A linda jornalista Claudia Gurisatti apresenta o telejornal La Noche, na tv colombiana, onde senta o pau nos ditadores Chávez, Rafael Corrêa e Daniel Ortega. Baixe e veja um programa aqui.
quinta-feira, setembro 25, 2008
quarta-feira, setembro 24, 2008
As vinhas da ira
Na parábola contada por Jesus sobre os trabalhadores na vinha, em Mateus 20, 1-16, duas lições vêm à mente:
A primeira é que não por estar há mais tempo seguindo os passos do Pai Celestial se possui mais direitos que o recém-chegado. É uma lição semelhante à do filho mais velho, o qual, mesmo por sempre ter sido fiel a seu pai, não deve reclamar pela festa que este faz quando o filho pródigo volta arrependido.
A segunda é uma defesa do liberalismo econômico, do respeito ao contrato. Não é porque o outro assalariado trabalhou menos que que ele deve receber menos. O que importa é o pacto entre o empregador e o empregado. Cada qual tem seu contrato.
Transcrevo a íntegra da passagem bíblica:
'Porque o reino dos céus é semelhante a um dono de casa que saiu de madrugada para assalariar trabalhadores para a sua vinha. E, tendo ajustado com os trabalhadores um denário por dia, mandou-os para a vinha. Saindo pela terceira hora, viu, na praça, outros que estavam desocupados e disse-lhes: Ide vós também para a vinha, e vos darei o que for justo. Eles foram. Tendo saído outra vez, perto da hora sexta e da nona, procedeu da mesma forma, e, saindo por volta da hora undécima, encontrou outros que estavam desocupados e perguntou-lhes: Por que estivestes aqui desocupados o dia todo? Responderam-lhe: Porque ninguém nos contratou. Então, lhes disse ele: Ide também vós para a vinha. Ao cair da tarde, disse o senhor da vinha ao seu administrador: Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, começando pelos últimos, indo até os primeiros. Vindo os da hora undécima, recebeu cada um deles um denário. Ao chegarem os primeiros, pensaram que receberiam mais; porém também estes receberam um denário cada um. Mas, tendo-o recebido, murmuravam contra o dono da casa, dizendo: Estes últimos trabalharam apenas uma hora; contudo, os igualaste a nós, que suportamos a fadiga e o calor do dia. Mas o proprietário, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço injustiça; não combinaste comigo um denário? Toma o que é teu e vai-te; pois quero dar a este último tanto quanto a ti. Porventura, não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom? Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos [porque muitos são chamados, mas pouco escolhidos].'
Créditos para o padre José Roberto, da Igreja Nossa Senhora da Ressurreição, no bairro de Ipanema, Rio de Janeiro, que fez sua homilia explicando o significado da passagem bíblica.
Da segunda lição, porém, ele nada disse, fui eu que concluí assim.
A primeira é que não por estar há mais tempo seguindo os passos do Pai Celestial se possui mais direitos que o recém-chegado. É uma lição semelhante à do filho mais velho, o qual, mesmo por sempre ter sido fiel a seu pai, não deve reclamar pela festa que este faz quando o filho pródigo volta arrependido.
A segunda é uma defesa do liberalismo econômico, do respeito ao contrato. Não é porque o outro assalariado trabalhou menos que que ele deve receber menos. O que importa é o pacto entre o empregador e o empregado. Cada qual tem seu contrato.
Transcrevo a íntegra da passagem bíblica:
'Porque o reino dos céus é semelhante a um dono de casa que saiu de madrugada para assalariar trabalhadores para a sua vinha. E, tendo ajustado com os trabalhadores um denário por dia, mandou-os para a vinha. Saindo pela terceira hora, viu, na praça, outros que estavam desocupados e disse-lhes: Ide vós também para a vinha, e vos darei o que for justo. Eles foram. Tendo saído outra vez, perto da hora sexta e da nona, procedeu da mesma forma, e, saindo por volta da hora undécima, encontrou outros que estavam desocupados e perguntou-lhes: Por que estivestes aqui desocupados o dia todo? Responderam-lhe: Porque ninguém nos contratou. Então, lhes disse ele: Ide também vós para a vinha. Ao cair da tarde, disse o senhor da vinha ao seu administrador: Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, começando pelos últimos, indo até os primeiros. Vindo os da hora undécima, recebeu cada um deles um denário. Ao chegarem os primeiros, pensaram que receberiam mais; porém também estes receberam um denário cada um. Mas, tendo-o recebido, murmuravam contra o dono da casa, dizendo: Estes últimos trabalharam apenas uma hora; contudo, os igualaste a nós, que suportamos a fadiga e o calor do dia. Mas o proprietário, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço injustiça; não combinaste comigo um denário? Toma o que é teu e vai-te; pois quero dar a este último tanto quanto a ti. Porventura, não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom? Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos [porque muitos são chamados, mas pouco escolhidos].'
Créditos para o padre José Roberto, da Igreja Nossa Senhora da Ressurreição, no bairro de Ipanema, Rio de Janeiro, que fez sua homilia explicando o significado da passagem bíblica.
Da segunda lição, porém, ele nada disse, fui eu que concluí assim.
segunda-feira, setembro 15, 2008
Dica de filme
Vejam o filme Contos de Nova Iorque, que traz três histórias dos diretores Martin Scorcese, Francis Ford Coppola e Woody Allen. Os curtas revezam-se num crescendo de qualidade. O último, Édipo arrasado, de Woody Allen, é demais.
sábado, setembro 13, 2008
Os Desafinados, de Walter Lima Jr.
Esboço Crítico
por Anônima Veneziana
Apesar do elogio da crítica e do início promissor, Os Desafinados, novo filme de Walter Lima Jr., é uma decepção completa, sobretudo se considerarmos que o diretor e roteirista (o roteiro também é assinado por Suzana Macedo e Elena Soarez) desperdiçaram um belo elenco, um tema bom - de enorme apelo, ao tratar a Bossa Nova e o otimismo do fim dos Anos Dourados -, provavelmente um orçamento compatível, não encontrando enredo à altura. O filme é constrangedor e uma oportunidade perdida.
Os Desafinados cai brutalmente de ritmo quando deixa para segundo plano a carreira do simpático e bem humorado grupo musical e o acertado tom irreverente do início e investe em dramas pessoais sem a competência necessária, aventurando-se depois num drama político repleto de clichês - faltou um bom roteiro, repito. Nesse momento, o espectador nota a falha na escolha do elenco, principalmente no casal protagonista, dois grandes atores da nova geração, Rodrigo Santoro e Claudia Abreu, que não combinam e acabam por cair em desempenhos repleto de esquematismos, indignos da carreira de ambos. Certamente, não fizeram testes de câmera com os dois. Não necessariamente dois grandes e belos atores funcionam bem juntos. Foi o caso.
Outro grande equívoco é o clima francês do apartamento de Glória (personagem da Claudia Abreu) em plena Nova York, ainda que se possa justificar pelo fato de ela apresentar uma inclinação française e ter se refugiado em Paris tempos depois. Por que Nova York não pode ser Nova York? Será possível que afora o clube de jazz não poderiam mesclar traços da vida na big apple com personagens tipicamente brasileiros? Os únicos fatores que identificam os personagens como brasileiros são a língua e a música - ah, claro a saudade da rabada e da caipirinha (Ai meu Deus!). Figurino, cabelo, vinho, banho, cigarro, tudo em clima bem parisiense - o diretor nem parece brasileiro tantas são as referências francesas.
Os conflitos praticamente inexistem e quando aparecem são tratados preguiçosamente sem que o espectador esteja preparado para o que vem a seguir; eles caem de pára-quedas sobre sua cabeça. Simplesmente assim. Um exemplo disso é quando Glória descobre a existência de Luiza (Alessandra Negrini, que não merecia um personagem tão apagado), esposa plácida de Joaquim que está grávida esperando-o no Rio de Janeiro - uma fofa (com ironia, por favor)! O espectador desavisado já tinha se esquecido dela e provavelmente o próprio marido também. Uma cena curta de Joaquim conversando com um dos músicos da banda resolveria a questão da liaison.
Uma tendência irritante do cinema de hoje é enfeiar atores lindos, como Rodrigo e Alessandra. Só Claudia Abreu se salva. Santoro passa mais da metade do filme curvado. A lista de equívocos é imensa - ah, claro, tem de ter cenas de nudez e sexo e quase sempre gratuitas como a cena da banheira, mas isso a gente já sabe - mas vou apenas citar outro lamentável engano quando, lá pela metade do filme, tentam transformá-lo em drama político, aproveitando a história de Tenório Jr, músico desaparecido em Buenos Aires quando acompanhava Vinicius e Toquinho em temporada na cidade, para dar um fim ao pianista Joaquim (uma saída fácil para o fraco triângulo amoroso Joquim-Luiza-Gloria, quando o espectador inteligente se perguntava como seria resolvido o imbróglio). Os roteiristas fizeram um 3 em 1, uma colagem mal feita de vários filmes possíveis. Se a proposta ainda fosse uma versão para o cinema do experimento pós-moderno de Italo Calvino, em Se um viajante numa noite de inverno, a gente até engoliria. Mas nem isso. Uma pena.
...............
Comento:
Para complementar as críticas, a cena dos agentes americano de imigração é ridícula. Parecem os cassetas Fucker and Sucker. HAHAHA. Por fim, o filme que começou na linda praia do Rio de Janeiro terminou numa boate de strip-tese em Copacabana, em tom decadente e saudosista. O diretor se entrega.
Nada mais havendo a dizer sobre os estruturalismos, desconstrucionismos e pós-ismos (ou seriam possismos?), deixamos por encerrado esse esboço crítico dizendo que atores como Selton Mello (Dico) assim como o ator Artur Kohl, que representou o personagem Dico no presente, merecem filmes melhores para atuar (Boa Selton, a sua fala 'Entra lá, cara, tu é o pai.' é sensacional).
Apesar do elogio da crítica e do início promissor, Os Desafinados, novo filme de Walter Lima Jr., é uma decepção completa, sobretudo se considerarmos que o diretor e roteirista (o roteiro também é assinado por Suzana Macedo e Elena Soarez) desperdiçaram um belo elenco, um tema bom - de enorme apelo, ao tratar a Bossa Nova e o otimismo do fim dos Anos Dourados -, provavelmente um orçamento compatível, não encontrando enredo à altura. O filme é constrangedor e uma oportunidade perdida.
Os Desafinados cai brutalmente de ritmo quando deixa para segundo plano a carreira do simpático e bem humorado grupo musical e o acertado tom irreverente do início e investe em dramas pessoais sem a competência necessária, aventurando-se depois num drama político repleto de clichês - faltou um bom roteiro, repito. Nesse momento, o espectador nota a falha na escolha do elenco, principalmente no casal protagonista, dois grandes atores da nova geração, Rodrigo Santoro e Claudia Abreu, que não combinam e acabam por cair em desempenhos repleto de esquematismos, indignos da carreira de ambos. Certamente, não fizeram testes de câmera com os dois. Não necessariamente dois grandes e belos atores funcionam bem juntos. Foi o caso.
Outro grande equívoco é o clima francês do apartamento de Glória (personagem da Claudia Abreu) em plena Nova York, ainda que se possa justificar pelo fato de ela apresentar uma inclinação française e ter se refugiado em Paris tempos depois. Por que Nova York não pode ser Nova York? Será possível que afora o clube de jazz não poderiam mesclar traços da vida na big apple com personagens tipicamente brasileiros? Os únicos fatores que identificam os personagens como brasileiros são a língua e a música - ah, claro a saudade da rabada e da caipirinha (Ai meu Deus!). Figurino, cabelo, vinho, banho, cigarro, tudo em clima bem parisiense - o diretor nem parece brasileiro tantas são as referências francesas.
Os conflitos praticamente inexistem e quando aparecem são tratados preguiçosamente sem que o espectador esteja preparado para o que vem a seguir; eles caem de pára-quedas sobre sua cabeça. Simplesmente assim. Um exemplo disso é quando Glória descobre a existência de Luiza (Alessandra Negrini, que não merecia um personagem tão apagado), esposa plácida de Joaquim que está grávida esperando-o no Rio de Janeiro - uma fofa (com ironia, por favor)! O espectador desavisado já tinha se esquecido dela e provavelmente o próprio marido também. Uma cena curta de Joaquim conversando com um dos músicos da banda resolveria a questão da liaison.
Uma tendência irritante do cinema de hoje é enfeiar atores lindos, como Rodrigo e Alessandra. Só Claudia Abreu se salva. Santoro passa mais da metade do filme curvado. A lista de equívocos é imensa - ah, claro, tem de ter cenas de nudez e sexo e quase sempre gratuitas como a cena da banheira, mas isso a gente já sabe - mas vou apenas citar outro lamentável engano quando, lá pela metade do filme, tentam transformá-lo em drama político, aproveitando a história de Tenório Jr, músico desaparecido em Buenos Aires quando acompanhava Vinicius e Toquinho em temporada na cidade, para dar um fim ao pianista Joaquim (uma saída fácil para o fraco triângulo amoroso Joquim-Luiza-Gloria, quando o espectador inteligente se perguntava como seria resolvido o imbróglio). Os roteiristas fizeram um 3 em 1, uma colagem mal feita de vários filmes possíveis. Se a proposta ainda fosse uma versão para o cinema do experimento pós-moderno de Italo Calvino, em Se um viajante numa noite de inverno, a gente até engoliria. Mas nem isso. Uma pena.
...............
Comento:
Para complementar as críticas, a cena dos agentes americano de imigração é ridícula. Parecem os cassetas Fucker and Sucker. HAHAHA. Por fim, o filme que começou na linda praia do Rio de Janeiro terminou numa boate de strip-tese em Copacabana, em tom decadente e saudosista. O diretor se entrega.
Nada mais havendo a dizer sobre os estruturalismos, desconstrucionismos e pós-ismos (ou seriam possismos?), deixamos por encerrado esse esboço crítico dizendo que atores como Selton Mello (Dico) assim como o ator Artur Kohl, que representou o personagem Dico no presente, merecem filmes melhores para atuar (Boa Selton, a sua fala 'Entra lá, cara, tu é o pai.' é sensacional).
sexta-feira, setembro 12, 2008
Rússia cria uma Otan para a Asia central
Leia no blog darussia.blogspot.com, o qual é a melhor fonte de informação política sobre a Rússia que existe em português. Ao lado do Pacto de Xangai, organização de segurança que une os dois gigantes Rússia e China, entre outros, não parece haver disposição de entendimento entre Rússia e EUA, os dois inimigos da Guerra Fria. Somando-se a isso o apoio deliberado a países como a Venezuela e o Irã, a Rússia dá a clara indicação de que não pretende ser um poder de segundo plano. A Rússia jamais desistiu da idéia de ser a terceira Roma, a herdeira do império conquistado pelos bárbaros no primeiro milênio e em 1453 pelos turcos otomanos. A palavra czar em russo significa justamente césar. Os líderes da União Soviética nada mais fizeram do que liberar as forças destrutivas imperiais da Rússia despindo-a das peias morais cristãs. Depois do breve intervalo do fim da União Soviética e da confusão inicial que tal fato gerou, quando analistas do mundo inteiro, e não só comunistas, se viram órfãos do antigo esquema de poder bipolar da Guerra Fria, passado o governo Yeltsin, que foi 'esquecido' em favor do esquema de poder da antiga KGB, agora a Rússia retoma seu sonho imperial de conquistas.
O cadáver de Lenin nunca deixou o mausoléu da Praça Central e a figura de Stálin, depois do Congresso do PC do ano de 1954 que o condenou ao ostracismo acusando seus horrendos crimes, volta a ser reverenciada, tornando-se estátua inclusive.
O primeiro presidente dos EUA, George Washington, teve uma visão profética, contada pelo jornalista Wesley Bredshaw, ouvindo uma voz dizer-lhe que a União (EUA) passaria por três grandes perigos, sendo o terceiro o maior deles, mas que conseguiria vencê-los todos. Será o terceiro uma guerra aberta contra a Rússia?
O cadáver de Lenin nunca deixou o mausoléu da Praça Central e a figura de Stálin, depois do Congresso do PC do ano de 1954 que o condenou ao ostracismo acusando seus horrendos crimes, volta a ser reverenciada, tornando-se estátua inclusive.
O primeiro presidente dos EUA, George Washington, teve uma visão profética, contada pelo jornalista Wesley Bredshaw, ouvindo uma voz dizer-lhe que a União (EUA) passaria por três grandes perigos, sendo o terceiro o maior deles, mas que conseguiria vencê-los todos. Será o terceiro uma guerra aberta contra a Rússia?
segunda-feira, setembro 08, 2008
Frase
"No mundo real, quando você mata as pessoas, elas morrem."
Do filme Ameaça Virtual (2001), com Ryan Phillippe, Tim Robbins e Rachael L.Cook.
Do filme Ameaça Virtual (2001), com Ryan Phillippe, Tim Robbins e Rachael L.Cook.
sexta-feira, setembro 05, 2008
Pensamentos sobre o Tabagismo
por Tiago Ramos.
publicado em folhasdispersas.blogspot.com
Diante da crescente mobilização popular anti-tabagista promovida em diversos lugares no mundo, normalmente orquestrada com apoio institucional de governos e campanhas milionárias, envolvendo desde processos judiciais, filmes e programas de TV até aquelas manifestações do dia a dia feitas por particulares reprovando os fumantes por, ora, fumarem, achei por bem dedicar algumas linhas ao assunto. Trato aqui da argumentos mas também de minha experiência pessoal, que acho pertinente a fim de mostrar diversos aspectos do problema e a fim, também, de sair abertamente “do armário” em relação ao meu próprio hábito.
Sendo batista de criação, e tendo por pai um professor de educação física, tudo que ouvi sobre o tabaco fazia-me crer que fumar um cigarro era pior do que abraçar o satanás. É que crente em geral não se preocupa tanto com coisas como mentir um pouquinho, falar mal de alguém pelas costas (com as mais santas intenções), trapacear no imposto de renda, ou outras coisinhas assim, mas se você passar a mão na mulher do vizinho, der um “tapa no beiço” de vez em quando ou fumar o cigarro, ah... As portas do inferno se abrem diante de você, pérfido pecador! Assim tive todos os incentivos para não fumar (e igualmente não beber e não sair com a mulher de ninguém) - desde a ira relativamente contida do professor Gilberto até a fúria do Soberano, o Senhor - conforme o que me diziam. Levei muitos anos para descobrir que depois de fumar eu não houvera me tornado uma pessoa malvada. Ainda possuía muito amor e Jesus no coração (falo sério) e mais, percebia agora muito melhor como se formava o mecanismo do preconceito (sentido na pele), pois ao investigar o assunto, não vi nada no ato de fumar que contrariasse o cristianismo, mas pelo contrário, vi no fumante uma pessoa até mais tolerante na convivência com os outros.
Curiosamente, aquele entendimento de origem puritana – fumar seria coisa do diabo, bad, very bad - que acabou sendo reforçado pelas pesquisas daqueles mesmos cientistas do Reich alemão que usavam judeus como ratos de laboratório (a Alemanha nazista foi a primeira nação a combater abertamente o tabagismo por razões de saúde - estranha coincidência com nosso cenário político atual) é hoje, muitos anos passados, abraçado por pessoas adeptas da religião do saudável, do light, do bem estar, da harmonia; gente cuja perspectiva de felicidade, por tanto, está menos no céu do que nesta Terra - mais um padrão mental perigosíssimo - e está disposta a condenar não só ao inferno, mas a um confinamento domiciliar, às vezes nem sequer isso, todo aquele que incorre em um hábito que polua seus sonhos de um mundo perfeito. Essas pessoas confundem o hábito com o monge, ou melhor, o hábito de fumar (que consideram nojento) com a pessoa do fumante, que passam a considerar nojenta. Ora, uma pessoa nojenta deveria ficar mesmo em casa, trancafiada, pois sua visão causaria um dano estético irreparável no ambiente ao redor do não fumante, o cheiro do cigarro acabaria com o aroma do perfume delicioso do não fumante, e por aí vai...
Esse tipo de anti-tabagismo não é falso moralismo, é moralismo nenhum. Mais uma formidável ocasião na qual o psicológico atropela o lógico: considera-se imoral aquilo que é meramente contrário ao próprio gosto. Aquilo que incomoda o nariz passa a ser visto como falta de caráter, por como seria boa a pessoa que impõe tamanha pena sobre meu narizinho, acostumado com o ar puro das caminhadas sob o sol da manhã, ou o cheiro inebriante de incenso durante uma seção de Yoga, algo maravilhoso, cósmico, e o mais importante: oriental! Afinal aqueles orientais é que sabiam das coisas. Esse negócio de tradição ocidental de liberdade individual está estragando a cor da aura de muita gente... Assim, o sujeito não é só um fumante, é um canalha, e como toda a mídia passa a fazer coro com a opinião desses tipos, e tantos outros tenham achado por bem fazer coro com a opinião da mídia – afinal ninguém tem tempo para pensar quando se pode comprar as idéias numa banca de jornal (onde antes se podia comprar também cigarros) e o circo está montado: agora é só entregar os fumantes aos leões.
Com relação à concepção generalizada de que o cigarro deve ser banido por causa do dano provocado por fumo passivo, duas coisas podem ser ditas a respeito. A primeira é que ao contrário da crença popular, fumantes costumam ser pessoas educadas, fumam nas áreas para fumantes de restaurantes, não soltam baforadas nas caras dos bebês, se estão visitando alguém, perguntam antes se podem fumar no quintal ou na varanda, e por aí vai. Se alguém, no entanto, falta com a educação, a resposta mais simples é reclamar com a pessoa, não é chamar a polícia e aplicar uma multa! Nenhum ser humano normal precisa ser convencido pela lei a cumprir regras de boa educação (e sim, os fumantes são, para fins de direito, seres humanos normais). A segunda está publicada neste interessante artigo: http://www.data-yard.net/science/articles/lies.pdf o qual mostra o tipo de informação viciada que está alimentando o simulacro de moralismo dos anti-tabagistas.
Nossa sociedade mudou. Antes era puritana porque condenava o adultério e o hábito de beber. Agora estamos achando normal cantar a mulher alheia e vinho faz bem à saúde, de modo que está permitido. Fumar, no entanto, o único hábito que não altera seu estado mental e não implica em qualquer imoralidade está ficando proibido. Ao mesmo tempo, outras drogas são liberadas e, para meu grande espanto, as cruzadas moralizantes ainda são feitas contra o cigarro! É uma atitude mais que contra producente, é cretinice mesmo. Um exemplo de vítima dessa atitude é o príncipe dos pregadores, o reformado Charles Haddon Spurgeon, que fez o seguinte pronunciamento numa das ocasiões em que confrontado acerca de seu hábito de fumar charutos:
"Well, dear friends, you know that some men can do to the glory of God what to other men would be sin. And notwithstanding what brother Pentecost has said, I intend to smoke a good cigar to the glory of God before I go to bed to-night.
"If anybody can show me in the Bible the command, 'Thou shalt not smoke,' I am ready to keep it; but I haven't found it yet. I find ten commandments, and it's as much as I can do to keep them; and I've no desire to make them into eleven or twelve.
"The fact is, I have been speaking to you about real sins, not about listening to mere quibbles and scruples. At the same time, I know that what a man believes to be sin becomes a sin to him, and he must give it up. 'Whatsoever is not of faith is sin' [Rom. 14:23], and that is the real point of what my brother Pentecost has been saying.
"Why, a man may think it a sin to have his boots blacked. Well, then, let him give it up, and have them whitewashed. I wish to say that I'm not ashamed of anything whatever that I do, and I don't feel that smoking makes me ashamed, and therefore I mean to smoke to the glory of God."
In: Christian World, on September 25, 1874
Mudando um pouco a atenção do argumento para o problema teológico, que muito me preocupa ultimamente, devo lembrar que os argumentos do tipo “templo do espírito”, recomendando cuidado com o corpo ,baseiam-se normalmente no texto de I Corínthios 6:19-20. Se alguém é imbecil o suficiente para retirar esse texto do contexto e aplica-lo ao tabagismo, eu até posso perdoar ( se bem que já fui chamado de burro por que sou fumante, porém ao menos ainda sei ler...), mas creio que exista uma certa má-fé por parte daqueles que, mesmo com as melhores intenções, ignoram que a passagem começa no verso 12, e trata sobre imoralidade sexual, não sobre cigarros.
Os fumantes, espremidos entre evangélicos e seculares preocupados com os “pecados” alheios, estão suportando um mau bocado. Como já disse, fui chamado de burro por gente, francamente, muito mais burra do que eu. Já vi gente fazer cara feia para o meu cigarro mesmo estando a uma distância enorme. Assim sendo, mesmo um fumante cuidadoso acaba tendo contato direto com diversas amostras da estupidez humana, não em si mesmo, mas nos outros. Estou cada vez mais convencido de que falta amor no mundo...
publicado em folhasdispersas.blogspot.com
Diante da crescente mobilização popular anti-tabagista promovida em diversos lugares no mundo, normalmente orquestrada com apoio institucional de governos e campanhas milionárias, envolvendo desde processos judiciais, filmes e programas de TV até aquelas manifestações do dia a dia feitas por particulares reprovando os fumantes por, ora, fumarem, achei por bem dedicar algumas linhas ao assunto. Trato aqui da argumentos mas também de minha experiência pessoal, que acho pertinente a fim de mostrar diversos aspectos do problema e a fim, também, de sair abertamente “do armário” em relação ao meu próprio hábito.
Sendo batista de criação, e tendo por pai um professor de educação física, tudo que ouvi sobre o tabaco fazia-me crer que fumar um cigarro era pior do que abraçar o satanás. É que crente em geral não se preocupa tanto com coisas como mentir um pouquinho, falar mal de alguém pelas costas (com as mais santas intenções), trapacear no imposto de renda, ou outras coisinhas assim, mas se você passar a mão na mulher do vizinho, der um “tapa no beiço” de vez em quando ou fumar o cigarro, ah... As portas do inferno se abrem diante de você, pérfido pecador! Assim tive todos os incentivos para não fumar (e igualmente não beber e não sair com a mulher de ninguém) - desde a ira relativamente contida do professor Gilberto até a fúria do Soberano, o Senhor - conforme o que me diziam. Levei muitos anos para descobrir que depois de fumar eu não houvera me tornado uma pessoa malvada. Ainda possuía muito amor e Jesus no coração (falo sério) e mais, percebia agora muito melhor como se formava o mecanismo do preconceito (sentido na pele), pois ao investigar o assunto, não vi nada no ato de fumar que contrariasse o cristianismo, mas pelo contrário, vi no fumante uma pessoa até mais tolerante na convivência com os outros.
Curiosamente, aquele entendimento de origem puritana – fumar seria coisa do diabo, bad, very bad - que acabou sendo reforçado pelas pesquisas daqueles mesmos cientistas do Reich alemão que usavam judeus como ratos de laboratório (a Alemanha nazista foi a primeira nação a combater abertamente o tabagismo por razões de saúde - estranha coincidência com nosso cenário político atual) é hoje, muitos anos passados, abraçado por pessoas adeptas da religião do saudável, do light, do bem estar, da harmonia; gente cuja perspectiva de felicidade, por tanto, está menos no céu do que nesta Terra - mais um padrão mental perigosíssimo - e está disposta a condenar não só ao inferno, mas a um confinamento domiciliar, às vezes nem sequer isso, todo aquele que incorre em um hábito que polua seus sonhos de um mundo perfeito. Essas pessoas confundem o hábito com o monge, ou melhor, o hábito de fumar (que consideram nojento) com a pessoa do fumante, que passam a considerar nojenta. Ora, uma pessoa nojenta deveria ficar mesmo em casa, trancafiada, pois sua visão causaria um dano estético irreparável no ambiente ao redor do não fumante, o cheiro do cigarro acabaria com o aroma do perfume delicioso do não fumante, e por aí vai...
Esse tipo de anti-tabagismo não é falso moralismo, é moralismo nenhum. Mais uma formidável ocasião na qual o psicológico atropela o lógico: considera-se imoral aquilo que é meramente contrário ao próprio gosto. Aquilo que incomoda o nariz passa a ser visto como falta de caráter, por como seria boa a pessoa que impõe tamanha pena sobre meu narizinho, acostumado com o ar puro das caminhadas sob o sol da manhã, ou o cheiro inebriante de incenso durante uma seção de Yoga, algo maravilhoso, cósmico, e o mais importante: oriental! Afinal aqueles orientais é que sabiam das coisas. Esse negócio de tradição ocidental de liberdade individual está estragando a cor da aura de muita gente... Assim, o sujeito não é só um fumante, é um canalha, e como toda a mídia passa a fazer coro com a opinião desses tipos, e tantos outros tenham achado por bem fazer coro com a opinião da mídia – afinal ninguém tem tempo para pensar quando se pode comprar as idéias numa banca de jornal (onde antes se podia comprar também cigarros) e o circo está montado: agora é só entregar os fumantes aos leões.
Com relação à concepção generalizada de que o cigarro deve ser banido por causa do dano provocado por fumo passivo, duas coisas podem ser ditas a respeito. A primeira é que ao contrário da crença popular, fumantes costumam ser pessoas educadas, fumam nas áreas para fumantes de restaurantes, não soltam baforadas nas caras dos bebês, se estão visitando alguém, perguntam antes se podem fumar no quintal ou na varanda, e por aí vai. Se alguém, no entanto, falta com a educação, a resposta mais simples é reclamar com a pessoa, não é chamar a polícia e aplicar uma multa! Nenhum ser humano normal precisa ser convencido pela lei a cumprir regras de boa educação (e sim, os fumantes são, para fins de direito, seres humanos normais). A segunda está publicada neste interessante artigo: http://www.data-yard.net/science/articles/lies.pdf o qual mostra o tipo de informação viciada que está alimentando o simulacro de moralismo dos anti-tabagistas.
Nossa sociedade mudou. Antes era puritana porque condenava o adultério e o hábito de beber. Agora estamos achando normal cantar a mulher alheia e vinho faz bem à saúde, de modo que está permitido. Fumar, no entanto, o único hábito que não altera seu estado mental e não implica em qualquer imoralidade está ficando proibido. Ao mesmo tempo, outras drogas são liberadas e, para meu grande espanto, as cruzadas moralizantes ainda são feitas contra o cigarro! É uma atitude mais que contra producente, é cretinice mesmo. Um exemplo de vítima dessa atitude é o príncipe dos pregadores, o reformado Charles Haddon Spurgeon, que fez o seguinte pronunciamento numa das ocasiões em que confrontado acerca de seu hábito de fumar charutos:
"Well, dear friends, you know that some men can do to the glory of God what to other men would be sin. And notwithstanding what brother Pentecost has said, I intend to smoke a good cigar to the glory of God before I go to bed to-night.
"If anybody can show me in the Bible the command, 'Thou shalt not smoke,' I am ready to keep it; but I haven't found it yet. I find ten commandments, and it's as much as I can do to keep them; and I've no desire to make them into eleven or twelve.
"The fact is, I have been speaking to you about real sins, not about listening to mere quibbles and scruples. At the same time, I know that what a man believes to be sin becomes a sin to him, and he must give it up. 'Whatsoever is not of faith is sin' [Rom. 14:23], and that is the real point of what my brother Pentecost has been saying.
"Why, a man may think it a sin to have his boots blacked. Well, then, let him give it up, and have them whitewashed. I wish to say that I'm not ashamed of anything whatever that I do, and I don't feel that smoking makes me ashamed, and therefore I mean to smoke to the glory of God."
In: Christian World, on September 25, 1874
Mudando um pouco a atenção do argumento para o problema teológico, que muito me preocupa ultimamente, devo lembrar que os argumentos do tipo “templo do espírito”, recomendando cuidado com o corpo ,baseiam-se normalmente no texto de I Corínthios 6:19-20. Se alguém é imbecil o suficiente para retirar esse texto do contexto e aplica-lo ao tabagismo, eu até posso perdoar ( se bem que já fui chamado de burro por que sou fumante, porém ao menos ainda sei ler...), mas creio que exista uma certa má-fé por parte daqueles que, mesmo com as melhores intenções, ignoram que a passagem começa no verso 12, e trata sobre imoralidade sexual, não sobre cigarros.
Os fumantes, espremidos entre evangélicos e seculares preocupados com os “pecados” alheios, estão suportando um mau bocado. Como já disse, fui chamado de burro por gente, francamente, muito mais burra do que eu. Já vi gente fazer cara feia para o meu cigarro mesmo estando a uma distância enorme. Assim sendo, mesmo um fumante cuidadoso acaba tendo contato direto com diversas amostras da estupidez humana, não em si mesmo, mas nos outros. Estou cada vez mais convencido de que falta amor no mundo...
quinta-feira, setembro 04, 2008
Estrada para perdição
Michael Sullivan na cena em que mata John.
--Por que você ri?
--Porque essa merda toda é histérica.
Essa é a resposta de Connor Rooney, interpretado por Daniel Craig, a Peter, filho pequeno de Michael Sullivan, que Tom Hanks interpreta.
Depois de tentativa de intimidação que acabou em morte, percebendo que um filho de Michael Sullivan assistira ao evento, Connor Rooney decide matá-lo. Isso dá início a uma jornada que une pai e filho, Michael Sullivan e o garoto Michael Sullivan Jr. (Tyler Hoechlin), sobreviventes do massacre.
Michael Sullivan está decidido a vingar a morte do filho pequeno e da esposa. O pai de Connor, John Rooney, mafioso interpretado por Paul Newman, não está disposto a permitir. Embora tenha um carinho enorme por Michael e sinta muitíssimo a morte de sua família, John Rooney não pode permitir o sacrifício de seu filho. John ajudara Michael e empregava-o como capanga.
Michael e John antes do massacre
Um tema que não se esgota nos filmes de máfia é o sentimento verdadeiro do criminoso para com sua família. Ele quer o melhor para ela, embora não seja digno de pedir isso e receie pelo que ela venha se tornar. Nos filmes de máfia, o código de honra é sempre uma constante. É por isso que, como contraste, o bandido Coringa, rival do Batman, é um tipo extravagante. Ele não está em busca de dinheiro nem se submete a uma regra moral. Quer apenas ver o circo pegar fogo.
Uma das cenas mais marcantes do filme é quando John e Michael se encontram no sótão da Igreja. John diz a Michael:
--Você está me pedindo para sacrificar meu próprio filho e isso é algo que eu não posso fazer.
...
--Ninguém aqui vai para o céu, Michael. Só há assassinos nessa sala.
--Michael poderia.
--Então faça tudo que você pode para que ele consiga.
Noutra cena, quando Michael vai matá-lo, John diz:
--Estou feliz que seja você.
Acima, Michael Sullivan e Michael Sullivan Jr. almoçando.
Mais do que um filme de máfia, porém, Estrada para perdição é um filme sobre a relação entre pai e filho. Michael Sullivan e Michael Sullivan Jr. precisam viver uma relação próxima como jamais viveram dentro de casa. Em dado momento, o garoto pergunta ao pai:
--Você gostava mais de Peter do que de mim?
--Não, não. Peter era mais doce... E você era mais parecido comigo.
Michael alcança a vingança. A árdua tarefa da redenção, no entanto, é interrompida no meio do caminho por um algoz que o mata. Michael consegue porém que seu filho não trilhe o mesmo caminho que ele trilhou.
No fim, Michael Sullivan Jr. diz que, quando lhe perguntam se seu pai era um homem bom ou mau, ele apenas responde: "Ele era meu pai."
Pai e filho se abraçam
Assinar:
Postagens (Atom)