quinta-feira, julho 16, 2009

Durante os anos 1980, o doutor Michael Persinger realizou experimentos no sentido de provar que a experiência religiosa derivava de estímulos cerebrais. Os pesquisados de Persinger foram sujeitos a estímulos magnéticos e responderam com a sensação de presenças etéreas.

Nos anos 2000, o doutor Pehr Granqvist resolveu tirar a limpo o experimento de Persinger. Ele melhorou as condições da pesquisa de Persinger por não comunicar aos controladores do experimento qual era o seu intuito. Sendo assim, eles não puderam influenciar os experimentados sobre o resultado.*

Granqvist publicou seus resultados na revista Neuroscience Letters. O resumo de seu trabalho aponta que "características de personalidade indicativas de sugestionabilidade (absorção, sinais de atividade anormal do lobo temporal e um tipo de vida à la "nova era") foram usados como vaticinantes. A sensação de uma presença, experiências místicas e outras experiências somato-sensitivas identificadas previamente à estimulação do campo magnético foram medidas de resultado. Não encontramos qualquer evidência sobre efeitos provocados pelos campos magnéticos, tanto no grupo como um todo, quanto nos indivíduos sugestionabilíssimos. Dado que os traços de personalidade indicaram de modo significativo os resultados, a sugestionabilidade pode explicar os efeitos anteriormente anunciados. Nossos resultados questionam com veemência as afirmações sobre os efeitos da experiência dos campos magnéticos fracos."

Persinger sugeriu que Granqvist não produzira os estímulos cerebrais pelo tempo apropriado, ao que Granqvist treplicou que Persinger já dissera que bastavam cinco minutos de contato com os campos magnéticos para que as pessoas desenvolvessem experiências místicas, enquanto ele as expôs pelo tempo de quinze minutos.

......

Eu, que fiquei sabendo desses estudos através de um anime chamado Ghost Hound, o qual inclusive cheguei a indicar aqui, devo dizer que fiquei decepcionado com o doutor Persinger. A fé dos que não têm fé, se não remove montanhas, pode remover veleidades metodológicas.


*Esta modalidade de pesquisa chama-se de "duplamente cega", porque nem os experimentados nem os controladores do experimento sabem sobre o seu cunho.

2 comentários:

emersonbaldi@gmail.com disse...

Aparentemente, com a mesma rapidez que você acreditou em Persinger, acreditou em Pehr Granqvist e se "decepcionou" com Michael Persinger. Calma... essa polêmica faz parte da pesquisa científica. Não se sabe (eu pelo menos não sei) qual dos dois estão mais próximos da verdade, mas se pesquisar na internet vai ver que esse assunto ainda é muito controvertido.

Danielhenlou disse...

Olá, Emerson, obrigado por seu comentário. De fato, eu me decepcionara com o senhor Michael Persinger, mas, como você disse, talvez tenha me precipitado, continuando o assunto em aberto ainda.

De qualquer maneira, sei que a experiência religiosa vai muito além de meros estímulos cerebrais.O experimento de Persinger pode no máximo demonstrar que determinados estados místicos envolvam alguns condicionamentos cerebrais. Mas a fé não se resume a mística; aliás, nem a melhor mística pode ser explicada como um estado alterado de consciência semelhante ao que se experimenta utilizando drogas.

Digamos que a hipótese seja confirmada, mesmo assim, quem passar a acreditar que Deus é uma construção da mente cometerá o erro clássico do cientista que, por conhecer bem sua área, imagina que sabe tudo o que se encontra fora dela.

Até a próxima.