação posterior, a única ação que poderia ser considerada um direito que nenhum homem tem a capacidade de destruir por completo, é o pensamento espiritual. O homem pode sofrer lavagem cerebral, pode ser reduzido a um estado vegetativo por outro homem, pode ser morto, mas a cidadela do espírito sobrevive, continua. Aqui chega o poder da casta político-militar. Daqui em diante só o poder da genuína casta intelecto-espiritual tem acesso. Ela, porém, não age pela força física, pela intimidação mental, age pela atração do espírito. O único direito, portanto, que não dependeria de autoridade física alguma, é esse. Todos os outros, sim.
Bom, e o que isso tem a ver com o governo? Tem a ver que os recursos naturais, por não serem de ninguém, os quais nenhum homem criou, deverão ser assinalados a cada qual por uma autoridade; trata-se de uma incipiente justiça distributiva de Aristóteles.**
O que isso significa eu não sei, também não sei se deve alguém se sentir devedor porque o fruto de seu trabalho foi antes semente que achou. Mas ser grato à ordem política no qual a semente que achou, as árvores que plantou e cuidou, podem ser suas, e não de ninguém, não é mal algum.
Voltando ao bolo, e sobre a epígrafe desse texto, é muito fácil perceber que, embora seja sempre um, ele não tem o mesmo tamanho nem qualidade em todos os momentos. Quanto mais e melhor, ou menos e pior, se produz***, melhores, ou piores, serão os ingredientes e o cozinheiro do bolo.
Usando a metáfora caríssima de ministros petistas, se virmos o filme, não apenas a foto, a fatia de bolo pode hoje ter um tamanho bem diferente do que tinha noutro período. Minha fatia poderá continuar maior que a de outros, mas a deles pode ter crescido bastante, pode estar muito grande. É por isso que um canadense pobre pode ter um padrão de vida que muitos brasileiros remediados sonhariam em ter.
No exemplo que usamos antes, a pessoa que troca uma maçã pode, lá atrás, ter pego a semente de uma maçã caída, plantado uma macieira, cuidado dela, até que desse frutos, os quais, agora, satisfeita sua vontade de comer maçãs, entrega as muitas que ainda tem de bom grado a outras pessoas em troca de um pedaço do bolo. Há um fundamento moral para que esse vendedor de maçãs tenha direito a um pedaço do bolo. Se ele produziu e vendeu, não algumas dúzias de maçãs, mas boas e grandes safras, se com elas ainda fez geléias que caíram no gosto de alguns, ou de muitos, tanto melhor, mais ele satisfez o próximo e mais justo é que tenha uma fatia de bolo maior.
A semente que nosso colega do exemplo pegou para plantar sua primeira macieira ele a achou caída. Todo e qualquer bem material tem origem física numa matéria, num recurso natural que ninguém criou. "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma." Esse recurso material não é de ninguém. Isso significa que, para que alguém o use, é preciso que ele lhe seja assinalado por um autoridade, a ser exercida por mútuo consentimento, pela mera força, etc, tanto faz para o que queremos dizer. Se alguém estava sentindo falta de que mencionássemos governo, ordem, etc, aqui está. A propriedade precisa de uma autoridade que a garanta, a definição de propriedade é precisamente essa, faculdade garantida de usar algo mesmo que outra pessoa a reclame para si.
Se definimos, de maneira subjetivíssima*, o direito como a faculdade de agir não sujeita a uma coação posterior, a única ação que poderia ser considerada um direito que nenhum homem tem a capacidade de destruir por completo, é o pensamento espiritual. O homem pode sofrer lavagem cerebral, pode ser reduzido a um estado vegetativo por outro homem, pode ser morto, mas a cidadela do espírito sobrevive, continua. Aqui chega o poder da casta político-militar. Daqui em diante só o poder da genuína casta intelecto-espiritual tem acesso. Ela, porém, não age pela força física, pela intimidação mental, age pela atração do espírito. O único direito, portanto, que não dependeria de autoridade física alguma, é esse. Todos os outros, sim.
Bom, e o que isso tem a ver com o governo? Tem a ver que os recursos naturais, por não serem de ninguém, os quais nenhum homem criou, deverão ser assinalados a cada qual por uma autoridade; trata-se de uma incipiente justiça distributiva de Aristóteles.**
O que isso significa eu não sei, também não sei se deve alguém se sentir devedor porque o fruto de seu trabalho foi antes semente que achou. Mas ser grato à ordem política no qual a semente que achou, as árvores que plantou e cuidou, podem ser suas, e não de ninguém, não é mal algum.
Voltando ao bolo, e sobre a epígrafe desse texto, é muito fácil perceber que, embora seja sempre um, ele não tem o mesmo tamanho nem qualidade em todos os momentos. Quanto mais e melhor, ou menos e pior, se produz***, melhores, ou piores, serão os ingredientes e o cozinheiro do bolo.
Usando a metáfora caríssima de ministros petistas, se virmos o filme, não apenas a foto, a fatia de bolo pode hoje ter um tamanho bem diferente do que tinha noutro período. Minha fatia poderá continuar maior que a de outros, mas a deles pode ter crescido bastante, pode estar muito grande. É por isso que um canadense pobre pode ter um padrão de vida que muitos brasileiros remediados sonhariam em ter.
O fato de querer satisfazer o próximo, para que ele aceite trocar comigo o que eu quero, incrementa a qualidade do bolo, se não seu tamanho.
Na fábula, alguém terá uma fatia maior do bolo porque contribuiu melhor na sua preparação, porque produziu mais e com maior êxito de satisfação das necessidades alheias. As suas necessidades ele buscará agora no bolo, ele que tantas fatias já assou e entregou.
Alguém é mais amado quanto mais amável se mostra.
* Subjetivíssima porque não considera a relação homem a homem, ignora-a por princípio.
** "Os seres de livre-arbítrio que se consideram iguais, a menos que mutuamente se entendam como sujeitos a alguma supra-soberania, ou alguma autoridade sobre e acima deles próprios, mais cedo ou mais tarde serão tentados a experimentar a sua capacidade de ganhar poder e autoridade sobre as outras pessoas e grupos. O conceito de igualdade nunca traz a paz, exceto no caso do reconhecimento mútuo de alguma influência supracontroladora da supra-soberania."
* Essa produção deve ter algum êxito de satisfação própria ou alheia. Fazer algo que ninguém deseje, por exemplo, construir uma máquina que ainda não funcione, que seu dono jogará fora, embora mantenha o projeto, essa máquina não é um bem que satisfaz ninguém, ela não faz parte do bolo.
* Subjetivíssima porque não considera a relação homem a homem, ignora-a por princípio.
** "Os seres de livre-arbítrio que se consideram iguais, a menos que mutuamente se entendam como sujeitos a alguma supra-soberania, ou alguma autoridade sobre e acima deles próprios, mais cedo ou mais tarde serão tentados a experimentar a sua capacidade de ganhar poder e autoridade sobre as outras pessoas e grupos. O conceito de igualdade nunca traz a paz, exceto no caso do reconhecimento mútuo de alguma influência supracontroladora da supra-soberania."
* Essa produção deve ter algum êxito de satisfação própria ou alheia. Fazer algo que ninguém deseje, por exemplo, construir uma máquina que ainda não funcione, que seu dono jogará fora, embora mantenha o projeto, essa máquina não é um bem que satisfaz ninguém, ela não faz parte do bolo.
domingo, janeiro 05, 2014
A surpresa de Jesus
Uma passagem curiosa do LU é quando Jesus, embora já sabendo quem é, de onde vem, não domina ainda totalmente o uso de seus poderes. Ele fica surpreso com o que é capaz de acontecer. Num lapso de segundo desejou algo, não decidiu, simplesmente desejou, que, pronto, se realizou.
Foi no casamento em Caná.
"O pai do noivo havia providenciado bastante vinho para todos os convidados listados para a festa do casamento, mas como poderia imaginar que o casamento do seu filho iria transformar-se em um evento tão intimamente ligado à esperada manifestação de Jesus como o Libertador messiânico? Ele estava encantado de ter a honra de poder contar com o célebre galileu entre os seus convidados, mas, antes que a ceia do casamento tivesse terminado, os serviçais trouxeram a ele a notícia desconcertante de que estava faltando vinho. No momento em que a ceia formal havia acabado e os convivas estavam perambulando no jardim, a mãe do noivo confidenciou a Maria que o suprimento de vinho tinha acabado. E Maria confiantemente disse: “Não te preocupes — vou falar com o meu filho. Ele vai ajudar-nos”. E assim ela ousou falar-lhe, apesar da reprovação de poucas horas antes.
Durante um período de muitos anos, Maria sempre se voltara a Jesus para pedir-lhe ajuda em cada crise da vida de seu lar, em Nazaré, e por isso era tão natural para ela pensar nele nesse momento. Essa mãe ambiciosa, entretanto, tinha ainda outros motivos para apelar ao seu filho mais velho nessa ocasião. Jesus estava sozinho, em um canto do jardim, e sua mãe aproximou-se dele dizendo: “Meu filho, eles não têm mais vinho”. E Jesus respondeu: “Minha boa mulher, o que tenho eu a ver com isso?” E Maria disse: “Mas eu acredito que a tua hora é chegada; não podes ajudar-nos?” Jesus replicou: “De novo eu declaro que não vim para fazer nada nesse sentido. Por que me perturbas de novo com essas questões?” E então, desmanchando-se em lágrimas, Maria suplicou: “Mas, meu filho, eu prometi a eles que tu irias ajudar-nos; por favor, farás alguma coisa por mim?” E então Jesus falou: “Mulher, por que tinhas de fazer tais promessas? Que não as faças de novo. Em todas as coisas devemos aguardar a vontade do Pai nos céus”.
Maria, a mãe de Jesus, ficou abatida, atordoada mesmo! Enquanto ela permanecia ali, imóvel diante dele, com as lágrimas caindo em seu rosto, o coração humano de Jesus ficou dominado de compaixão pela mulher que o tinha concebido na carne; e, inclinando-se para a frente, ele colocou a sua mão ternamente na cabeça dela, dizendo: “Espera, espera, Mãe Maria, não sofras pelas minhas palavras aparentemente duras, pois eu já não te disse muitas vezes que eu vim apenas para cumprir a vontade do Pai celeste? Eu faria de bom grado o que me pediste, se fosse uma parte da vontade do Pai” — e Jesus logo parou, hesitando. Maria pareceu sentir que alguma coisa estava acontecendo. Num pulo, ela jogou os braços em volta do pescoço de Jesus, beijou-o e correu para a sala dos serviçais, dizendo: “Fazei o que quer que o meu filho tenha pedido”. Contudo, Jesus não havia dito nada. Mas agora ele compreendia que havia já dito demais — ou melhor, que havia imaginado — , desejando por demais.
Maria dançava de júbilo. Ela não sabia como o vinho seria produzido, mas confiante acreditava que finalmente conseguira persuadir o seu primeiro filho a afirmar a sua autoridade, a ousar dar um passo adiante e reivindicar a sua posição, e a exibir o seu poder messiânico. E, por causa da presença e da coligação de certos poderes e personalidades do universo, das quais todos os presentes ignoravam totalmente, ela não ficaria decepcionada. O vinho, que Maria desejara e que Jesus, o Deus-homem, fez por aspirar humana e compassivamente, estava sendo produzido.
À mão estavam seis grandes potes de pedra, cheios de água, em cada um cabendo quase oitenta litros. Essa água estava ali para ser usada nas cerimônias da purificação final da celebração do casamento. A agitação dos serviçais por causa desses vasos imensos de pedra, sob o comando ativo da sua mãe, atraiu a atenção de Jesus que, indo até lá, observou que eles estavam tirando vinho delas, com jarras repletas.
Gradativamente Jesus tomava consciência do que acontecera. De todos aqueles que estavam presentes à festa de casamento de Caná, Jesus era o mais surpreso. Os outros vinham aguardando que ele fizesse algo prodigioso, mas isso era exatamente o que ele tinha como propósito não fazer. E, então, o Filho do Homem lembrou-se da advertência que o seu Ajustador Personalizado do Pensamento lhe tinha feito nas colinas. Ele lembrou-se de como o Ajustador o havia prevenido sobre a incapacidade, que qualquer poder ou personalidade tinha, de privá-lo das suas prerrogativas de criador, na independência do tempo. Nessa ocasião, os transformadores do poder, os seres intermediários e todas as outras personalidades imprescindíveis estavam reunidos perto da água e de outros elementos necessários e, em presença do desejo expresso do Soberano Criador do Universo, não havia como evitar o aparecimento instantâneo do vinho. E essa ocorrência fez-se duplamente certa, pois o Ajustador Personalizado tinha sinalizado que a execução do desejo do Filho não era em nada uma contravenção à vontade do Pai."
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