Ela incentivou culturalmente a criminalidade, cultuando tipos como o jovem criminoso rebelde que luta contra os ricos, o sistema, o capitalismo, e que deseja apenas se expressar ao cometer assassinatos e roubos. Ele é um herói que segue seus instintos contra o moralismo careta burguês.
Ao mesmo tempo, retirou os meios da população de se defender dos criminosos; concretamente, desarmou-a.
Junto com isso, neutralizou moralmente a polícia e os militares, medida que ia ao encontro da glorificação do crime, mas que tinha um propósito estratégico próprio.
A primeira estratégia tem também um efeito que realiza um desejo celerado e inconfessável da esquerda: eliminar os que considera indesejáveis, uma vez que as maiores vítimas da criminalidade sabidamente são pobres e negros. Este desejo histórico da esquerda, em Marx e Che Guevara, por exemplo, foi psicologicamente reprimido, mas retorna à superfície num lapso aqui, um deslize ali, para logo em seguida ser ocultado como acusação projetiva de racismo à sociedade em geral e a direitistas em particular. Neurotizam o desejo, ao invés de trabalharem sua sublimação.
Neutralizar moralmente a polícia e os militares não ajuda a dar o salto qualitativo rumo ao totalitarismo soviético, porque as ditaduras comunistas precisam ser sustentadas na tora. Esta é a sinuca de bico petista, que eles tentam sobrebor, por um lado retirando poder político dos militares, por outro seduzindo a cúpula carreirista com cargos e salários, na esperança de que a corporação, se não irá apoiá-los deliberadamente, pelo menos omita-se de intervir em qualquer ocasião; sem Anás, ao menos Pilatos.
Mesmo esta tática, porém, pode sair pela culatra, porque se os militares afirmam peremptoriamente que não interviriam, o povo pode se sentir mais encorajado a ocupar prédios públicos e tirar de sua poltrona Ricardo Lewandowski, dizendo-lhe: "Cai fora, o povo não quer você aqui, para você acabou".
O MST correria ao primeiro grito dos Gladiadores de Cristo, por exemplo. Mais preocupante seria uma invasão militar boliviano-venezuelana. Se isto acontecesse, ou os militares destruiriam os exércitos comunistas latino-americanos ou adeririam ao projeto da Pátria Grande. Em ambos os casos ficarão bem, no primeiro, com honra e poder político, no segundo, como burocratas montados em direitos especiais, embora odiados na surdina pela população.